sábado, 25 de julho de 2015

LEITURAS 2015 - XXV - O BARÃO DE LAVOS - ABEL BOTELHO


Livro escrito há mais de cem anos pelo escritor português Abel Botelho, foi publicado em 1891, com grande escândalo dado o tema abordado: o homossexualismo e a pedofilia.

Está considerado o primeiro livro publicado em Portugal sobre o tema. 
Atrevo-me a dizer que, em termos de conteúdo, dentro da mesma paridade literária, nada ficará a dever a "Lolita" de Vladimir Nabokov ou a "Morte em Veneza" de Thomas Man. 

É de uma linguagem nua e crua abordando o homossexualismo sem quaisquer rodeios tendo certamente, à data da publicação, provocado muito "barulho" já que a sociedade (monárquica) era dominada por um conservadorismo e clericalismo que não davam tréguas a qualquer liberdade que ultrapassasse os (bons) costumes da época. 

"O BARÃO DE LAVOS", homem de elite e da alta sociedade lisboeta, casado com Elvira, retrata a vida e queda de Sebastião, o Barão de Lavos, que se apaixona por um jovem vendedor de rua (Eugénio), rapaz de 16 anos sem eira nem beira nem quaisquer modos de educação.

Com o intuito de aprofundar a sua relação com o rapaz acolhe-o (cedendo-lhe uma das suas casas, na Rua da Rosa, com criada para o servir, cama, (boa) mesa e roupa lavada) e educa-o nas artes e convenções da alta sociedade de modo a integrá-lo nos círculos sociais da elite lisboeta. Só que a sua paixão cega, ignora todos os riscos e perigos que lhe irá trazer esta vida de pederasta. 
Assim, na pessoa da sua paixão (Eugénio) se revelarão os mais baixos sentimentos mostrando a torpeza e indignidade a que a ganância poderá conduzir alguns seres humanos.

Elvira, sua mulher, acaba por traí-lo com Eugénio, tudo se começando a desmoronar e a queda de Sebastião dá-se a pique, caindo (com o seu vício pederasta) na mais extrema miséria acabando a vegetar na lama e no lixo das ruas de Lisboa entre toda a bandidagem, gente da pior espécie e a maior escumalha das profundezas da capital do reino.  
 1855 - Tabuaço (Viseu) - 1915 Buenos Aires (Argentina)


3 comentários:

  1. Tens a sorte de ter o tempo todo, do resto da tua vida, para poderes ler o que bem te apetecer.

    ResponderEliminar
  2. Devo confessar que actualmente não leio nem mais nem menos do que quando não tinha o tempo todo. Quem gosta (mesmo) de ler arranja sempre tempo, a falta dele é apenas (mais) uma desculpa.

    ResponderEliminar
  3. Contudo, bem sei que o teu caso (de algum impedimento) nem será a falta de tempo (apesar de o não teres em excesso),

    ResponderEliminar