domingo, 31 de maio de 2015

LIVROS DE UMA VIDA - "A FILHA DO COVEIRO" - JOYCE CAROL OATES


JOYCE CAROL OATES  -  EUA  1938


Este foi um livro que me prendeu desde a primeira página, li-o há não mais de dois anos, é um livro onde a degradação do ser humano atinge momentos incríveis.
Em 1936 a família Schawart chega aos Estados Unidos fugindo da Alemanha nazi e instalam-se numa pequena cidade do estado de Nova Iorque. O pai, antigo professor de liceu, vê-se obrigado a aceitar o único trabalho que encontra disponível: coveiro e guarda de um cemitério. 
Os prejuízos e a fragilidade emocional da família conduzirão a uma terrível tragédia, e Rebecca, a filha do coveiro, começa então a surpreendente peregrinação pela América, uma odisseia arriscada repleta de erotismo e audácia. 

Uma obra-prima que me deslumbrou com personagens de uma crueza que nos faz abrir os olhos de espanto.

Extraordinário livro que, sem dúvida, é um dos livros de uma vida. 
Uma escritora absolutamente arrebatadora. A não perder.  




sexta-feira, 29 de maio de 2015

FRANÇOISE HARDY E O NOBEL DA LITERATURA




Françoise Hardy e Patrick Modiano (Prémio Nobel da Literatura 2014)
Françoise Hardy conheci-a há mais de quarenta anos e ainda hoje a oiço com um agrado inultrapassável mas o efeito nostálgico é demasiado..., Patrick Modiano conheci-o há meses, li um livro dele mas, sinceramente, não gostei mesmo nada do que li, um daqueles pastéis que se enrolam, enrolam, enrolam...

domingo, 24 de maio de 2015

LEITURAS 2015 - XVII - "MAZAGRAN" - J. RENTES DE CARVALHO


Foi de J. RENTES DE CARVALHO o último livro que acabei de ler -"MAZAGRAN-Recordações & outras fantasias", um livro de pequenas e simples histórias de vida que, aqui e ali, foram acontecendo com este excelente escritor português, uma das mais estimulantes descobertas dos últimos anos.

Este livro, que reúne cartas, artigos de jornal e outros escritos deste português nascido em Vila Nova de Gaia em 1930, foi afinal uma releitura dado que já o tinha lido em 2013, mas não o reli intencionalmente só que como era de J. RENTES DE CARVALHO comecei a lê-lo e só a páginas tantas é que senti que já tinha lido aquilo, mas não retrocedi pois este homem escreve tão bem que não me importei de voltar a saborear a sua escrita.    


MAZAGRAN-designa uma bebida favorita no Magrebi: um copo grande cheio até mais de um terço com café forte, um volume igual de água gasosa, muito açúcar, uma rodela de limão. Pode juntar-se um cálice de conhaque. Bebe-se quente no Inverno e quase gelado nos dias de calor. 

Como eu gostava de escrever assim...

sexta-feira, 22 de maio de 2015

A OCASIÃO FAZ O LADRÃO



surpreende o à vontade das pessoas no saque ao armazém do V.Guimarães, minutos depois do
final do jogo em que o Benfica se sagrou campeão nacional

quarta-feira, 20 de maio de 2015

LIVROS DE UMA VIDA - "GERMINAL" - EMILE ZOLA

Emile ZOLA  1840-1902
A obra deste grande escritor francês preencheu as leituras dos meus vinte e tal anos quando li quase tudo deste excelente escritor e este livro é um dos que entra em todas as listas dos livros da minha vida.   

"GERMINAL" é um dos grandes romances do séc. XIX e baseia-se em acontecimentos verídicos. 

O livro aborda as péssimas condições de vida dos trabalhadores das minas de carvão na França do séc. XIX.

Para escrevê-lo, Emile Zola trabalhou como mineiro numa mina de carvão, onde ocorreu uma greve sangrenta que durou dois meses. Actuando como repórter, Zola pintou a vida política e social duma época como jamais alguém o havia feito. 

Mais um dos livros de uma vida que é importante ler.



sábado, 16 de maio de 2015

LEITURAS 2015 - XVI - "conta corrente 3"

VERGÍLIO FERREIRA   -   1916-1996

Tomei-lhe o gosto! 

Esta forma de escrita de VERGÍLIO FERREIRA arrebata-me, daí estar a reler estes diários magníficos que transcrevem uma época da vida portuguesa. Este "conta corrente 3" revela, tal como os dois anteriores, também um sentido de humor inteligentíssimo e absorvente. Deixo apenas estes dois exemplos:

-Uma professora ensinava aos meninos as regras da metrificação. E para saber mais prático, exigiu que todos fizessem uma quadra nesse fim de semana. Um deles trouxe esta:

                                                        No domingo fui à praia,
                                                        vi vagas e vagalhões.
                                                        Meti-me pela água adentro
                                                        Molhei-me até aos joelhos.
- Ó menino! Mas isso não rima
-Pudera! estava a maré cheia.


E esta:

-Um dia um senhor feudal alentejano chamou um dos servos, a propósito de uma discussão havida entre elementos senhoriais: 
-João! Tu achas que fazer um filho é coisa desagradável?
-Patrão! Se fosse coisa chata fazer um filho, o patrão já me tinha dito: João! Vem cá fazer um filho na minha mulher! 




terça-feira, 12 de maio de 2015

LIVROS DE UMA VIDA - "AS VINHAS DA IRA"



Não errarei por muito se disser que li este livro há cerca de quarenta anos e sem dúvida que foi um dos grandes livros que li até hoje, daí o título da publicação que hoje inicio "LIVROS DE UMA VIDA"; pois é sobre eles que irei falar, começando hoje por este grande épico que é "AS VINHAS DA IRA".

John Steinbeck passou assim ser um dos meus escritores preferidos.

Ainda retenho a imagem de um cágado a subir um passeio no grande romance que é "A LESTE DO PARAÍSO" , a queda do cimo de uma macieira de um apanhador de maças no excelente panfleto que é "A BATALHA INCERTA", o delicioso "RATOS E HOMENS", a grande figura humana que é "O BORBULHAS" do magnífico "OS NÁUFRAGOS DO AUTOCARRO", um livro que disseca a alma humana como nunca a tinha lido...e muitos outros.

Pois "AS VINHAS DA IRA" é um dos grandes romances de um dos mais célebres, mais discutidos, mais lidos, mais controversos escritores norte-americanos.

A celeuma que, na altura da sua publicação, este livro provocou nos Estados Unidos não impediu que lhe concedessem o mais importante prémio literário que existe nesse país: o Prémio Pulitzer. Foi igualmente Prémio Nobel da Literatura em 1962.    


"AS VINHAS DA IRA" é por isso um dos livros de uma vida e que todos deveriam ler. 

O êxodo de uma família de lavradores que, vendo-se reduzida à miséria por uma tempestade de areia em Oklahoma, resolve emigrar para a Califórnia. 
A luta que todos os membros da família sustentam na sua exaustiva jornada contra os elementos e os homens e, até contra o próprio meio de transporte, a coragem de que dão provas, a generosidade da alma que afirmam, a piedade pelo sofrimento alheio, e o protesto, a revolta perante as injustiças do mundo que assinalam este épico tornam-no absolutamente eterno.   


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John Steinbeck - EUA   -  1902-1968

sexta-feira, 8 de maio de 2015

LEITURAS 2015 - XV - HARUKI MURAKAMI


O primeiro livro que li deste escritor japonês foi "Kafka à beira-mar" e foi um livro que me prendeu. Uma bela história com interessantes personagens e situações.  

Deste modo,claro que a partir daquele primeiro livro passei a ler os outros que, entretanto, se iam publicando em Portugal e confesso que os livros de HARUKI MURAKAMI nunca me desiludiram embora também nunca me deslumbrassem, atrevo-me até a dizer que será talvez uma literatura de consumo (não sei se será a palavra correcta, às vezes temos medo das palavras...), ou seja, literatura daquela que se esquece logo. 

Candidato ao Prémio Nobel ano após ano, é, na minha modesta opinião, um bom escritor mas não um Prémio Nobel.

Este livro que acabo de ler "A PEREGRINAÇÃO DO RAPAZ SEM COR" está dentro da linha de escrita de Murakami e, sem dúvida, que é igualmente um bom livro com todos os condimentos e ingredientes que tão bem este escritor japonês sabe juntar para nos contar uma boa história. 

"A PEREGRINAÇÃO DO RAPAZ SEM COR", conta-nos que, nos seus dias de adolescente, Tsukuru Tazaki gostava de ir sentar-se nas estações a ver passar os comboios. Leva uma existência pacífica, a condizer com a ausência de cor que caracteriza o seu nome, só que num repente a sua vida leva uma volta terrível quando os seus quatro melhores e inseparáveis amigos o desprezam e lhe deixam de falar não lhe dando para o facto qualquer explicação e ele "engole" e vai remoendo por dentro este seu terrível desgosto e vai-se embora da terra onde viveu...

Agora com 36 anos, muitos anos depois de desprezado pelos seus amigos, é engenheiro de profissão e projecta estações, mas nunca perdeu o hábito de ver chegar e partir os comboios. Regressa e resolve ir à procura dos seus amigos, dispersos pelo mundo, ignorando até se todos estariam vivos e vai tentar saber porque o desprezaram...  

Mais um bom livro que se lê com muito agrado e que nos distrai, bom para matar o tempo, e que poderei também incluir na tal literatura que se esquece logo... 

Haruki Murakami  1949

segunda-feira, 4 de maio de 2015

LEITURAS 2015 - XIV - "OS FRAGMENTOS" - FERREIRA DE CASTRO


1898 - 1974
Ferreira de Castro é talvez dos escritores portugueses mais esquecidos, um homem que acrescentava ao seu grande valor literário o seu grande valor humano. Uma obra que comparo à de um grande escritor norte americano, prémio Nobel da literatura em 1962, John Steinbeck.

Um grande romancista português que viveu uma existência dramática, num tempo dramático e num contexto em que a condição humana se viu particularmente humilhada.

 "OS FRAGMENTOS", o livro que acabo de ler é disso um bom exemplo.


"OS FRAGMENTOS" de FERREIRA DE CASTRO reúne três contos e um romance "O INTERVALO", escrito em 1936 mas que, por motivos relacionados com a censura, só foi publicado em 1974 após a sua morte. 

"O INTERVALO" relata a luta empreendida pelos operários espanhóis, na busca de uma melhoria geral de vida durante o pequeno período que durou a república espanhola e nele se revela toda a crueza e o sofrimento de um povo acontecidos durante a Guerra Civil Espanhola, uma guerra de uma crueldade absoluta.

"HISTÓRIA DA VELHA MINA" um dos outros três contos incluídos neste livro, é um excelente e real retrato do que foi a Mina de São Domingos (no Baixo Alentejo) nos primórdios da exploração da mina.



Sem dúvida que Ferreira de Castro descreve muitíssimo bem o que foi o sofrimento dos mineiros naquelas deploráveis condições de trabalho de quase absoluta escravidão. 

Também os patrões e empregados ingleses da mina são muito bem retratados na sua absoluta sobranceria, altivez e desprezo (característica inglesa) vivendo como que num mundo à parte no mais opulento e luxuoso dos mundos (nem a piscina faltava nas suas moradias) perante a miséria das gentes e famílias a quem exploravam e que, na mesma terra, passavam as maiores necessidades e sacrifícios, cujas casas, apesar de serem cedidas pela mina (e publicitadas aos quatro ventos com uma grande benesse) tão pequenas eram que nem janelas tinham. 

Também o Natal em Ossela, terra onde nasceu Ferreira de Castro, está muito bem descrito na crónica "A ALDEIA NATIVA".

Um bom livro de um grande escritor português, hoje, repito, infeliz e injustamente esquecido, mas que vale a pena conhecer.