quarta-feira, 31 de outubro de 2012

O REI VERDE





Será que a vice-presidência do BCE (Banco Central Europeu) foi, para o Dr. Vítor Constâncio, um prémio pela sua distração enquanto governador do Banco de Portugal, na época em que o BPN roubou os portugueses em milhões de euros?

Esta sua fidelidade ao "rei verde" torna-o agora, por isso mesmo, talvez o mais atento vigilante do cumprimento do memorando de endividamento nacional.

Malhas que as "união" tece!

Poderão as pessoas acreditar nesta "gente?

Será a Democracia credível com esta "gente" ao leme?  

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

JOSÉ RODRIGUES DOS SANTOS -575-


 
 
  
É um best seller.
   
É o 575

Do José Rodrigues dos Santos apenas li “A FILHA DO CAPITÃO” (talvez o seu segundo livro) e até nem desgostei, mas não fiquei um apaixonado, apesar de, naturalmente, lhe conceder méritos no seu dom de comunicação (falada e escrita). 
 
Mas o que por vezes me "chateia" deste escritor é o que me parece ser o seu oportunismo pois o tema dos seus livros  parece encomendado de acordo "com o que está a dar" e parece que a data do seu lançamento está perfeitamente condicionada ao que dizem as sondagens (se o que está a dar é Maomé lança-se um livro sobre religião, se é sobre o ambiente lança-se um sobre a poluição, se é sobre o terrorismo, aí vai bomba, etc etc...).
   

Costumo chamar-lhe o 575, pois até parece que a sua editora lhe encomenda não um livro mas 575 páginas, dado que os seus livros parecem ter sempre, mais uma menos uma, o mesmo nº. de páginas.
Monta a fábrica, contrata seis ou sete operários (a recibo verde), metem-se ao trabalho e ao fim de 6 meses está o produto acabado e pronto a ser depositado no hipermercado para ser consumido.

E não é que, a propósito desta situação deparo no livro que actualmente estou a ler (conta-corrente II da nova série-), com assunto semelhante. Eis o que, sobre o assunto, Vergílio Ferreira escrevia em 1990:


-...Já talvez tenha contado o que se passa hoje na América no que importa ao fabrico de romances. É uma indústria como a do sabão ou do papel higiénico. Há editoras com os seus funcionários escritores que têm o seu horário de trabalho e despacham em prosa romanesca as encomendas do patrão. O funcionário entra no gabinete e cumpre a tarefa encomendada. E há vários funcionários como ele. As sondagens do mercado dizem que o que está a dar é, por exemplo, o romance sobre a homossexualidade, perversão de menores, conflitos rácicos, religiosos, etc. E o patrão distribui o serviço: toma lá tu o tema da panasquice, tu toma o das lolitas, toma tu  o dos códigos. E o funcionário entra às nove e sai às cinco com uma hora para almoço, trabalhando no tema encomendado até ir para casa.

Faz-se o livro, vende-se o livro, lê-se o livro e deita-se fora-.

Que é que a literatura tem a ver com isto?


 

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

POR ONDE ANDEI EM 2011 - XII

Retomo hoje os livros que li em 2011. 



Precisamente em Junho de 2011 é de me dada ouvir uma longa conversa entre Primo Levi e dois universitários italianos que iniciaram em 1982 uma recolha de testemunhos de 220 sobreviventes dos campos de extermínio nazis.
PRIMO LEVI é um sobrevivente de Auschwitz e se ainda não leram "SE ISTO É UM HOMEM" então não podem perder. Também gostei deste "O DEVER DA MEMÓRIA" embora se possa dizer que seja uma literatura mais aconselhada a quem gosta do tema -campos de extermínio nazis-eu gosto!
Numa classificação de um a sete, 3,5.



É no fim do mês de Junho que FERNANDO DACOSTA com "OS MAL AMADOS"  me revela  algumas situações curiosas de uma época não muito longínqua do nosso Portugal.
 
-Costa Gomes evita a guerra civil
-Implacabilidades de Álvaro Cunhal
-A morte silenciada de Marcello Caetano
-O fenómeno dos Retornados
-Premonições de Natália Correia
-Agostinho da Silva revela Confidências de Fernando Pessoa
-E antevê: a sobrevivência de Portugal, quando a CE bloquear, está em África
-Uma nova etapa germinará através da lusofonia.


Fernando Dacosta é muito bom a revelar-nos esta parte muito recente da história de Portugal.
São situações curiosas e que, se calhar, na altura dos acontecimentos nos passaram ao lado. Gostei deste livro: de um a sete mereceu-me 5 pontos.  




Em Julho conheço mais um jovem escritor português (CARLOS MACHADO), e sem dúvida que depois de ter lido este "UM AMOR SEM TEMPO", fiquei com vontade de ler outros que se lhe sigam.
É um livro sobre um amor que se prolonga no tempo e mais do que a história de um amor, é sobretudo um livro sobre gentes, sobre uma época, sobre mentalidades reinantes nalgumas terras e nalgumas gentes do nosso país.
Não tendo sido um livro de leitura compulsiva nunca me arrependi de o ter lido. 4 pontos (de um a sete).



Logo a seguir encontro-me com outro jovem escritor português e talvez aquele que considero de escrita mais surpreendente e absorvente. É um escritor para o qual só encontro um título se o quisesse rotular "DESCONCERTANTE" - Gonçalo M. Tavares é um escritor absolutamente surpreendente e este "MATTEO PERDEU O EMPREGO" absolutamente imperdível. Gostei de todos os livros que li dele mas este é muito bom, na minha opinião.  
Este "Matteo Perdeu o Emprego" não é só um livro, é, como li algures: enquanto objecto que seguramos nas mãos, um objecto de arte: as fotografias de manequins (bonecos articulados que exibem roupa, nas montras) constituem, também, separadores, e pedem uma outra forma de leitura, exigem leituras que se cruzem, se demorem no olhar, na pele, nos dedos. Convocam inesperadas sensibilidades e ressonâncias, misturam formas e artes.
A leitura de qualquer obra de Gonçalo M. Tavares é sempre, em vários aspectos, diferente de uma simples leitura. Oh amigo Bruno já leste? é ao teu nível!

Absorvente - 5 pontos (de um a sete). 


E é ainda neste começo de Julho que irei viajar pelas memórias de guerra em Moçambique, com um excelente escritor moçambicano, MIA COUTO. Disso vos darei conta no próximo número deste balanço.


 

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

O ÚLTIMO


 
"O TEU ROSTO SERÁ O ÚLTIMO"
 
Foi precisamente este o último livro que acabei de ler.
 
Contra o que é meu costume desta vez não "levei à letra" a experiência de Somerset Maugham que, num dos seus livros confessava: 
"Quando um livro causa sensação convém esperar um ano antes de tomar conhecimento dele. É surpreendente a quantidade de livros que, ao cabo desse período, nos dispensamos de ler".  

Eu gostei deste livro e li-o de seguida, em pouco mais de um dia.
 
Um leque de personagens muito interessantes e muito bem retratadas, o Celestino é uma delas, embora pudessem ser mais desenvolvidas, e muitas delas desaparecem repentinamente sem nunca mais aparecerem.
 
Cronologicamente tive algumas dificuldades em situar determinados momentos. 
 
Não costumo atentar nem dar especial ênfase ao final dos livros se poderia ou deveria ter terminado melhor ou pior mas efectivamente neste livro o final pareceu-me muito repentino ficando muitas histórias por acabar e, assim, muitas situações enleadas, e o livro é tão interessante que estamos sempre à espera de algo que permita ligar toda a história.
 
...E de repente FIM.
 
 
 
 
Obviamente que é mais fácil emendar um livro do que escrevê-lo

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

NA MINHA OUTRA VIDA

Há cerca de quatrocentos anos, por volta de 1612, na minha outra vida (chamava-me Rita), a minha pretensão de ser poeta dava os primeiros passos
 
 
 
  
Meses transformados em breves passagens
Dias cinzentos coloridos pela estação desconhecida
Horas frias que se aquecem em minutos
Minutos calorosos preenchidos por sorrisos felizes
 
Olhares trocados entre vidas, nascidas e sofridas e um dia talvez esquecidas
Olhares calorosos e ardentes que jamais alguém tentou compreender
Olhares solitários que tentam consolar sorrisos adormecidos
 
Presenças ausentes
Ausências presentes
Rumos indefinidos
Indefinições aprendidas
 
Almas limpas que por momentos captam pensamentos errados
Almas sujas que procuram uma vida transparente
 
Ruas esquecidas, esmorecidas e perdidas na mente que nelas se escondem da frieza da vida
Vidas destemidas e vividas que um dia serão recordadas
 
Pensamentos aliados a labirintos
Caminhos traçados indevidamente
Destinos por viver
Memórias de alguém que um dia foi outrem