quarta-feira, 28 de setembro de 2016

"A GUERRA DO FIM DO MUNDO" - MÁRIO VARGAS LLOSA - LEITURAS 2016 - XXXIII




Mário Vargas Llosa é um grande escritor e este é um grande livro — uma epopeia que relata a vida de parte de um povo que compõe este grande país, que é o Brasil.

Li-o com grande interesse, apesar das mais de quinhentas páginas (e letra pequenina).

Será certamente um dos grandes livros deste Nobel da Literatura (2010), nascido em Arequipa, no Peru, mas com dupla nacionalidade peruana e espanhola, e que foi em 1990 candidato, sem sucesso, às eleições presidenciais peruanas.  É apenas o segundo livro que leio deste excelente escritor, o outro, que também recomendo vivamente, foi o magnífico "O HERÓI DISCRETO".

Mário Vargas Llosa tem sido ultimamente notícia, não nas revistas literárias, mas sobretudo nas revistas cor de rosa, sendo actualmente, por força da sua paixão actual (Isabel Preysler, viúva desde 2014) um habitué do jet-set e da alta sociedade espanhola (tem nacionalidade espanhola desde 1993).

Sobre este excelente livro:
                                          — CANUDOS, uma remota localidade do nordeste brasileiro, foi nos finais do séc. XIX, o palco de um movimento de tipo messiânico que desembocou numa guerra civil (A GUERRA DE CANUDOS), na qual morreram milhares de brasileiros. Este vasto movimento popular formado em torno de um místico (António Vicente Mendes Maciel, O CONSELHEIRO, misto de santo e de profeta) funda uma sociedade à margem do mundo oficial. O governo do Rio de Janeiro reage, enviando uma força militar para repor a ordem. 
Mas a resistência foi imediata e eficaz obrigando a tropa a fugir, dando início à Guerra de Canudos.
É a história desta guerra que Mário Vargas Llosa nos conta, sobre a forma de romance, neste grande livro.


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Mário Vargas Llosa nasceu em 1936 (no Peru)

nota 4 para "A guerra do fim do mundo"

0-li, mas foi zero
1-desisti
2-li, mas não me cativou
3-razoável
3,5-interessante
4-bom
5-muito bom
6-excelente
7-obra-prima

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

"REFLEXOS NUM OLHO DOURADO" - CARSON McCULLERS - LEITURAS 2016 - XXXII

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Bastaram as duas primeiras linhas deste magnífico livro para "sentir" que, após alguns (recentes) reveses, estava na presença de um grande, intenso e terrível livro!

Não poderia ter um começo mais entusiasmante:—"Uma base militar em tempo de paz é um lugar entediante. Acontecem coisas mas repetem-se vezes sem conta". E este excelente início viria a confirmar o que já sentira quando lera duas obras desta mesma autora norte-americana ("O coração é um caçador solitário" e "A balada do café triste"  — dois grandes livros—).

Como é misterioso o ser humano, como são difíceis as relações humanas sem as quais, no entanto, o homem tem dificuldade em viver.

A personagem do soldado Williams é antológica! de resto, todas as personagens deste livro são magníficas.

Lê-se na contracapa:  "Uma das vozes mais originais da literatura norte-americana, Carson McCullers explora os limites sempre instáveis entre a "normalidade" e a ordem e o foro íntimo das pulsões que movem as personagens deste romance. Numa base militar, na Geórgia, a rotina e o isolamento criam um insuportável sentimento de ódio que agudiza a tensão latente entre a "máscara" social e o mundo caótico de paixões, obsessões, frustrações e ódios secretos. Este singular inferno gira em torno de dois oficiais e as respectivas esposas, um excêntrico criado filipino, um cavalo e o jovem soldado Williams, o elemento que virá romper o delicado equilíbrio neste quadro de relações. McCullers escreve a sua história com simplicidade despretensiosa, mas imprime-lhe um cunho de estranheza e inquietação raras vezes conseguido, que lhe confere um discussão trágica".  

Grande livro (mas que pena ter somente 96 páginas). 

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Carson McCullers - EUA - 1917 - 1967
nota 6-excelente, para "Reflexos num olho dourado"

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2-li, mas não me cativou
3-razoável
3,5-interessante
4-bom
5-muito bom
6-excelente
7-obra-prima

domingo, 18 de setembro de 2016

"O SILÊNCIO DOS LIVROS" - GEORGE STEINER - LEITURAS 2016 - XXXI

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Posso até estar a proferir uma grande tolice ao escrever aqui que George Steiner é um erudito, mas um erudito em tamanho XXL que escreve -sobretudo- para eruditos, pelo que, de algum modo, parto para a leitura deste autor sempre "de pé atrás", ou seja, de que não será um livro fácil. Contudo, confesso isso nem sempre acontece, como é o caso. 

Efectivamente "O SILÊNCIO DOS LIVROS" não sendo um livro fácil não deixa de ser um livro deveras interessante, sobretudo pelo tema que aborda e que é sempre do meu agrado (fala de livros e, ao fim e ao cabo, da tristeza que seria um mundo sem livros).

Claro que não possuo um saber nem vasto nem profundo pelo que não poderei dizer que fiquei encantado com "O SILÊNCIO DOS LIVROS", mas li-o com muito agrado e sobretudo muita curiosidade (4 estrelas, num máximo de oito).

Naturalmente que as notas que tirei da leitura deste livro só poderiam acrescentar muita coisa ao meu ínfimo saber, embora, porque efectivamente não sendo um livro fácil, o efeito "um livro sobre livros" tenha perdido assim algum do encantamento que o tema me suscita; este foi um dos parágrafos que, por me ser algo familiar, anotei:

  -Hoje em dia a coisa mais extraordinária seria o espectáculo de um rapazinho correndo a refugiar-se na sombra de uma cabana munido do livro que está a ler. Ao rapazinho dos nossos dias nem sequer lhe passa pela cabeça entrar no quarto para devanear, abrir um romance numa página qualquer e deixar-se hipnotizar pelo mistérios dos caracteres. Estão à espera dele em toda a parte, a tribo chama por ele sem parar, na lição de judo, de karaté ou de vida, no clube de teatro, no clube de hipismo, nas mais variadas actividades, algumas por vezes sem sentido! A experiência da solidão, do olhar fixado na janela por cima dos telhados, a experiência dessa tão estranha e doce tristeza que se esconde no fundo de cada livro como uma luz de sombras, essa expeeriência fundamental que é, afinal, a iniciação ao mundo e à finitude, essa experiência é quase impossível, proibida até. E, em tal caso vejo-me obrigado a falar de "ódio."

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George Steiner nasceu m Paris em 1929

  

terça-feira, 13 de setembro de 2016

"A PROFECIA CELESTINA" - JAMES REDFIELD - LEITURAS 2016 - XXX



Nas conversas que, de quando em quando, costumo ter com um amigo, um dos temas que quase sempre vem ao de cima, é a partilha das nossas leituras (nem sempre os nossos gostos coincidem); desta vez fiquei curioso com o título que ele me confidenciou que no momento estava (com muito interesse) a ler (e que um amigo comum lhe teria recomendado). 

Comecei por isso a ler "A PROFECIA CELESTINA" (a 29ª. edição, note-se, é obra...e ainda por cima, um livro que surge uma vez na vida para mudar a vida para sempre); só que, ao fim do primeiro terço do livro, enviei-lhe esta mensagem, um pouco mordaz, talvez: "com tanto livro bom que tenho para ler, com tanta sabedoria e tanta inteligência, tanto génio à nossa disposição, começo a questionar-me : -mas afinal quem é este James Redfield de quem, sinceramente, nunca tinha ouvido falar, e que nada me está a conseguir transmitir, nada me diz (defeito meu, porventura), daí considerar que, repito, com tanta literatura para aprender (se assim se pode dizer), julgo que estou a esbanjar o meu precioso tempo e por isso, a um terço do livro que já levo "lido" ainda nada consegui apanhar. Nesta altura o autor fala-me na nona revelação e, sinceramente, eu ainda nem dei pela primeira, sequer... (é que nem minimamente senti uma, sequer)".

Lamento desiludir o meu caro amigo mas este livro (para mim, claro) não me conseguiu prender, não conseguiu minimamente "meter-me" no tema, o guru James não conseguiu, desta vez, arregimentar mais um seguidor, porque realmente nada entendi, nada me conseguiu transmitir; será, talvez, preciso acreditar (como diz a australiana (do mesmo género) Rhonda Byrne, que se tornou milionária com o seu "O SEGREDO" -acredita e acontece-...).

-Será uma questão de fé?-.



James Redfield  -  n. Alabama EUA - 1950



quinta-feira, 8 de setembro de 2016

"ESTRADA DE MORRER" - URBANO TAVARES RODRIGUES - LEITURAS 2016 XXIX

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São pequenos contos, não terão mais de quatro/cinco páginas cada um. Apesar de serem tão curtos não houve um só que me cativasse, um só de que retivesse algo...há livros assim, podem ser muito bons mas há alturas em que não sei explicar, mas quando às primeiras vinte páginas (neste caso aos dois primeiros contos) se não me prendem então dificilmente "conseguirei apanhar o comboio", só não desisti porque tão poucas páginas não compensariam a "mágoa" que sinto quando largo um livro a meio, só por isso não o larguei.

E os contos? lê-se na contracapa: -Como era Portugal, antes do 25 de Abril? Qual era o destino de quantos entendiam a liberdade como a condição essencial da vida humana? Quais os caminhos possíveis da dignidade e quais os caminhos forçados da humilhação, durante a longa, terrível e, dir-se-ia, infindável noite fascista? O cárcere, a tortura, a morte, o exílio, constituíam, de facto, a moeda a pagar, na luta com a prepotência e a opressão? Urbano Tavares Rodrigues, muito justamente considerado um dos maiores escritores da literatura portuguesa contemporânea, denuncia, aberta e impiedosamente as prisões fascistas por onde passou e as diversas e maquiavélicas faces do terror fascista.  
   
Urbano Tavares Rodrigues    -   1923 - 2013

sábado, 3 de setembro de 2016

"HISTÓRIA DA CURIOSIDADE" - ALBERTO MANGUEL - LEITURAS 2016 - XXVIII


Depositava (elevadas) expectativas na leitura deste livro, pois gosto de ler livros que falem sobre livros, e o tema (curiosidade) era-me imensamente apelativo. Todavia, "UMA HISTÓRIA DA CURIOSIDADE", falando efectivamente de livros mas sendo, sobretudo, uma reflexão sobre as questões da vida humana vista pelos olhos de um grande erudito, achei-o demasiadamente "maçudo" já que, ao fim e ao cabo, no meu entendimento, note-se, é quase (apenas e só) uma homenagem a Dante e por consequência à "Divina Comédia", abordando os outros escritores (referenciados na contracapa), mas apenas muito sumariamente.

Convenhamos que DANTE/DIVINA COMÉDIA não será propriamente matéria que esteja ao alcance de qualquer vulgo leitor (tal como eu, que estou no início de uma infindável aprendizagem). 
Gorou, por isso, completamente as minhas expectativas; mas, atenção, continuo fã (e leitor) de Alberto Manguel.

Lê-se na contracapa: 
                              "UMA HISTÓRIA DA CURIOSIDADE" procura abolir as fronteiras entre literatura, filosofia, história da arte e memória, e desafia o leitor a construir diferentes interpretações da ideia da "curiosidade". 

Para Alberto Manguel tudo se move pelo impulso da curiosidade, num círculo em que esta estimula a busca do conhecimento e a aquisição de conhecimento inspira mais curiosidade.
Depois de tudo o que leu e pensou, Manguel propõe um diálogo, interpela o leitor e alude a outras obras e à vida dos seus autores. Nesse percurso, acaba por traçar o mapa da sua própria vida intelectual, o que permite afirmar que este é o seu livro mais pessoal, aquele em que se descreve melhor.
Entre os escritores, artistas, pensadores e cientistas a que dedica cada capítulo, constam, por exemplo, Tomás de Aquino, David Hume, Lewis Carrol, Platão, Agostinho de Hipona e, acima de todos, Dante. Por intermédio destes eternos curiosos, Manguel convida-nos e concede-nos o necessárrio passaporte. 


ALBERTO MANGUEL nasceu em Buenos Aires-Argentina-1948