terça-feira, 28 de setembro de 2010

PORTO


Dos meus tempos de criança, o que mais relembro do Futebol Clube do Porto, são os guarda-redes.

Do Pinho, que me parecia muito pequenino e gordinho.
Do Acúrsio Carrelo (era este o seu nome se a memoria não me atraiçoa) que também era vedeta no hóquei em patins.
Do Américo que me encantava com os seus voos, autêntico pássaro azul (embora este epíteto PÁSSARO AZUL pertencesse a outro GR azul, José Pereira dos Belenenses)
Do Barrigana porque tinha umas manápulas tamanho XXL, e a quem chamavam "o mãos de ferro".

E destes que não eram GR:

Do Cubillas, porque foi o jogador estrangeiro com o futebol mais subtil e mais melodioso que vi até hoje.
Do Pavão, que morreu em campo, num domingo à tarde, num jogo contra o Vitória de Setúbal, quando eu estava no serviço militar, precisamente no Porto em Arca d’Água.

Pois o Futebol Clube do Porto faz hoje precisamente 117 anos, a quem aproveito para endereçar os meus parabéns, e Saudações Leoninas.

Em Outubro de 1922, o emblema do F. C. Porto mudou o seu aspecto.
Da autoria de Simplício (Augusto Baptista Ferreira), jogador do clube naquela época, representa uma interessante simbiose do anterior símbolo com as armas da cidade

Nota:-Trabalhei alguns anos no Porto e posso dizer que este foi o local do País aonde, a par de Campo Maior, fui mais bem recebido. Um carinho, uma amizade, um espírito de solidariedade e entreajuda que jamais poderei esquecer. Ali conservo, felizmente, alguns bons amigos absolutamente inesquecíveis!

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

O ELEITO

Tempo de férias é tempo de descanso, descontracção, boa mesa, boa cama e algumas leituras.

Recomendado pelo meu caro amigo Almeidinha (em quem, nestas recomendações, confio quase a 100%) li nestas férias, de Thomas Mann, um dos maiores escritores do nosso tempo, distinguido com o Prémio Nobel em 1929, “O ELEITO”.

Não será uma leitura simples/fácil mas é uma leitura que prende do princípio ao fim.

O escritor alemão revela aqui uma acutilante penetração da ideologia cristã e dos mais profundos mitos humanos, evidentemente traumáticos e pujantes.

Refundição da lenda de São Gregório, o Édipo cristão.

Nascido do incesto, recai no pecado como no vício, e após longa penitência chega a Papa.
Esta fábula, cujo herói é o santo, denuncia a necessidade perversa do pecado no círculo cristão.
Prendeu-me da primeira à última página.

Nota:-a capa aqui retratada é duma edição recente, eu li um número antigo da extinta e velhinha (e valiosa) colecção dos livros de bolso da Europa-América


segunda-feira, 20 de setembro de 2010

O PAPA PORTUGUÊS




Comemoram-se hoje 734 anos que Pedro Julião, mais conhecido por Pedro Hispano, iniciou o seu pontificado que durou apenas cerca de 8 meses, tendo-o exercido até à sua morte, em Maio de 1277, apenas com 51 anos (apenas pelas contas de agora, claro).

Foi o único Papa Português (nascido em Lisboa) e o 188º. Papa eleito.

Foi também um famoso médico, professor e matemático.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

OUTROS TEMPOS

Era no tempo em que só o treinador não falava português, precisamente ao contrário do que acontece actualmente, em que só o treinador fala português (isto na maioria dos clubes portugueses - felizmente, não acontece no meu SPORTING - avis rara).

Nesta época (1971/1972) poucos estrangeiros jogavam nos clubes portugueses e este SPORTING é sinónimo disso mesmo; apenas um Luso-Brasileiro (Wagner-é o segundo da esquerda-de costas).

Da esquerda para a direita:

PEDRO GOMES (actual comentador da TSF) - defesa direito muito rápido, num estilo muito semelhante ao Secretário (ex-FCP, que, curiosamente, foi júnior do Sporting), mas melhor
WAGNER-veio de Setúbal, luso-brasileiro, excelente pessoa; centro-campista, muito habilidoso
BASTOS- já falecido (creio que há cerca de 3 anos, teria 56). Defesa Central de grande envergadura, quando tinha 18 anos mais parecia ter 40 (barba cerrada-até metia medo), aqui teria 20, (morava no Largo da Graça em Lisboa).
CARLOS PEREIRA - foi adjunto de Paulo Bento o ano passado, é irmão do maior descobridor de talentos em Portugal, Aurélio Pereira e nestes tempos morava na Venda Nova-Amadora; um bom defesa esquerdo, creio que terminou a carreira nos Belenenses.
PINHAL – Guarda Redes – perdi-lhe o rasto
TOMÉ - trabalha no V. Setúbal (ou pelo menos foi funcionário) e é simultaneamente um grande adepto do SCP, teve um café em Setúbal junto à ex-Delegação da VICTORIA-Seguros, ao lado da Rodoviária Nacional.
Ronnie Allen, treinador, veio de Espanha e foi despedido após época vergonhosa - o que, infelizmente, foi comum no meu Sporting, na década de 70
Nuno Machado (actual consultor de seguros em Lisboa) - grande talento que passou ao lado de uma grande carreira, os empresários ainda estavam para nascer e, se calhar, por isso mesmo ainda existia o amor à camisola, um jogador incendiário, quando arrancava tinha uma força...... terrível ponta de lança (fez dupla no início da carreira, com o seu irmão).
ÁLVARO JORGE – Chefe electricista, já reformado
JOSÉ CARLOS - vive em Lisboa e acompanha o SCP dia a dia, começou na CUF (Companhia União Fabril- actual FABRIL) e era um grande defesa central. Fez-se crer maldosa e injustamente que por sua causa não fomos, em 1966, campeões do mundo, que ofereceu o 2º. golo ao Bobby Charlton, aos 37 minutos de jogo-grande central- as seculares rivalidades Benfica/Sporting criavam estas desagradáveis situações.
Faltam ainda o Hilário (já em fim de carreira), também (na altura) português (creio que de Angola), considerado talvez o melhor defesa esquerdo português de todos os tempos e ainda o Alexandre Baptista – grande Defesa Central do Mundial 1966 - ilustre economista.

sábado, 11 de setembro de 2010

11/9

11/9

"102 minutos", dos jornalistas nova-iorquinos, do "New York Times", Jim Dwyer e Kevin Flynn, é um livro que reconstitui a tragédia dos que estavam por dentro, do World Trade Center.

Há histórias, muitas histórias dos que estavam lá dentro e se quiseram salvar, dos que ficaram presos (às escuras) dentro dos elevadores a poucos metros do chão sem saber o que se passava, ouvindo o horripilante som do embate contra o solo, das pessoas que caiam no átrio depois de se terem lançado no vazio, do corretor de seguros que desceu as escadas desde o 54º, andar com a colega (paralítica) ao colo, os telefonemas do filho para a Mãe, encurralado no 89º. andar, quando aquela via a tragédia na televisão, do filho do bombeiro encurralado no 97º. andar e que o pai envia para a morte aconselhando-o (por tlm) a fugir para o terraço em vez de o aconselhar a descer as escadas, algumas explicações sobre falhas de comunicação e engenharia, por exemplo: “Edifício de referência de Nova Iorque durante a primeira metade do século XX – o Empire State Building, inaugurado em 1931 – tinha nove escadas na sua base alargada e seis na parte média mais estreita, incluindo a torre de incêndio, pois as torres gémeas do World Trade Center, que receberam os primeiros inquilinos em 1970, tinham, apenas três cada uma, para além de outros factores que a ganância do lucro tornou o WTC menos seguro.


Foram os 102 minutos mais longos e dramáticos da história recente dos Estados Unidos; os 102 minutos, quase irreais, que mediaram entre o impacto do primeiro avião e o desmoronamento da segunda torre, –é o testemunho do que se passou no interior das torres gémeas e na intimidade de muitas das 14 000 pessoas que lá se encontravam. Reune centenas de entrevistas com sobreviventes e salvadores, e inúmeras transcrições de contactos telefónicos, de rádio e e-mails, esta é a recriação inédita, emocionante e realista da tragédia que se abateu sobre pessoas comuns e valorosas, do seu heroísmo e do seu desespero face à iminência da catástrofe, da sua luta pela sobrevivência num mundo que desabava sobre elas.

Não é intenção nem pretende este livro esclarecer o mistério que, acreditem, continua a ser o 11 de Setembro…..não foi só o ataque às torres…. o pentágono…..etc. etc….. é, contudo, uma reportagem jornalística irrepreensível que levanta uma série de questões vitais e incómodas.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

FÉRIAS

As férias estão a acabar! (melhor, para mim acabaram)

As férias são primas dos feriados. Feriado veio do latim feriatus, do mesmo étimo de feriari, festejar. Festa, festus e fastus eram dias importantes para os antigos romanos, nos quais era bom começar alguma coisa, em oposição a nefastus, que deu o português nefasto. Nos dias nefastos eram evitados ou mesmo proibidos os negócios públicos

As férias dos trabalhadores praticamente só surgiram praticamente após a criação da OIT-Organização Internacional do Trabalho, logo após a Primeira Grande Guerra, em 1919.
Contudo, é somente a partir de 1940 que a noção de lazer se torna, na prática, uma preocupação nos Estados Unidos e na Europa.
Hoje, teoricamente, o lazer existe para todos e é reconhecido como um direito natural semelhante aos demais direitos sociais.
No entanto, a realidade evidencia que nem todos os cidadãos têm acesso ao lazer como descanso, recuperação de forças físicas e psíquicas, e momentos de descontracção.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

António Telmo - Morreu um grande homem

Morreu, no penúltimo sábado de Agosto (21.08.2010) no Hospital de Évora, o grande filósofo ANTÓNIO TELMO que residia em Estremoz, que fez o favor de ser meu amigo e com quem eu passava a quase totalidade do meu tempo livre, quando estava em Estremoz no exercício da minha actividade profissional (formador), a falar de livros, ou melhor a ouvi-lo falar de livros e não só.., ouvi-lo a falar de Portugal e dos Portugueses, era um homem com uma cultura gigantesca e que dava gosto ouvir, com um sentido de humor absolutamente notável, e que me falava de Portugal e dos Portugueses duma maneira absolutamente arrebatadora.Adicionar imagem
Fico confuso e a meditar quando nem uma das nossas quatro principais estações televisivas deu conta do facto (ou eu não ouvi).

Foi um grande vulto da cultura portuguesa, embora absoluta e totalmente um perfeito desconhecido para a grande maioria dos Portugueses; como é possível passar em branco a morte dum grande português que nos seus escritos falou de Portugal e dos Portugueses como poucos o fizeram; aliás nem sei se algum jornal Português (ou estação de rádio) noticiou a sua morte (por acaso um dos semanários noticiou-a -dos que li, claro, o que já nem foi mau)
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António Telmo Carvalho Vitorino, nascido a 2 de Maio de 1927, em Almeida (Guarda) integrou aos 23 anos o grupo Filosofia Portuguesa depois de ter tido contacto com José Marinho (1904-1975) e Álvaro Ribeiro (1905-1981).

A convite de Agostinho da Silva (1906-1994) e de Eudoro de Sousa (1911-1987), foi professor de Literatura Portuguesa durante três anos, na Universidade de Brasília. Leccionou ainda em Granada e, de regresso a Portugal, foi director da Biblioteca de Sesimbra, onde residira.

Radicou-se definitivamente em Estremoz, onde foi professor de Português.

Era irmão do Dr. Orlando Vitorino, dos maior vultos intelectuais do liberalismo português contemporâneo (também já falecido, em 2003).
António Telmo foi autor de vários títulos, entre os quais Arte Poética (1963), Gramática secreta da língua portuguesa (1981), Desembarque dos Maniqueus na Ilha de Camões (1982), O Bateleur (1992), O Mistério de Portugal na História e n'Os Lusíadas, (2004), Viagem a Granada (2005) e Contos Secretos (2007).
«A História Secreta de Portugal», de António Telmo, continua a ser um livro obrigatório para os Portugueses que querem pensar pela sua cabeça, honrando os seus Antepassados.