quinta-feira, 28 de junho de 2012

CASAMENTO ENTRE HOMENS


Uma situação que eu pensava ser uma característica dos tempos actuais já poderá afinal ter acontecido há cerca de cinco séculos atrás, ou ainda muito antes já que os primeiros registos do casamento entre homens vem do Império Romano. 


Analisemos agora o que Jean de Léry, missionário protestante e escritor francês (1536-1613), escreveu, cerca de quarenta anos depois de Cristovão Colombo ter alcançado uma das ilhas do arquipélago das Bahamas, no seu livro "Viagem à terra do Brasil":



-Na América do Sul as pessoas gostavam de comer aranhas, gafanhotos, formigas, lagartos e morcegos. Havia tribos americanas em que as virgens mostravam abertamente as suas partes íntimas, as noivas tinham orgias no dia do casamento, OS HOMENS PODIAM CASAR-SE UNS COM OS OUTROS, e os mortos eram cozidos, misturados até ficarem numa papa, misturados com vinho e bebidos pelos seus parentes em festas animadas.
Muitos dos homens chegavam aos 120 anos e poucos eram os que na velhice tinham cabelos brancos ou grisalhos. 
A história repete-se, pelo menos no que concerne ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, já que quanto ao resto, aguarde-se...

sábado, 23 de junho de 2012

POR ONDE ANDEI EM 2011 - IX

Não sendo propriamente um balanço, pois esses fazem-se normalmente no final de cada ano, é com este título (por onde andei) que falo sobre os livros que li no ano transacto, neste caso em 2011. E o título tem a ver com o facto de que ler é, para mim, como que viajar por outros sítios, conhecer outras gentes e outras culturas, enfim ler é viajar, sonhar, amar e tudo o que os homens se desunham para destruir.

Philipp Roth é um dos meus escritores preferidos, e o livro (A MANCHA HUMANA) faz-me viajar para os EUA e ali conhecerei o professor e reitor da Universidade de Athena, um homem que foge às suas raízes procurando ludribiar o seu passado que lhe agrilhoava os planos de vida, tornando-se professor e reitor na Universidade de Athena. No final da sua vida, o seu impecável percurso académico é manchado por uma acusação de racismo.
É mais um livro entusiasmante deste belíssimo escritor norte americano, felizmente ainda vivo. 
Livro notável, pelo que, numa classificação de 1 a 10, dou-lhe 7 estrelas.

Estamos em Maio de 2011 e é através dum novo escritor português, o jovem Gonçalo M. Tavares, para o qual só tenho uma palavra: bom escritor? mau escritor? aborrecido? nada disto, eu gosto imenso e a única palavra que encontro para  descrever a sua escrita é desconcertante, absolutamente desconcertante a sua maneira de escrever. Entusiasma-me a sua maneira de escrever. E, permito-me salientar, uma pessoa simpática com quem já tive oportunidade de trocar umas breves palavras no Centro Comercial Colombo, em Lisboa.

"UM HOMEM: Klaus Klump" é um romance que me apresenta Klaus Klump, um homem forte, filho de famílias ricas, homem que se manterá sempre no centro de conflitos, quer esteja de um lado ou de outro. Com ele se cruzará também uma mulher forte - Herthe - alguém que fará tudo para se manter sempre no lado dos que vencem. Este é um dos romances que faz parte de um conjunto de romances cujo tema central é o mal (os também conhecidos livros de capa preta).
Vale a pena conhecer a escrita deste novo valor das letras portuguesas.  
5 estrelas (de 1 a 10) para "UM HOMEM: Klaus Klump".

Estamos a chegar ao fim de Maio de 2011, e o escritor Chileno Luis Sepúlveda relata-me uma história carregada de memórias do exílio, de sonhos desfeitos e de ideais destruídos pelo golpe de estado de Pinochet. Luis Sepúlveda é um homem que escreve como vive: com o coração e o estômago, um homem com quem gostava de beber uma cerveja e trocar umas palavras.
Com ele regressarei quando voltar a esta tema numa próxima oportunidade.



 

segunda-feira, 18 de junho de 2012

POSSO FALAR?



Falei da censura (Racine e o lápis azul) aqui há duas ou três semanas atrás, e sobre este mesmo tema permito-me trazer à lembrança o poeta timorense Fernando Sylvian (1917-1993), que passou a maior parte da sua vida em Portugal.


Sobre a censura, que melhor resumirá esta nódoa do que o seu Poema Horrível:

- Posso falar?

- Não!



(de "Tempo Teimoso", 1974)

quarta-feira, 13 de junho de 2012

MIA COUTO


"O OUTRO PÉ DA SEREIA" é o livro que ando actualmente a ler, do grande escritor moçambicano MIA COUTO.
Na linha do que são os seus livros, escrito numa linguagem que tem muito a ver com as gentes de África nomeadamente das terras donde nasceu (Moçambique) conta-nos simultaneamente duas histórias, com séculos de distância: a de D. Gonçalo da Silveira (no séc. XVI) e de Mwadia Malunga, na actualidade. 
São histórias de viagens; viagens feitas no espaço e no tempo mas, acima de tudo, viagens ao cerne dos personagens que povoam as histórias e que povoam o romance com as suas histórias, as suas angústias de vida.


Gostei de todos os livros que, deste escritor, li até agora, e permito-me recomendar três que achei excelentes: "O ÚLTIMO VOO DO FLAMINGO", "VENENOS DE DEUS REMÉDIOS DO DIABO" e "JESUSALÉM".


Sobre o que estou actualmente a ler ("O OUTRO PÉ DA SEREIA", vou a meio do livro"), já retive algumas frases que, mesmo desenquadradas do contexto, me pareceram muito interessantes:

-a melhor maneira de fugir é ficar parado
-a melhor maneira de mentir é ficar calado
-o silêncio não é ausência da fala, é o dizer-se tudo sem nenhuma palavra
-só é olhado pelo céu quem olha para as estrelas
-gosto de surpresa, mas só quando sou avisado
-ela se estava fazendo maior que o seu tamanho
-não é morrer que me dói. O que me dá tristeza é ficar morto
-quem parte treme, quem regressa teme
-grandes palavras, escondem grandes enganos
-o homem esquece para ter passado e mente para ter futuro
-sou um ateu mas não praticante
 


e Mia Couto deixa esta pergunta?
-o que não é nosso num mundo em que nos roubam?




 

sexta-feira, 8 de junho de 2012

PONTUALIDADE



Segundo um estudo de uma empresa especializada, 95% dos portugueses não são habitualmente pontuais.


Ora a pontualidade é uma forma importante de demonstrar respeito pelos outros e, na minha perspectiva, está directamente relacionada com o carácter, com a maneira de estar, com a disciplina e posso até acrescentar com a organização, produção e responsabilidade de cada um.


Por força da minha actividade profissional sou confrontado, quase diariamente, com esta "nossa" característica e este péssimo hábito que está enraizado nos portugueses, que é o chegarem atrasados.
Normalmente, num grupo de 12 pessoas, apenas uma, duas no máximo, chega a horas.
Claro que me fui habituando a conviver com o facto e em vez de o combater tento viver com ele, não deixando contudo de ironizar com a situação, invocando a diferença do fuso horário entre Portugal e o local onde na altura estiver.


Os pretextos e desculpas esfarrapadas já não convencem ninguém pois quem é que acredita ainda em coisas do tipo: congestionamento de trânsito, autocarro atrasado, desastre na auto-estrada, etc etc...


Efectivamente como alguém me disse um dia: a pontualidade é uma qualidade que apenas é reconhecida por quem é pontual.



domingo, 3 de junho de 2012

RACINE E O LÁPIS AZUL



A propósito de como os escritores portugueses sentiram na pele a repressão do Estado Novo e viram os seus livros proibidos ou riscados pelo lápis azul da censura, e de que modo a conseguiam iludir, li algures num blogue extraordinário, esta belíssima tirada:
Os agentes da censura e da polícia tinham, é certo, as suas limitações.
Mas há que reconhecer que, em matéria de literatura, levavam a coisa à letra.
Uma pessoa vinda de Paris chegou à fronteira trazendo na bagagem um livro de Racine.
O polícia apreendeu o livro.
Justificação: – «Lenines, Estalines e Racines, não entra cá nenhum!»




Racine Jean Baptiste Racine (1639-1699), poeta, dramaturgo, matemático e historiador francês.