quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

O SENTIDO DA HONRA


Hiroo Onoda - 1922-2014

Eu já tinha ouvido falar dos soldados japoneses que mesmo depois da rendição do Japão e após o fim da 2ª. guerra mundial não se renderam e continuaram a luta na selva durante mais alguns anos. No passado fim de semana fui confrontado com uma notícia dum desses casos.

Hiroo Onoda, o (então) alferes do Exército Imperial Japonês que estava estacionado num dos arquipélagos das Filipinas, quando os japoneses capitularam, em 1945, foi um dos que não acreditou que a guerra tinha acabado e já que tinha jurado não se render por isso continuou a combater, escondido na selva filipina, durante quase três décadas, onde empreendeu uma guerrilha contra as tropas americanas, até que finalmente, foi convencido, e para isso foi necessária a visita do seu antigo comandante, a colocar um ponto final nesta sua guerra (pessoal).

Morreu no passado dia 16.01.2014, num hospital em Tóquio, quase 70 anos depois de a rendição do Japão ter posto fim à 2ª. Guerra Mundial.


Hiroo Onoda, na altura da sua rendição, oferece a sua espada ao Presidente Marco das Filipinas (ao lado -de óculos- o seu antigo comandante que o convenceu a render-se)


Onoda foi o penúltimo soldado japonês da 2ª. Guerra Mundial a render-se, tendo sido Teruo Nakamura, de origem taiwanesa, o último. Nakamura foi declarado morto em 1945 mas só foi descoberto (vivo) em 1974.



Teruo Nakamura quando descoberto, em meados de 1974 
Este sentido da honra, do dever, duma só palavra foi algo que ainda me foi transmitido pelos meus pais, lembro-me perfeitamente de sentir que quando o meu pai contraía um qualquer compromisso não eram precisas assinaturas para o cumprir, a palavra bastava e esse cumprimento era sagrado (nem que fosse preciso passar fome)!
É uma maneira de estar na vida que, infelizmente, parece estar em absoluta e completa extinção.



quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

RECONHECIMENTO POST MORTEM

 
Herman Melville -  Nova Iorque-EUA 1819 - 1891
 

No livro que ando a ler (A LOUCA DA CASA de Rosa Montero), li algumas situações muito curiosas relativamente a grandes escritores que em vida só a grande custo conseguiram ver publicados os seus livros mas que, mesmo assim, foram autênticos fracassos e o autêntico inferno e drama que isso causou nas suas vidas.


 


Por exemplo, Herman Melville, o autor do maravilhoso Moby Dick, um romance que hoje, século e meio depois da sua publicação continua a editar-se, a vender-se e a ler-se em todo o mundo, mas que na sua época não agradou absolutamente a ninguém. Moby Dick não vendeu nem duas dúzias de cópias. Melville nunca recuperou desse fracasso e, embora tenha vivido mais de quarenta anos quase não voltou a escrever. Tornou a sua vida impossível e a de todos aqueles que lhe eram próximos. Quando, aos quarenta e sete anos, se viu obrigado a aceitar um emprego miserável de inspector alfandegário, tão enfandonho como mal pago, para poder manter a família, a evidência do seu fracasso como romancista deve ter-lhe explodido na cabeça. Tornou-se meio louco, consumido pela raiva, agia com enorme violência, é provável que chegasse mesmo a bater nos filhos e na mulher, que pensou seriamente em separar-se dela. Todo este inferno esteve certamente na origem do suicídio do seu filho mais velho (Malcolm de dezoito anos) que se trancou no quarto e estoirou a cabeça com um tiro.
E isto aconteceu a outros autores fracassados; numa próxima oportunidade tentarei trazê-los aqui.



domingo, 19 de janeiro de 2014

LEITURAS DE 2013 - HORA DE BALANÇO

"A FILHA DO COVEIRO" da excelente escritora norte americana, Joyce Carol Oates, foi o melhor livro que li em 2013, seguiu-se, de muito perto, "A PASTORAL AMERICANA" do grande escritor norte-americano Philip Roth.
Qualquer livro da também norte americana Flannery O'Connor corresponde sempre as minhas (altas) expectativas, e nunca me desiludiu.

Dos Portugueses o que mais gostei foi o excelente "LIVRO" de José Luís Peixoto -uma agradável surpresa-; claro que qualquer livro de José Saramago é lido sempre com grande satisfação e nunca nenhum me desiludiu.

Vamos então ao balanço do que li em 2013

7 Obra Prima
6 Excelente
5 Muito Bom
4 Bom
3,5 Interessante
3 Razoável
2 Li, mas não me cativou
1 Desisti

Flannery O'Connor - do melhor que li em 2013

 

  1. TOLSTOI - biografia - Janko Lavain  -  3,5
  2. A CASA DO SONO - Jonathan Coe - 1
  3. TUDO O QUE SOBE DEVE CONVERGIR - Flannery O'Connor - 4
  4. O MUNDO DOS OUTROS - José Gomes Ferreira - 3,5
  5.  A CONFISSÃO DA LEOA - Mia Couto - 3
  6. OS MEUS SENTIMENTOS - Dulce Maria Cardoso - 1
  7. A CIDADE IMPURA - Andrew Miller - 3
  8. MORTE NA PÉRSIA - Annemarie Schwarzenbach - 1
  9. ESTADO CIVIL - Pedro Mexia - 2
  10. NO CORAÇÃO DAS TREVAS - Joseph Conrad - 1 
  11. A HERANÇA DE ESZTER - Sandor Marai - 4
  12. LIVRO - José Luís Peixoto - 5
  13. PENSAR - Vergílio Ferreira - 3,5
  14. ESCREVER - Vergílio Ferreira - 3
  15. A AMARGURA DOS CONTRASTES - José Rodrigues Miguéis - 3,5
  16. REFLEXÕES - Franz Kafka - 2
  17. APARIÇÃO - Vergílio Ferreira - 4
  18. AS VOZES DO RIO PAMANO - Jaume Cabré
  19. FANNY OWEN - Agustina Bessa Luís - 4
  20. CONTOS ORIENTAIS - Marguerite Yourcenar - 3,5
  21. O AROMA DE GOIABA - Gabriel Garcia Marquez - 4
  22. ENGANO - Philip Roth - 3,5
  23. O FEITIÇO DA ÍNDIA - Miguel Real - 4
  24. UM HOMEM DE PARTES - David Lodge - 3
  25. OS CÃES E OS LOBOS - Iréne Némirovsky - 4
  26. A PASTORAL AMERICANA - Philip Roth - 5
  27. O FIO DAS MISSANGAS - Mia Couto - 3
  28. URZES - Manuel Hermínio Monteiro - 3,5
  29. ENSAIOS DE HISTÓRIA - Outra opinião - Rui Ramos
  30. GRANTA - "EU" - vários - 3
  31. DENTRO DO SEGREDO - Uma viagem na Coreia do Norte - José Luís Peixoto - 3
  32. O COMPLEXO DE PORTNOY - Philip Roth - 3,5
  33. OS PORTUGUESES - Barry Hatton - 3,5
  34. O SENTIDO DO FIM - Julian Barnes - 3,5
  35. A HISTÓRIA DE ENEAS - Sebastiaan Barry - 3,5
  36. MAZAGRAN - J. Rentes de Carvalho - 3,5
  37. A ARTE DE CHORAR EM CORO - Erling Jepsen - 3,5
  38. OS MELHORES CONTOS AMERICANOS - vários - 3,5
  39. 10 CRIMES QUE ABALARAM A AMÉRICA - vários - 3
  40. JOSÉ SARAMAGO - o amor possível - Juan Marias (entrevistas) - 4
  41. OUTRAS CORES - Ohran Pamuk - 2
  42. A FILHA DO COVEIRO - Joyce Carol Oates - 6
  43. APRENDER A REZAR NA ERA DA TÉCNICA - Gonçalo M. Tavares - 3,5
  44. NO TRIBUNAL DO MEU PAI - Isaac Bashevis - 1
  45. UM DIA DIFERENTE . John Steinbeck - 1
  46. COMO LER UM ESCRITOR - John Freeman - 3,5
  47. HIS WAY - biografia não autorizada de Frank Sinatra - 3,5
  48. ESTADO DE GUERRA - Clara Ferreira Alves - 3,5
  49. LISBOA-A GUERRA NAS SOMBRAS DA CIDADE DA LUZ-1939-1945-Neill Lochery - 3
  50. BRUGES A MOORTA - Georges Rodenbach - 3
  51. O ANÃO - Pav Lagerkvist - 1
  52. O OURO . Blaise Cendrars - 4
  53. A FAMÍLIA DE PASCUAL DUARTE - Camilo José Cela - 5
  54. LITERATURA E FANTASMA - Javier Marias - 2
  55. AS LOJAS DE CANELA - Bruno Schulz - 1
  56. A IMORTALIDADE - Milan Kundera - 1
  57. A PESTE - Albert Camus - 3,5
  58. JOSÉ E PILAR-conversas inéditas - Miguel Gonçalves Mendes - 4
  59. O MUNDO É DOS VIOLENTOS - Flannery O'Connor - 4
  60. A SEGUNDA MORTE DE ANNE KARÉNINA - Ana Cristina Silva - 3,5    

Joyce Carol Oates - autora de "A FILHA DO COVEIRO" o melhor livro que li em 2013 
Philip Roth - autor de "Pastoral Americana" do melhor que li em 2013
 

José Luís Peixoto -"LIVRO" - o melhor livro, dum autor português, que li em 2013

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

MORREU DE VELHICE AOS 17 ANOS

Sam Berns 10/23/96 -  01/10/14
Sam Berns  -  23.10.1996 - 10.01.2014

Lembro-me perfeitamente de que quando, há uns anos atrás, vi uma reportagem sobre a doença da velhice que atingiu uma criança nos Estados Unidos da América, fiquei impressionado e ao mesmo tempo quase pasmado com a sua força já que mesmo sabendo-se atingida por uma doença fatal e galopante mostrava uma força e alegria de viver absolutamente impressionantes.
Pois agora o meu amigo Vieira (do Porto) enviou-me uma reportagem sobre a morte recente desta criança, que passo a transcrever:
 
Sam Berns, um adolescente de 17 anos, faleceu, na sexta-feira, de velhice. O rapaz norte-americano sofria de progeria, ou Síndrome de Huntchinson-Gilford, uma doença genética que acelera o processo de envelhecimento.
Ainda com a vida pela frente, uma grave condição de saúde atirou Sam para uma velhice extrema ainda em criança e para a morte ainda na adolescência. Sam Berns morreu com uma condição física idêntica à de um idoso.
A sua doença não lhe roubou, porém, a vivacidade. Desde que soube da doença rara que tinha fez força para ajudar quem padece do mesmo problema, ficando conhecido pelo vasto leque de palestras que deu pelos Estados Unidos, de forma a promover esta rara condição física. O seu nome ficou associado à Progeria Research Foundation, instituição que ajudou, através do seu testemunho, a dar a conhecer esta doença genética.
Os médicos e os pais de Sam conseguiram, ao longo dos anos, desenvolver métodos que prolongaram a vida deste jovem-idoso. Contudo, a morte chegou ainda durante a adolescência. Os pais de Sam confirmaram a morte do filho na passada sexta-feira, através da Progeria Research Foundation.
 
 
 
 

sábado, 11 de janeiro de 2014

8 ou 80


Eusébio no clube onde se iniciou

Admirava Eusébio, apesar de não ser do meu clube.
Foi efectivamente um extraordinário jogador de futebol, que projectou o país além fronteiras e deu Portugal a conhecer ao Mundo e por isso teve uma grande e merecida homenagem do povo português. 
Paz à sua alma e que descanse em paz!

Porém, como é timbre da alma lusitana o 8 ou 80 vem ao de cima sempre que este tipo de emoções afloram e daí estar a querer fazer-se dele um expoente máximo do génio lusitano pretendendo-se transferir o seu caixão para o Panteão Nacional...

É preciso lembrar que ainda há pouco tempo faleceu Albino Aroso, um homem que contribuiu surpreendentemente para a queda da mortalidade infantil em Portugal, após o “25 de Abril” e para a divulgação do chamado «planeamento familiar».
No entanto, que homenagens se fizeram a este grande homem? é que nem mereceu uma única palavra do presidente da República, nem de qualquer outra entidade oficial, a não ser do Director-Geral da Saúde, Francisco Georges.

Há que relativizar as coisas e reconhecer-lhes o lugar próprio.

Nem oito nem oitenta!

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

OS ESCRITORES E OS LIVROS II

  F. Scott Fitzgerald - 1920
 
 
William Faulkner -1897-1962
 
 Émile Zola - 1868
 
 Charlotte Bronte - 1816-1855
 
Boris Vian - 1957
 
William Faulkner - 1897-1962
 
T.S. Eliot - 1959
 
 
Virginia Woolf - 1882-1941
 
  José Saramago - 1922-2010
 
James Joyce - 1882-1941


 Virginia Woolf  - 1882-1941
 
 

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

PESSOAS ABORRECIDAS

 
 
HÁ PESSOAS TÃO ABORRECIDAS QUE NOS FAZEM PERDEU UM DIA INTEIRO EM CINCO MINUTOS

 

Jules Renard -escritor francês-  1864-1910



 

 
 

sábado, 4 de janeiro de 2014

O QUE ANDO A LER - a minha primeira leitura de 2014




 

"Aprecia só os aplausos das pessoas a quem tu aplaudirias" - Uma frase do livro que Gonçalo M. Tavares levou para a entrevista com Bárbara Guimarães, "As cartas a Lucílio" de Séneca, escritas 50 anos depois de Cristo.    

Este livro "PÁGINAS DO PÁGINAS SOLTAS" de BÁRBARA GUIMARÃES de que estou a gostar, contempla uma série de entrevistas com alguns dos melhores espíritos do nosso tempo, como se pode ler na contracapa, lê-se como quem bebe uma imperial fresquinha quando temos muita sede, pois ainda por cima os entrevistados levam para a entrevista um ou dois livros que depois nos aconselham.
Por exemplo, Fernando Dacosta aconselha-me do grande, do gigante escritor Vergílio Ferreira, "Alegria Breve", Mário Zambujal aconselha-me de Rubem Fonseca - "Pequenas Criaturas", Gonçalo M. Tavares, para além do já citado Séneca, aconselha-me ainda "Austerlitz" de W.G.Sebald...e por aí fora, vou agora para a entrevista do Luís Miguel Cintra e, repito, estou a gostar deste livro que inaugura as minhas leituras de 2014, uma surpresa (ou talvez não)... 

Eis os 30 grandes espíritos entrevistados: Valter Hugo Mãe, Gonçalo M. Tavares, Ana Hatherly, Pedro Tamen, Maria Teresa Horta, Fernando Dacosta, Pepetela, Mário Zambujal, José Hermano Saraiva, Eduardo Prado Coelho, Beatriz Batarda, Fernando Lopes, Luís Miguel Cintra, Olga Roriz, Ricardo Pais, Joaquim Benite, Bernardo Sassetti, Aldina Duarte, Adolfo Luxúria Canibal, Artur Cruzeiro Seixas, Graça Morais, Roberto Chichorro, Ângelo de Sousa, Eduardo Souto Moura, Manuel Graça Dias, Marília Gabriela, Rodrigo Guedes de Carvalho, Adelino Gomes, Francisco Pinto Balsemão