sábado, 20 de abril de 2019

"OS VÍCIOS DOS ESCRITORES" - ANDRÉ CANHOTO COSTA - LEITURAS 2019 - VIII

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JAMES JOYCE confrontado com a ilegibilidade da sua escrita, o autor do misterioso, enigmático, e, segundo alguns, incompreensível "Ulisses" o autor respondeu; em vez de escrever um livro para ser lido por um milhão de pessoas, preferia escrever um livro que uma pessoa pudesse ler um milhão de vezes.

JAROSLAV HASEK ("O valente soldado Chveik") - Anarquista, passava o tempo a beber. Depois de embriagado, ia fazer as necessidades diante da esquadra da polícia.

MARCEL PROUST parece ter desenvolvido um genuíno gosto por jovens raparigas menores. Quando mais velho usava sempre luvas não apertando a mão a ninguém, mais por hipocondria do que por snobismo. Sempre rodeado de formol e outros desinfectantes.

WILLIAM FAULKNER era um homem tímido, com receio das multidões e da exposição pública. Desconfiava dos médicos, curando tudo com whisky, desde uma dor de garganta a uma distensão nas costas.

HERMAN MELVILLE tiranizava a vida familiar, sobretudo quando bebia. 

KAFKA um hipocondríaco vegetariano com um gosto suspeito por menores.

EÇA DE QUEIROZ um mulherengo vaidoso com tendência para o cinismo.

CAMILO CASTELO BRANCO um maníaco-depressivo, com tendência para o jogo.

CHARLES DICKENS manteve uma amante secreta e expulsou a mulher de casa.

GOGOL era uma fanático religioso e um homossexual reprimido.

DOSTOIEVSKI arruinou financeiramente a família no casino.

Realmente, como salienta o autor deste livro, os especialistas em literatura  afirmam que a vida dos escritores não tem utilidade para compreender os seus livros e, sem dúvida que algumas passagens deste livro comprovam-no.

É um livro que se lê com curiosidade e interesse, os capítulos não são extensos, o que é algo que muito contribui para uma leitura agradável. Eu gostei.

Contudo, não posso deixar de realçar que algumas das minhas expectativas sobre esta obra foram algo defraudadas —é que o título do livro, na verdade, não será o mais adequado para não dizer até de alguma "habilidade infantil", pois que, na minha perspectiva, estes vícios dos escritores não são mais do que pequenas biografias não muito diferentes das que já foram mil vezes difundidas. Mas é escritor para eu estar atento.



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André Canhoto Costa - Oeiras  1978


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sábado, 13 de abril de 2019

"MORTE DUM CAIXEIRO VIAJANTE" - ARTHUR MILLER - LEITURAS 2019 - VII


Livro Morte dum Caixeiro Viajante Arthur Miller |2549978 - HáTudo Portugal

Arthur Miller, que foi casado com Marilyn Monroe entre 1956 e 1961, escreveu esta excelente peça de teatro em 1949. 

Que perturbante e envolvente livro em que Arthur Miller tão bem expressa todo o drama social e familiar de Willy Loman — o caixeiro viajante — que vê sucumbir toda a sua ilusão de grandeza e que projectava para os seus filhos o sucesso que ele próprio gostaria de ter alcançado.

Willy Loman, pai de dois filhos, é um caixeiro viajante orgulhoso dos seus longos anos de vendas em que tinha em cada cliente um amigo, em que a amizade se sobrepunha às regras económicas, mas que, de repente, vê esfumar-se todo este seu mundo e se encontra, surpreendentemente (para si), desempregado.

A mestria de Miller dá-nos um excelente panorama do que é uma sociedade impiedosa que transforma um homem simples num simples número, num fracassado, logo que este se faz notar pela sua desadequação ao tempo e aos lugares em que se movimenta, depois de ver definhar a sua carteira de clientes, alcançada ao longo de anos de estrada, surgindo assim toda a sua inaptidão face à sua falta de competitividade quando passa a ser pago à comissão.  

Toda a sua vida de ilusório sucesso desaba e a este drama social junta-se um drama familiar quando é visto, por um dos seus filhos, com uma amante.

E acontece a trajectória descendente até ao suicídio.

Que bem narra Arthur Miller a cultura do "sucesso" medido através da comparação com os outros; é a sociedade que quase reduz a vida a uma procura constante de rendimentos mais elevados, onde é preciso ganhar cada vez mais dinheiro para comprar, comprar, comprar....

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Arthur Miller - n. Nova Iorque - 1915-2005



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(da pág.91) - de brincalhões toda a gente gosta, mas ninguém é capaz de lhes confiar um centavo.


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domingo, 7 de abril de 2019

"UMA LONGA VIAGEM COM ANTÓNIO LOBO ANTUNES" - JOÃO CÉU E SILVA - LEITURAS 2019 - V

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António Lobo Antunes é, na minha opinião, um escritor difícil. Confesso que actualmente não me "atrevo" a começar a ler um livro seu (o último que li "esfrangalhou-me" (Explicação dos Pássaros)).
Todavia, gosto e continuo a ler todos os seus livros de crónicas.

Curiosamente gostei e entusiasmei-me com a leitura dos seus três primeiros livros "Memória de Elefante", "Os Cus de Judas" e "Conhecimento do Inferno". 

António Lobo Antunes é um escritor que me interessa muito pela sua personalidade e pela sua história de vida.

Este "Uma longa viagem com António Lobo Antunes" não sendo, como li algures, uma cara do escritor será talvez o escritor munido das suas muitas caras.

João Céu e Silva fez aqui um grande e muito interessante trabalho, e este não será propriamente um livro de entrevistas — isto é literatura —  

Gostei, saboreei com muito prazer este excelente livro e fiquei expectante com outras longas viagens do autor, por exemplo, com José Saramago.


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retive e anotei:  
-(pág. 22)  -  Não tenho computador. Gosto de desenhar as letras 

-(pág.29)   -  Há um velho provérbio húngaro que diz: "Na cova do lobo não há ateus"


-(pág.47)   -  Eu tenho uma vida muito simples. Infelizmente não gosto de comer, de maneira que como em restaurantes aqui perto e não ligo muito ao que me servem                

-(pág. 50)  -  Os bares estão cheios — via-o quando ia buscar o Zé (Cardoso Pires) —de escritores que não escreviam, de pintores que não pintavam e de cantores que não cantavam

-(pág.306) -  Eu não sei mexer num computador, não tenho cartão multibanco, não tenho    automóvel,não tenho cartão de crédito...


-(pág.309)  - Conhece aquela célebre história de Picasso sobre os retratos de Jacqueline    todos verdes e há um que é encarnado, e aquilo era muito discutido até que foram perguntar ao homem. Porquê encarnado? E ele respondeu: "porque se me acabou o verde"  


-(pág.419)  -  "Pensar é ouvir com mais força" - Beckett


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António Lobo Antunes - n. Lisboa - 1942

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terça-feira, 2 de abril de 2019

"MANOBRAS DE GUERRILHA" - BRUNO VIEIRA AMARAL - LEITURAS 2019 - IV

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Nestas pequenas crónicas publicadas em diversos jornais, revistas e blogues, são abordados os mais diversos temas, desde o futebol à literatura, falando de Chalana, de algumas curiosidades sobre Muhamed Ali, da louca vida de Fredie Mercury, do olho azul e do olho castanho do David Bowie, do apego à terra do escritor Rentes de Carvalho e das suas constantes idas a Amsterdão onde leccionou (a propósito, deste autor, já leram "Com os Holandeses"? vale a pena).

Bruno Vieira Amaral é um jovem escritor que até agora ainda não me surpreendeu mas também ainda não me desiludiu.

Um lamentável senão com que deparamos em muitíssimas das 280 páginas deste livro é o facto de ter inúmeras notas (algumas bem longas) em inglês sem qualquer tradução. Desleixo ou falta de respeito pelo leitor?

- gostei e anotei   (página 232) -  sem temor não há crença -


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Bruno Vieira Amaral  - n. 1978 - Barreiro
3 - razoável

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