quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

"MOVIMENTO PERPÉTUO" - ANA CRISTINA PEREIRA - LEITURAS 2020 XXIV




Muito interessante este pequeno livro inserido na colecção "Retratos" que a Fundação Francisco Manuel dos Santos vem publicando e que li ainda em 2020 mas de que só agora tenho a oportunidade de falar, aliás, como ainda me falta falar de mais dois livros que também ainda li no ano que passou (li 26).

O que muitos dos emigrantes sofrem.

O ser humano é, muitas vezes, mau e perverso para os outros e neste livro isso pode comprovar-se nalguns "retratos" aqui muito bem expostos.

Há, por exemplo, um padeiro desterrado em Timor no início da ditadura militar. E dois filhos apanhados ainda pequenos pela II Grande Guerra, resgatados por australianos e recolhidos pela Casa Pia de Lisboa.

Há um serrador que cumpriu a ordem parra combater em Moçambique. E um operário que desertou e fugiu para França. 

Há mulheres que estavam na fronteira luso-espanhola a passar gente sem papéis. E mulheres que foram ter com os maridos a Moçambique e tiveram de fugir. Há um comercial que se livrou disso tudo, mas foi surpreendido pela crise, com a casa por pagar, e arriscou a sorte em Inglaterra. 

E há uma encruzilhada de outras vidas que as circunstâncias empurram para dentro ou para fora do país. São ecos dos últimos anos de migrações portuguesas.

Este pequeno livro de 102 páginas, cuja autora Ana Cristina Pereira é repórter do Público,  ajuda-nos talvez a entender melhor o sofrimento dessa gente migrante à procura de uma melhor vida noutras terras. 

 

                                                                             Ana Cristina Pereira a autora 

Retive e anotei:

pág. 49 - Entre 1960 e 1974, um milhão e meio de portugueses, um sexto da população residente, saíu de Portugal. O movimento de saídas chegou a ultrapassar os cem mil anuais.


3,5 - interessante

0 - li, mas foi zero
1 - desisti
2 - li, mas não me cativou
3 - razoável
3,5 - interessante
4 - bom
5 - muito bom
6 - excelente
7 - obra prima

 

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

"NÃO É FÁCIL DIZER BEM" - JOÃO PEDRO GEORGE - LEITURAS 2020 - XXIII



Esta é ainda uma leitura de 2020, aliás, uma releitura, pois já havia lido este livro em 2007, mas já não me lembrava de nada.

Relembro apenas que a primeira leitura não me entusiasmou e confesso que agora muito menos. E porque é que o voltei a ler? porque é um livro que fala de livros e de escritores, mas apenas algumas curiosidades que, contudo, não acrescentam muito aos livros que são analisados.

-O que aproxima António Lobo Antunes, José Eduardo Agualusa, Miguel Sousa Tavares, Manuel Alegre, António Mega Ferreira, Maria Filomena Mónica, José Rodrigues dos Santos? Estes e outros autores são analisados, sob um olhar atento e perscrutador do "crítico bulldozer" João Pedro George.

Por exemplo sobre Inês Pedrosa;

-"uma feminista assumida para quem "toda a História da civilização fora construída sobre o objectivo sistemático da exclusão das mulheres""

sobre livros:

-90 em 100 livros são eliminados/esquecidos ao fim de um ano e 99 em 100 ao fim de 20 anos. Vejamos o século XIX português. Quais é que são os escritores verdadeiramente lembrados pela maioria das pessoas? Eça de Queirós e, bem menos, o Camilo. Talvez um Herculano e um Garrett, não mais. Ora, em 100 anos a nossa sociedade reteve na melhor das hipóteses, 4 escritores.

Não direi que fossem muitas as expectativas mas, pelo tema abordado, seriam algumas; mas elas (as expectativas) foram-se diluindo ao longo do livro....... 
Todavia, é minha intenção ler mais livros deste corajoso crítico.

João Pedro George - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

   João Pedro George n. Moçambique 1972


2 - li, mas não me cativou

0 - li, mas foi zero
1 - desisti
2 - li, mas não me cativou
3 - razoável
3,5 - interessante
4 - bom
5 - muito bom
6 - excelente
7 - obra prima