quarta-feira, 26 de setembro de 2012

COERÊNCIA



Maria Teresa Horta, recusou receber das mãos do primeiro ministro Passos Coelho o prémio D. Dinis, com que o seu excelente romance, já abordado neste blogue,  "AS LUZES DE LEONOR" foi distinguido pela Fundação Casa de Mateus.
Os poetas Vasco Graça Moura, Nuno Júdice e Fernando Pinto do Amaral constituem o júri fixo do prémio.

Sobre esta recusa disse a poetisa:

«Não recuso o prémio que me enche de orgulho e satisfação, recuso recebê-lo das mãos do primeiro-ministro, que está determinado a destruir tudo aquilo que conquistámos com o 25 de Abril, e as grandes vítimas têm sido até agora os trabalhadores, os assalariados, a juventude que ele manda emigrar calmamente, como se isso fosse natural. Sempre fui uma mulher coerente. As minhas ideias e aquilo que eu faço têm uma coerência. Na realidade eu não poderia, com coerência, ficar bem comigo mesma, receber um prémio literário que me honra tanto [...] das mãos de uma pessoa que está empenhada em destruir o nosso país
 
 
 

terça-feira, 18 de setembro de 2012

E DEPOIS DE LIDOS...


Os livros fazem parte da minha vida e tudo o que com eles se relacione me interessa e chama a atenção.

Não há muito tempo o meu amigo Almeidinha dizia-me que havia uma colega de trabalho (que não tinha nenhum interesse pela leitura nem lia absolutamente nada) e que o questionava frequentemente (porque a intrigava) sobre o que é que ele fazia aos livros depois de os ler...

Escreve Umberto Eco no seu excelente romance "A MISTERIOSA CHAMA DA RAINHA LOANA", sobre uma situação semelhante:

Tenho cinco mil livros e há sempre o imbecil do costume que entra (em minha casa) e diz quantos livros tem? leu-os todos?
E o que é que eu respondo? nenhum, de modo porque os guardaria aqui? o senhor porventura costuma guardar as latas de conserva depois de as esvaziar? os cinquenta mil que já li ofereci-os a prisões e hospitais. E o imbecil estremece.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

BACH distraído



No tempo de férias, que já lá vão, reli (ou melhor revi) um livro que tinha lido recentemente e que tinha gostado, mas revi-o fundamentalmente porque "A MISTERIOSA CHAMA DA RAINHA LOANA", de Umberto Eco é um livro cheio de belas ilustrações. Curiosamente para além das belíssimas ilustrações ainda tive oportunidade de reter algumas situações que, na primeira leitura, me tinham passado um pouco lado; por exemplo esta relacionada com Bach:  
Diz-se que Johann Sebastian Bach (1685-1750) o célebre compositor alemão, organista, cravista e violinista do período barroco, era muito distraído e que Bach só perdeu o tino no dia em que lhe morreu a mulher e quando os agentes funerários lhe perguntavam como haviam de organizar as exéquias, respondeu que lhe perguntassem a ela.


quinta-feira, 6 de setembro de 2012

OPEN


Com o corpo todo "dorido" da boa via estou de regresso.

É o "lavar" do rosto para enfrentar mais um ano de trabalho.

E tentar manter aqui a memória que preenche o meu imaginário, sobretudo um dos que mais me dá satisfação e que mais preenche a minha vida - os livros.


Confirmei no entanto que, quem tem hábitos de leitura, não é propriamente nesta época que lê mais.

Contudo, neste período de férias, sempre me diverti (será talvez a palavra mais adequada) com mais um volume (da nova série) de "CONTA-CORRENTE", um excelente e delicioso "apanhado" do que foi o dia a dia e, ao mesmo tempo um retrato da vida portuguesa , durante os anos 80/90 do séc. XX, deste grande escritor português (VERGÍLIO FERREIRA - 1916-1926).



"NINGUEM ESCREVE AO CORONEL" do excelente escritor colombiano Gabriel Garcia Marquez (1927 -       ), que nunca me desilude, bem ao seu estilo, este magnífico livro.


"INCIDENTE EM ANTARES" o último livro doutro grande escritor, o brasileiro Erico Veríssimo (1905-1975), um fantástico julgamento dos vivos da localidade de Antares por alguns mortos insepultos e "trazidos à vida" e que, ao mesmo tempo, nos dá um retrato da história política do Brasil no século XX.



E "TEATRO DE SABBATH" de PHILIP ROTH (1933 -      ), que é para mim o melhor escritor americano vivo (dos que conheço). Pois este livro dá-nos um retrato do ser humano mais vil, abjecto, contra-natura, abominável e reles que possa existir. É um personagem absolutamente indescritível. É um livro "pesado" de leitura nada fácil, como são a grande maioria dos livros deste escritor; no entanto ainda não há muito tempo alguém (sabedor) me dizia que a Literatura é a sério, é aquela que nos dá que fazer à cabeça. E concordo, ao contrário dos que dizem que a Literatura terá de ser apenas diversão no sentido próprio do termo.



Sobre estes quatro livros, agora lidos em férias, a seu tempo virão aqui à conversa...