terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

POR ONDE E COM QUEM ANDEI EM 2011 - III



Depois de ter conhecido a extrema solidão personificada pelo escrivão Bartleby que Herman Melville me apresentou, testemunhei, com HÉLDER COSTA (na foto de cima) uma série de CONVERSAS COM GENTE FAMOSA


Jesus Cristo falando com Mão-Tsé-Tung e Goebbels


Marilyn Monroe entabulando conversa com Mussolini e com o nosso humanista Damião de Góis



Freud com Darwin, tentando compreender o fogo romântico e revolucionário da Pasionaria.



Os racistas da Ku-Klux-Klan abordando num tom odioso Luther King e amesquinhando Maria Callas


Salazar justificando-se perante a Soror Mariana sobre o assassinato de Humberto Delgado


E muitas outras conversas que decorrem assim à minha frente, assistindo portanto a uma troca de ideias para que o passado nos ilumine o futuro.


Assisto ainda, em fins de Fevereiro, a uma história mágica sobre a vida com BREVE HISTÓRIA DOS MORTOS do norte-americano KEVIN BROCKMEIN, - o nosso lugar no mundo e as ligações que estabelecemos uns com os outros - e sobre um misterioso local situado além da morte. Esta é uma história de um fascinante poder e imaginação, que permanece em nós muito depois de virarmos a última página. Em A Breve História dos Mortos encontramos duas narrativas paralelas.
Na primeira somos levados à cidade, local onde os mortos se encontram depois da morte, e onde permanecem, até que sejam lembrados no mundo dos vivos. Quando a sua lembrança desaparece, eles desaparecem também da cidade.


Deixou-me a pensar...esta última viagem à cidade dos mortos.
E chega o mês de Março e é altura de conviver com "o estrangeiro"...mas disso vos falarei na próxima

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

UM SILÊNCIO CRIMINOSO

Lousada, 22 Fevereiro 2012 – O tribunal de Lousada absolveu hoje o arguido Afonso Dias do rapto de Rui Pedro, a criança desaparecida em Lousada a 04 de Março de 1998, por falta de provas.

Segundo o colectivo de juízes, não se provou nem a tese de rapto nem o encontro do menor com a prostituta que alegou ter estado com a criança no dia do seu desaparecimento.

Afonso Dias recusa-se a falar em tribunal.

Como é possível que este indivíduo (que até poderá estar inocente), perante a ansiedade daqueles pais, nomeadamente perante o atroz sofrimento da mãe (que aflige qualquer pessoa) se recuse a proferir uma palavra que seja, uma palavra de esperança, uma palavra que possa abrir uma pequeníssima porta, que possa trazer um pequenissimo raio de luz àqueles destroçados pais? Perante este cenário, só uma pessoa de coração glaciar conseguiria manter este silêncio, só um coração de pedra se conseguiria manter fechado a sete chaves.

Assim sendo como admitir a sua inocência???

Este silêncio deveria ser julgado, este silêncio é crime!

domingo, 19 de fevereiro de 2012

A NEGAÇÃO DA SEMANA

A Cátia Esperança (28 anos), minha ex-colega de trabalho, a sua mãe Benvinda Esperança (53 anos) e a sua filha Mariana (4 anos) foram chacinadas à catanada pelo Pai, Francisco Esperança, um ex-bancário de 56 anos, residente em Beja, e que na passada 5ª. feira à noite apareceu enforcado na cela onde estava. Todos os animais da casa foram igualmente chacinados.
Alguém conseguirá explicação para um acto destes, tão irraccional, tão macabro?
Realmente a mente humana é um mistério e este é um dos actos que foge ao raciocínio comum do ser humano. Será concerteza objecto de estudo.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

RICARDO CORAÇÃO DE LEÃO





Poderá até haver razões para a saída do treinador Domingos Paciência mas, mais uma vez, não compreendo a saída de um treinador para desculpar os maus resultados. Creio que nunca, nos últimos vinte anos, o Sporting teve uma oportunidade de avançar com um projecto sólido para o futuro como com este treinador.

Nunca, mas nunca, concordei com a saída de um treinador (fosse ele qual fosse) a meio duma época, é quase sempre um erro tremendo e que não vai resolver nada no imediato nem no futuro.

Com Domingos Paciência o Sporting, numa determinada fase da época, praticou o melhor futebol dos últimos anos, a equipa mostrou um belíssimo futebol, uma consistência como equipa como há muito não via no meu clube.

Claro que agora se dirão muitas coisas que poderão ter contribuído para a sua saída mas, quando a mim, foi um erro.

Mas agora é seguir em frente e não olhar para trás.

Portanto, a partir de agora o meu treinador será o Sá Pinto, um sportinguista que todos os sportinguistas adoram, eu também gosto dele como sportinguista de rija têmpera, da sua raça, da sua força e de todo o querer que ele transmite e poderá até ser uma boa surpresa como o foi Paulo Bento.

E porque a esperança é verde eu confio no futuro do meu clube e tenho a esperança de que Ricardo Coração de Leão vai ter sucesso e trazer sucesso para o SPORTING CLUBE DE PORTUGAL.



segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

POR ONDE E COM QUEM ANDEI EM 2011 - II

Em Fevereiro continuo no México, mais precisamente no norte deste grande país da América do Norte (o 14º. maior do mundo e o 11º. mais populoso) agora na TERRA DE NINGUÉM com EDUARDO ANTÓNIO PARRA (na foto de cima). É um belo livro de contos situados na paisagem rural mexicana e também em paisagens urbanas do Norte do México deste jovem escritor mexicano (1965).



Com HERMAN MELVILLE, escritor americano (1819-1891) conheço depois a extrema solidão personificada no homem silencioso, "BARTLEBY,O ESCRIVÃO" que, tal como Kafka no grande, majestoso e inenerrável "O PROCESSO" (um dos melhores livros que li até hoje), nos apresenta alguém que não só age de forma contrária a toda a lógica, como constrange os outros a tornarem-se seus desalentados cúmplices. Herman Melville ( na foto de baixo) apresentou-me o escrivão Bartleby, através de um advogado de Wall Street, que o emprega como copista.
Apesar do escritório ter outros dois copistas não menos excêntricos, que se alternam diariamente nos períodos de mau humor, o narrador concentra o foco em Bartleby. Ele inicialmente parece ser um profissional capaz e reservado. Nada se sabe sobre ele, onde trabalhou, de onde veio, onde mora, se é casado, tem família ou mesmo qual sua idade. Até certo momento, isso desperta curiosidade, mas não importa, porque quieto no seu canto, ele faz o seu trabalho de maneira eficiente e sem incomodar os colegas.
O pacato Bartleby passa a ser considerado um problema quando lhe pedem para fazer algo e ele passa a responder simplesmente: “prefiro não fazer”. E só. Não explica o porquê, nem inventa desculpas. A situação se complica ainda mais quando Bartleby anuncia que prefere não mais trabalhar. Ainda assim, ele continua no escritório, em pé, olhando para a parede de tijolo do prédio vizinho.
Sem ver nas negações um indício de protesto, nem de desafio a sua autoridade, o advogado sente-se desarmado para lidar com a melancolia do silêncio de Bartleby.
Absolutamente confrangedor este escrivão com quem me consegui solidariezar; diria mais - arrebatador. A NÃO PERDER.

E assim chegamos a meados deste segundo mês do ano de dois mil e onze, entretanto, tenho já uma entrevista marcada com GENTE FAMOSA de que vos darei conta dentro de breves dias.


quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

PAIXÃO VERDE

Do meu caro amigo conterrâneo e correligionário Carlos Guerreiro (Rudy Kroll), grande centro-campista e nóvel treinador alentejano (de Beja) recebi esta deliciosa mensagem, que não resisto a passar-vos:
Já passava das 8 horas quando o gajo das pizzas chegou. O tabuleiro já estava estrategicamente colocado para levar para o sofá. Xandão e Rinauldo são titulares, manda-me Luis Mestre por mensagem! Com o Xerife fica mais fácil, há alguém com barba rija para meter o pé e para encostar o peito quando é preciso. Aqueles calções enfiados debaixo dos braços e a mordedura interna do céu da boca fazem com que só o olhar já seja respeitado pelos adversários. Começa a bola! Vamos Sporting! “Pai põe o Panda”, pede o Miguel, quando o mano Luis logo diz “não vês que tá a dar o Sporting!!!”. 1º momento de orgulho da noite. Adiante. Pereira cria a 1ª ocasião de golo, na nossa baliza! Pronto, hoje a sorte está para o nosso lado. Mantém-te calmo. Se esta não entrou, já não entra nada. Vejo o Pedro Caixinha no banco e é com grande orgulho que penso “és dos nossos!”. Mas hoje não podes ganhar. Desculpa amigo. O Xerife aparece e manda a bomba, qual Paul Scholes ou Ozil! Gooooooooolo! Foi-se o copo de sumo pró cacete! Barraca… O Luis rejubila, o Miguel continua com a chucha na boca e só diz ahahahahah, como que pensando “derrubaste essa merda, e agora não garreias, não!”. Outro golo! Capel! Não gritei porque ouvi o apito antes. Balbucio o tal palavrão entre dentes dirigido à mão do bandeirola, sendo que as imagens me dão razão, é limpo! Pior. O Sporting actual nem com duas de avanço me descansa, quando mais só com uma. Intervalo. Uma passagem pelos outros canais mostra o aborrecido Barcelona a vencer o Valência e a Juve a ganhar em São Siro. Jogos menores. Hoje é dia de Sporting! Penso ao intervalo “o Xandão não se aguenta com um amarelo, vai pra rua”. Começa a 2ª. em toada morna. Não entusiasmamos, cada lance que eles aceleram é um ai Jesus. “Põe o Panda pai!”. Pode ser o Nemo? Sem som? Ok. Vejo contudo, de soslaio, que o Luis não tira os olhos do Sporting e o Miguel, vá lá, divide as atenções. Com 2 anos 1 peixe cor de laranja é mais chamativo que ver uma disputa de bola entre o Mateus e o Polga, compreende-se. Por enquanto, que só tem 2 anos. Daqui a 6 meses já será problemático! Rondon é expulso, por vir a dar porrada ao Xerife desde a grande área. Justo. Penso, “contra 10 não podemos falhar, temos de matar já o jogo”. Mas depois o Polga parecia que estava ali ao meu lado, no sofá, a ver o Diego subir e cabecear para golo. Ó Polga, vai-te f…. Disputa a bola! O meu Baião ou o meu Pálinho limpavam fácil! Que enrolo! 20 minutos. Vou ao Jamor ver o Caixinha, está feito… O Matias começa a puxar dos galões! Até dá ânsias ver como joga este menino! Ele e o miúdo Carrillo são as minhas esperanças. As únicas , porque o Xerife já saiu! Até que Insua, esse bom lateral esquerdo que queremos transformar em ala quando tínhamos Izmailov no banco, entra na área e enleia-se com o lateral! “PENALTIIIIIIIIIIIIIII”, grito eu! E o Proença marca! O Óscar, moço que estudou em Beja, e o Aurélio entram em campo indignados. O João é expulso. Compreende-se a indignação. É forçado, aceito. Mas o baby face não tremeu e já está! Já me cheira a Jamor! “Com 15 minutos contra dez não podemos sofrer golos!”. Mas aquela casa treme por todos os lados e o angolano Mateus (mas que raio, a equipa do Nacional tem mais malta alentejana ou que passou por cá por Beja que muitas equipas têm portugueses!) ainda tem mais uma, onde 5 ou 6 leões saltam sobre 1 e perdem a bola, esquecendo-se do Mateus sozinho na boca da área. E estamos contra 10! “Bem Patricio! Bem Liliana, estás a fazer um bom trabalho, o homem está soltinho, defende tudo!”. No fim do jogo, a cereja, o gaiato formado no Carnide vai por ali fora, limpa todos os que lhe aparecem à frente, e à saída do guardião faz a redondinha sobrevoar o guardião e entrar. A ser o Daniel Alves era um golão, como é o João de Chelas, vamos ouvir “estava no fim, eles estavam mortos, o outro escorregou, as bolas já estavam vazias,etc, etc”. No fim mando a mensagem tradicional aos meus: “arranja o grelhador, levamos minis e médias, o pão compramos na fermento e saímos às 8 da manhã, para os carros entrarem na mata antes do encerramento do trânsito”. Estamos no Jamor! Ser do Sporting é sofrer, é ter esta paixão louca, e irmos à final da Taça, podermos passar um dia com amigos, ouvirmos o hino e vermos o grande SPORTING jogar, é um prémio merecido tendo em conta os tempos que passamos e os que aí vêm, com falência técnica, menor qualidade, etc. Mas a paixão, essa, não nos podem tirar!!!! ” Ganhámos pai!” diz o Luis, “anda dormir Miguel”, diz a Alexandra. “Pai, põe o Panda”, diz o Miguel, e quando se vem despedir de mim à sala, e eu já estou de portátil na mão a ver as notícias e as opiniões, ainda tem força para apontar para o computador e dizer “O pintinho Pio!”.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

O QUE ANDO A LER




O título deste post já está ultrapassado porque entretanto já acabei de ler "FREDERICO GARCIA OU EXISTÊNCIA INACABADA" de J.M.COURINHA.


*É o primeiro livro deste jovem autor que vive actualmente em terras do Baixo Alentejo.


Eis uma daquelas agradáveis surpresas que, quando as expectativas são baixas, e quando menos esperamos, nos surge um livro que nos prende, página a página, fazendo-nos às vezes parar para pensar e para meditar. É a história de três amigos da província, das suas vidas, dos seus percursos distintos e fundamentalmente de três naturezas divergentes. Três excelentes personagens, três vidas excitantes: Frederico, uma personalidade ímpar através do qual podemos avaliar várias formas de percepcionar a existência de cada um, as suas tristezas, alegrias, objectivos, segredos, sonhos e vícios secretos; Bruno, o menino pobre, filho de uma doce mãe e de um pai troglodita que a assassina e, sem dúvida a personagem mais forte, o Sr. Rebelo, alguém que sempre adoraríamos encontrar na vida e de quem é impossível não gostar-o mundo seria melhor se todos tivéssemos o despreendimento e a humanidade de Don Rebelo-.

Gostei deste livro recentemente editado (Setembro de 2011).






*Nota:-A propósito de ser o primeiro livro deste jovem escritor permito-me aqui transcrever o que, sobre o facto, dizia Vergílio Ferreira (que já tive oportunidade de dizer ao próprio autor):-rarissimamente um autor começa com um primeiro livro, mesmo que bom-Começa normalmente com o segundo ou terceiro que torna enfim visível o primeiro.
Por isso Courinha, vamos ao segundo e ao terceiro.


sábado, 4 de fevereiro de 2012

A NEGAÇÃO DA SEMANA

A desumanização universal da sociedade caminha para o seu ponto mais alto (ou mais baixo...), com os nossos velhos a morrerem absolutamente sós e abandonados, sem assistência, sem nada nem ninguém, é a sociedade ultra/troglodita no seu absoluto zénite, aliás, creio que este facto é directamente proporcional à gente que nos governa (e ao mundo) e que nos está a conduzir para um tipo de sociedade que não nos deixa alternativas e as suas políticas conduzem inevitavelmente ao que está sucedendo. As pessoas não têm por onde escapar ou seguem o caminho que eles traçam ou serão trucidadas. É a desumanização total no poder.