terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Cesário I, Cesário II, Cesário III, José Maria I, José Maria II ...


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Cesário I, Cesário II, Cesário III, José Maria I, José Maria II e José Maria III, Fernando Mendonça, João Mendonça e Jorge Mendonça (Sporting de Braga); Garcia, Coureles e Picareta, Manteigueiro e Cafum, Lãzinha e Couceiro (Sporting da Covilhã); Vital, Teotónio, Batalha, Caraça, Flora e Falé, José Pedro, Patalino (Lusitano de Évora)...toda esta galeria de nomes (e rostos) fazia parte dos bonecos da bola que alegraram a minha infância e que ainda estão bem vivos na minha memória. Todos estes bonecos eram colados em cadernetas (normalmente com farinha, na falta de cola) que constituíam a nossa felicidade quando completadas o que não era nada fácil; o "boneco da bola" -que estava colado no fundo da lata- e que normalmente saía "à casa", e que, por ser o último, valia uma bola de caut-chug (algo que, na altura, sair-nos em sorte seria como se nos saísse a sorte grande).   

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Coureles (e não Courelas)
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Couceiro


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Pois foi esta "bela memória" que, na última sexta-feira, revi numa interessante exposição que está actualmente patente em Lisboa, na Biblioteca Nacional de Portugal (ao Campo Grande), que, para além dos bonecos da bola, apresenta outros cromos que igualmente povoaram (e adocicaram) a minha infância, como a célebre "RAÇAS HUMANAS", "EMBLEMAS DESPORTIVOS", "HISTÓRIA NATURAL", "BANDEIRAS MUNDIAIS", "HISTÓRIA DE PORTUGAL", "ARTISTAS DE CINEMA" e outras interessantes colecções que eram autênticas mostras de carácter enciclopédico.


Esta bela exposição dedicada ao cromo em Portugal, para além das colecções nacionais expostas, inclui também edições estrangeiras, com ela relacionadas, ilustrações originais, uma máquina (manual) de fabricar rebuçados, latas de caramelos, brindes das colecções...reminiscências com história de um quotidiano nacional cuja memória merece ser conservada. 

Uma excelente iniciativa apresentada pela Biblioteca Nacional com o apoio do Clube Português da Banda Desenhada que representa um evento digno de nota e que vale a pena ver.

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Cadernetas de cromos

100 anos do cromo colecionável em Portugal

EXPOSIÇÃO | 1 fev. '17 | 19h15 | Galeria do Auditório | Entrada Livre / até 29 abr. '17

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

"A BIBLIOTECA À NOITE" - ALBERTO MANGUEL - LEITURAS 2017 - III

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ALBERTO MANGUEL é um entusiasta do prazer dos livros, e o seu entusiasmo, está aqui exposto ao abordar a Biblioteca de todas as maneiras e feitios, seja a Biblioteca como Mito, como Ordem, como Espaço, como Poder, como Sombra, como Forma, como Acaso, como Oficina, como Mente, como Ilha, como Sobrevivência, como Esquecimento, como Imaginação, como Identidade e até a Biblioteca como Lar.

Efectivamente, Alberto Manguel, um dos maiores bibliófilos do mundo, a partir da sua mítica biblioteca pessoal, com mais de 40 mil livros num antigo presbitério em França, conta-nos tudo o que sabe sobre a história, o fascínio e os enigmas das bibliotecas, para além de nos contar belas histórias também sobre leitores. A copiosa biblioteca de Charles Dickens, o catálogo imaginário de Colette e tantos outros.

É um livro para quem gosta de livros, para quem tem a paixão da leitura, não será certamente um livro para quem apenas lê um livro de vez em quando, isso não.

Os livros queimados, os livros não lidos, os livros proibidos, a falta de espaço, a arrumação dos livros, os livros esquecidos que quando menos esperamos voltam a ser uma novidade quando afinal já os possuímos há tanto tempo, uma fotografia que já havíamos esquecido nas páginas de Pearl Buck, uma nota de vinte escudos dentro de um John Steinbeck, um bilhete de eléctrico cor de rosa velho entre as páginas do rei verde do P. L. Sulitzer, são situações que, de algum modo, são abordados neste belo livro.

Este é um daqueles livros que, não sendo de modo nenhum um livro fácil, não é um livro de uma só leitura é um livro que, tenho a certeza, irei voltar a ele com muita frequência, porque é um livro em que na primeira leitura muita coisa ficará por descobrir.

Alberto Manguel é um autor extremamente versátil: ensaísta, ficcionista e tradutor mas conheço-o fundamentalmente como o mais cativante, o mais eclético, o mais criativo de todos os ensaístas da actualidade e sobretudo um entusiasta que mais fala de livros do prazer dos livros, embora, por vezes, na minha perspectiva um pouco académico.


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Alberto Manguel  1948  - Buenos Aires

nota 3,5  -  interessante

0-li, mas foi zero
1-desisti
2-li, mas não me cativou
3-razoável
3,5-interessante
4-bom
5-muito bom
6-excelente
7-obra-prima


sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

ARGUS

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Quando ontem me desloquei ao cemitério da Amadora, tive a felicidade de observar uma cena que paradoxalmente me paralisou e me marejou os olhos: deitado junto à campa do dono estava um cão que ali se mantinha e ladrava a quem se aproximava do dono; foi uma cena que me comoveu e que cimenta ainda mais o meu amor pelos animais; os seus latidos mais pareciam lamentos e choros de não ver fisicamente o seu dono.

Não sei se se chamaria Argus mas fez com que me lembrasse de Ulisses que, depois do longo exílio, volta a casa (à sua ilha de Ítaca) disfarçado de mendigo sendo reconhecido apenas por Argus, o seu cão, já bem velho, sem forças para fazer mais do que abanar o rabo ao reencontrar o dono. Ulisses então chora, e as lágrimas provocadas pela saudação de Argus dão a medida da cumplicidade que infelizmente apenas parece possível entre cães e homens.

Uma cena inesquecível ao olhar a tristeza daquele animal que não voltará a sentir a alegria de ser acarinhado pelo dono, não mais pode correr em volta dele para o levar a passear.