quarta-feira, 30 de outubro de 2019

"UMA LONGA VIAGEM COM JOSÉ SARAMAGO" - LEITURAS 2019 - XVII


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Depois de "Uma longa viagem com Álvaro Cunhal" e de "Uma longa viagem com Miguel Torga", esta longa viagem com José Saramago é o terceiro volume de uma série que pretende fazer o retrato biográfico de alguns portugueses ilustres, através de uma longa entrevista e dos testemunhos de quem os conheceu. Foi, entretanto, já publicado "Uma longa viagem com António Lobo Antunes", livro que já li e de que já aqui, neste blogue, dei conta.

Nesta longa viagem com João Céu e Silva, que durou mais de um ano, José Saramago como que se entregou às confissões sobre a sua vida dando a conhecer os pormenores vividos ao longo da mesma e mostrando a sua humanidade que creio seria efectivamente um homem de grande carácter e de uma nobreza elevada.

Já li algumas (pequenas) biografias sobre José Saramago mas este foi o livro de que mais gostei e onde me pareceu melhor retratado o homem e o escritor que foi.

Eis alguns (dos muitos) excertos que anotei: 

  - como me ocorreu o título de "O ano da morte de Ricardo Reis"? foi em Berlim, num quarto de hotel. Sentei-me na cama para descansar um pouco, deixei-me cair para trás, e, nesse momento, caíram-me do tecto as palavras "o ano da morte de Ricardo Reis". 

  - Ler um romance não é ler história, porque um romancista não é um historiador, ele é um homem que vê a religião pelo lado da tristeza e não entende nem acha que queira entender a Igreja Católica.


  -  O ataque de soluções que tive durou um mês e meio


  - O Álvaro Cunhal era um homem com quem se podia conversar duas horas e quando se saía do encontro se nos perguntássemos do que é que tínhamos falado, não nos recordávamos! Porque armava uma conversa — taka taka taka taka — e um tipo ia naquele embalo e sobre algo de concreto que se queria saber, mesmo que se expusesse o problema muito concretamente, ele dava uma volta  e nunca haveria uma resposta esclarecedora.


  - Os inteligentes adoram encontrar personagens com opinião própria, os ignorantes é que não 


José Saramago, Prémio Nobel da Literatura em 1998, é certamente o escritor português mais traduzido e mais lido no estrangeiro, e creio mesmo que mais conhecido do que em Portugal.

Poderei estar a exagerar (para alguns) mas José Saramago será porventura o melhor escritor português depois de Camões.

Vale a pena lê-lo!

Devo confessar que o primeiro livro que li do José Saramago (O Memorial do Convento) da primeira vez que lhe peguei não consegui passar da página 50 mas à segunda, uns meses depois, li-o de uma só vez, foi de seguida e é realmente um livro fantástico!


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