domingo, 24 de maio de 2020

"OS CAVALOS TAMBÉM SE ABATEM" - HORACE McCOY - LEITURAS 2020 - XIV

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Este é um excelente retrato dos Estados Unidos da América nos terríveis anos 30 da Grande Depressão, em que uma imensa maioria da população carecia de uma vida digna sofrendo com o desemprego.

Toda a obra se desenrola no interior de um recinto onde decorre uma maratona de dança, em que ganha o último par a ficar em pé, e que acumula toda a sorte de miseráveis e desesperados que de uma forma verdadeiramente inumana testam ao extremo a sua resistência em troca de comida, roupas e do prémio mais desejado (1.500 dólares) que, certamente, seria na altura uma avultada quantia. 

Neste pequeno relato está contido todo o desespero e toda uma luta de competição entre desesperados que ainda procuram uma chance talvez, quem sabe, em Hollywood, dado que, durante a maratona lhes é anunciado (aos concorrentes) que estarão nas bancadas a assistir muita gente ligada à meca do cinema. nomeadamente alguns realizadores influentes na indústria.

O que me empurrou para a leitura desta pequena novela de 165 páginas (perdido nas prateleiras há mais de 20 anos) foi o já ter visto, há muitos anos na TV, o filme, creio que com uma excelente interpretação da Jane Fonda. 

Confesso que este é um daqueles livros em que gostei mais do filme já que, embora à distância, me pareça que o filme expressa melhor todo o sofrimento e todos os sentimentos daqueles desesperados. Neste sentido, o livro ficou aquém das minhas expectativas. 


   
Horace McCoy | Artista | Filmow
Horace McCoy  -   EUA   1897-1955

3 - razoável

0 - li, mas foi zero
1 - desisti
2 - li, mas não me cativou
3 - razoável
3,5 - interessante
4 - bom
5 - muito bom
6 - excelente
7 - obra prima


segunda-feira, 18 de maio de 2020

"DIÁRIO Vols. XI e XII" - MIGUEL TORGA - LEITURAS 2020 - XIII


Mito de Sísifo: Diário Vols. I e II - Miguel Torga

SE CANTASSE

Se cantasse, talvez o coração
Sossegasse no  peito.
Mas vou perdendo o jeito
De cantar.
A vida, devagar,
Leva-nos tudo,
E deixa-nos na boca o gosto de ser mudo.

-Miguel Torga era de pedra por fora mas de algodão por dentro-

Gosto de ler diários e memórias de escritores e estes Diários, Vols. XI e XII, de Miguel Torga são um manancial de memórias, de literatura, de poesia e de muitos outros aspectos da vida portuguesa; e que bem os relata este grande escritor português!

Como se sabe, Miguel Torga é o pseudónimo literário do médico Adolfo Correia da Rocha.

Nasceu em S. Martinho da Anta (Trás-os-Montes) em 12 de Agosto de 1907 e faleceu em Coimbra em 17.01.1995.

Aos dez anos foi para uma casa apalaçada de familiares, no Porto, onde é um criado para todo o serviço. Contudo, devido à sua insubmissão, foi despedido um ano depois.

Teve seguidamente uma breve passagem pelo Seminário de Lamego mas não querendo ser padre, como disse ao seu pai, emigrou aos treze anos para o Brasil tendo aí trabalhado numa fazenda de café do tio, em Minas Gerais, até aos dezoito anos, O tio, querendo compensá-lo por estes anos de árduo trabalho, dispôs-se a pagar-lhe os estudos e por isso regressa a Portugal licenciando-se pela Faculdade de Medicina, em 1933.  

E em Coimbra exerce clínica durante mais de seis décadas.

Publicou mais de cinquenta livros e foi várias vezes indicado para o Prémio Nobel da Literatura.

Gosto dos seus diários pois em todos, os que li até agora, se afirma, de modo mais ou menos explícito, a vontade de preservar a pureza do ambiente natural.

Nos seus Diários (publicados de 1941 a 1987), estes vols. XI e XII, entre 1968 e 1977, encontramos, em prosa e em verso, admiráveis textos de variada espécie: reflexões culturais do mais longo alcance, lúcidos e pungentes instantâneos de vida quotidiana; corajosas tomadas de posição no campo ideológico; fulgurantes análises da alma e da paisagem portuguesas; apontamentos de deambulações além-fronteiras; belíssimos poemas (como o que acima reproduzo). 

Em suma, é sempre um prazer a leitura dos diários deste grande escritor e grande poeta português, e estes Vols. XI e XII não foram excepção. 

Foi, entre muitas outras honras, distinguido com o Prémios Camões em 1989.


Língua Portuguesa: 10 brilhantes poemas de Miguel Torga | VortexMag
Miguel Torga  -  1907 - 1995
  

sublinhei:

-(pág.23)   -   Leve tudo a sério na vida, mas não se leve a sério a si

-(Pág.35)   -  As pessoas confundiram no meu temperamento modéstia com orgulho, pudor com egoísmo, franqueza com agressividade, desinteresse com estratégia.



3,5 - interessante

0 - li, mas foi zero
1 - desisti
2 - li, mas não me cativou
3 - razoável
3,5 - interessante
4 - bom
5 - muito bom
6 - excelente
7 - obra prima