sexta-feira, 27 de março de 2020

"O ESCAFANDRO E A BORBOLETA" - JEAN-DOMINIQUE BAUBY - LEITURAS 2020 - VIII


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Um livro escrito com os olhos.

No dia 8 de Dezembro de 1995, um acidente vascular mergulhou Jean-Dominique Bauby num estado de coma profundo. Quando dele emergiu, todas as suas funções motoras se haviam deteriorado, pois fora atingido por aquilo a que a Medicina chama "locked-in syndrom" (literalmente: fechado no interior de si próprio), ficando por isso totalmente paralisado, e só o seu cérebro e a sua pálpebra esquerda eram excepção ficando assim condenado a viver como um vegetal.

Sabia-se que o seu cérebro estava intacto, mas os médicos não acreditavam que um dia fosse possível que ele estabelecesse qualquer tipo de comunicação minimamente elaborada com o exterior.

E inicialmente, apenas o ensinaram a dizer sim e não com a pálpebra —uma piscadela queria dizer "sim", duas "não"—

Um dia, uma ortofonista (especialista em métodos de reeducação verbal e da voz) olhou bem para ele e para os seus movimentos com a pálpebra esquerda. E percebeu que seria possível estabelecer, com relativa facilidade. um contacto inteligente.
E com a ajuda de um alfabeto especial (conhecido em França com o nome de ERSATUIL) e através de 200 mil piscadelas de olho escreveram um livro que é uma reflexão sobre a vida. 

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Um livro que nos descreve o que só ele via o que só ele ouvia, as pessoas que dele tratavam, o enfermeiro que lhe apagava a televisão a meio de um jogo de futebol do seu clube que seguia com todo o fervor, os comentários do enfermeiro que entrava no quarto como se ninguém lá tivesse, o que lhe dizia bom dia sempre com o mesmo tom e sempre sem o ver...

Quatro dias depois do início da distribuição do livro, o jornalista Jean-Dominique Bauby, faleceu aos 45 anos de idade.

Na altura da morte do autor desta obra, o jornalista Daniel Ribeiro correspondente do jornal Expresso em Paris, escreveu: 
Até ao dia em que sofreu o derrame que o paralisou, Jean-Dominique Bauby era um homem de acção. Andava de moto, frequentava os circuitos da Formula 1, conduzia a alta velocidade e, mundano, bebia e gostava de conversar e de frequentar bares na moda. Adorava Paris e Nova Iorque e florestas tropicais. Era chefe de redacção da revista "Elle" desde 1994. Antes, tinha sido jornalista no "Combat" e no "Quotidien de Paris", chefe de redacção do "Matin de Paris" e editor da secção cultural do "Paris Match".

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Jean-Dominique Bauby com os filhos

 -sublinhei: 

- (da pág. 137) - As portas do BMW fecham-se suavemente. Disseram-me um dia que os bons carros se reconhecem pela qualidade desse som.



3,5 - interessante

0 - li, mas foi zero
1 - desisti
2 - li, mas não me cativou
3 - razoável
3,5 - interessante
4 - bom
5 - muito bom
6 - excelente
7 - obra prima


sábado, 21 de março de 2020

"DIÁRIO DE ANNE FRANK" - LEITURAS 2020 - VII

diarioannefrankxs


Este é um dos livros mais lidos de sempre, sobre a tragédia da jovem judia holandesa que, entre 1942 (tinha então 13 anos) e 1944, foi acolhida, com a família, num sótão e que deixou os seus pensamentos escritos neste diário, em que regista os últimos 14 meses de tormento vividos com os pais e a irmã mais velha num anexo clandestino de Amesterdão, às escondidas das autoridades hitlerianas.

O esconderijo foi descoberto por denúncia, só que nunca se apurou ao certo quem foi o autor da denúncia que levou à descoberta do refúgio. Recentemente um estudioso sobre Anne Frank sustenta que o denunciante terá sido um sócio de Otto Frank, o pai de Anne. Mas outros historiadores aventam outros nomes.

Anne Frank e os restantes sete "mergulhados" (assim se chamavam aos que se mantinham escondidos da fúria nazi) foram descobertos e enviados para campos de concentração. O pai sobreviveu mas Anne e sua irmã morreram em Março de 1945 no campo de concentração de Bergen-Belsen (norte da Alemanha), dois meses antes da libertação da Holanda.

Já havia lido este livro há mais de dez anos e é um livro que toda a gente deveria ler. 

É um livro importante!

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-sublinhei: 

- (da pág. 12) - As lágrimas humanas são as mesmas em todos os seres humanos e em todas as partes do mundo

- (da pág. 115) - É sempre melhor não adiar o que tem de se dizer


4 - bom

0 - li, mas foi zero
1 - desisti
2 - li, mas não me cativou
3 - razoável
3,5 - interessante
4 - bom
5 - muito bom
6 - excelente
7 - obra prima

quarta-feira, 11 de março de 2020

"LIVRARIAS" - JORGE CARRIÓN - LEITURAS 2020 - VI

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Uma pequena viagem pelas maiores e mais antigas livrarias do mundo.

Por exemplo, a mais antiga de Itália, a LIBRERIA BOZZI foi fundada em 1810 e continua aberta, o seu primeiro proprietário foi um sobrevivente da Revolução Francesa, chamava-se António Beuf.

A mais antiga do mundo é, segundo o Record Guiness, a Livraria Bertrand, em Lisboa. 

A Livraria Lello, do Porto, cujas origens remontam a 1881, foi fundada com o nome Livraria Internacional de Ernesto Chardron, na Rua dos Clérigos, foi depois rebaptizada como Sociedade José Pinto Sousa Lello & Irmão, estabelecendo-se na Rua do Almada. Finalmente em 1906, a livraria receberia o seu nome definitivo, Livraria Lello & Irmão, com a construção do edifício actual —entre neogótico e art deco—

                                                     Livraria Lello - Porto


Resultado de imagem para livraria lello portoLivraria Lello, Porto, Portugal - #oporto #porto #portugal #lello A Livraria Lello é considerada uma das livrarias mais bonitas do mundo.  Já visitei várias vezes a cada visita à cidade do Porto.  Nesta última visita, fiquei surpreendido com a notícia de que a entrada era paga.  O preço da entrada pode, no entanto, ser deduzido do preço da compra de qualquer livro.  A Livraria Lello é considerada uma das livrarias mais bonitas do mundo.  Eu o visitei várias vezes toda vez que visito o Porto.  Nesta última visita, fiquei surpreso com a notícia de que a entrada foi paga.  O preço do bilhete pode, no entanto, ser deduzido do preço da compra de qualquer livro.


Num misto de ensaio e livro de viagens, Jorge Carrión cria uma possível cronologia do desenvolvimento das livrarias e do que elas representam, não apenas como actividade económica mas sobretudo como mitos culturais, centros de tertúlia e de debate político, ou lugares para a troca de ideias e refúgio dos solitários.

Nestas páginas nomes míticos desfilam como emblemas da melancolia e de conforto, como a Bertrand do Chiado lisboeta, as parisienses La Hune ou a mítica Shakespeare & Co., Lello (Porto), entre muitas outras.

                               Livraria Bertrand - Lisboa - a mais antiga do mundo  (1732)








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Motivado pelo tema, esperava eu que fosse uma viagem fascinante ao coração dos livros mas devo confessar que, talvez porque as minhas expectativas eram muito altas, senti alguma frustração pois o livro será, talvez, demasiado condensado e, na minha modesta opinião, pouco esclarecedor (por vezes até maçador), e, repito, se as minhas expectativas eram altas...talvez daí esta pequena desilusão. 

Em bom português, e o Jorge Carrión que me perdoe, mas aqui talvez o autor tenha tido mais olhos que barriga...   



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Jorge Carrión - n. Tarragona-Espanha-1976

 Li e retive: 

 - (pg.76) - Oscar Wilde morreu na capital francesa, sumido na indigência


- (pg. 225) - A FNAC nasceu em 1954 como uma espécie  de clube literário de espírito socialista


- (pg. 233) - A primeira edição da Reader's Digest saiu em Fevereiro de 1922


- (pg. 262) - A Ler Devagar é, actualmente, a livraria com mais livros em Portugal





2 - li, mas não me cativou

0 - li, mas foi zero
1 - desisti
2 - li, mas não me cativou
3 - razoável
3,5 - interessante
4 - bom
5 - muito bom
6 - excelente

7 - obra prima

quarta-feira, 4 de março de 2020

"UMA ABELHA NA CHUVA" - CARLOS DE OLIVEIRA - LEITURAS 2020 - V

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"UMA ABELHA NA CHUVA" é o nº. 13 da nova Colecção Miniatura dos Livros do Brasil e foi o último volume publicado desta interessante e bonita colecção. 

Sei lá há quantos anos ando para ler este livro de Carlos de Oliveira, que nasceu em Belém do Pará, filho de pais portugueses emigrados no Brasil. Tinha apenas dois anos quando a família regressou a Portugal.

Um bom livro que nos conta a história de Álvaro Silvestre que vive um casamento falhado e estéril, gerado pela conveniência de antigos interesses familiares, na pequena aldeia de Montouro, espaço provinciano onde todas as biografias se cruzam, se intrometem umas nas outras. 

Num Outono chuvoso e lamacento, as vidas dos protagonistas de uma "Abelha na Chuva" afundam-se num ciclo trágico de mentiras, vingança e amores frustrados, que põe a nu a estrutura social de um Portugal pobre, desamparado, do século XX. 

Lançada em 1953, esta é uma obra incontornável do neorealismo português e um livro que li com muito interesse.




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Carlos de Oliveira - Belém do Pará-Brasil- 1921-1981


-sublinhei (da pág. 31): - Se as orações dos cães chegassem ao céu choviam ossos



4 - bom

0 - li, mas foi zero
1 - desisti
2 - li, mas não me cativou
3 - razoável
3,5 - interessante
4 - bom
5 - muito bom
6 - excelente
7 - obra prima
  

domingo, 1 de março de 2020

"TUDO O QUE NÃO ESCREVI" - DIÁRIO I - EDUARDO PRADO COELHO - LEITURAS 2020 - IV

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Eduardo Prado Coelho era um "tudólogo", como já o ouvi designar por alguns escritores, nomeadamente pela bonita escritora Patrícia Reis, que às 4ª.s feiras, às 23h, oiço com frequência na Antena Um, com as suas amigas e igualmente belíssimas escritoras Rita Ferro e Inês Pedrosa e ainda Ana Daniela Soares, no programa "A páginas tantas", o único programa (excelente) sobre literatura de que tenho conhecimento na nossa Rádio, e do qual sou ouvinte assíduo.

Eduardo Prado Coelho não era propriamente um desconhecido para mim, pois lia sempre com muito interesse as suas crónicas jornalísticas e até já tinha lido um livro seu (agora não me lembro do título). 
Infelizmente, esta edição deste seu Diário I, de "Tudo o que não escrevi", edição da ASA, que requisitei numa Biblioteca Pública, tem (a meio do livro e às vezes intercaladamente) cerca de vinte páginas totalmente em branco que, certamente por lapso (quiçá até por desleixo), não foram impressas e, como facilmente se deduz, há assim longos trechos do livro que ficaram completamente destruídos.

Contudo, do que li, não deixei de gostar, até porque gosto de diários e a referência a personagens como Baptista Bastos, Vergílio Ferreira, Luís César Monteiro interessaram-me sobretudo.

Por exemplo, esta passagem referente ao João César Monteiro parece-me genial:
  - O João César será sempre o indivíduo que tendo matado o pai e a mãe, chega ao tribunal e diz: "Perdoe-me, Senhor Doutor Juiz, que eu sou um orfãozinho"; e outras passagens muito engraçadas como, por exemplo, sobre Luiz Pacheco, Vasco Pulido Valente e outros personagens interessantes.

Retive ainda esta sua brilhante análise sobre o que era a sua biblioteca particular: 
-"a minha biblioteca só seria uma realidade tranquilizante se obedecesse à regra muito simples de conter tantos livros por ler quanto os livros que nela já li."

Não fora o facto deste Diário I estar "bombardeado" do modo que já salientei e diria que a leitura do mesmo tinha sido óptima, assim...a leitura do Diário II ficará para segundas núpcias.  


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Eduardo Prado Coelho  1944-2007


3 - razoável

0 - li, mas foi zero
1 - desisti
2 - li, mas não me cativou
3 - razoável
3,5 - interessante
4 - bom
5 - muito bom
6 - excelente
7 - obra prima