domingo, 29 de setembro de 2013

O ESTADO DE GUERRA (O QUE ANDO A LER) - II

Clara Ferreira Alves


A exemplo do post anterior transcrevo aqui mais um excerto do excelente livro de crónicas (ESTADO DE GUERRA) que ando a ler, da firme e implacável jornalista e escritora CLARA FERREIRA ALVES:

"A elite portuguesa nunca foi estelar (estrela), e entre a expulsão dos judeus e a perseguição dos jesuítas,dispersámos a inteligência e adoptámos uma apatia interrompida por acasos históricos que geraram alguns estrangeirados ou exilados cultos permanentemente amargos e desesperados com a pátria (Eça de Queiroz,Jorge de Sena).

Eça de Queiroz -1845-1900
 
 
Em MEMORIAL DO CONVENTO, Saramago dá-nos um retrato da estupidez dos reis,mas exalta romanticamente o povo. Todos os artistas comunistas o fizeram, num tempo em que o partido comunista tinha uma elite intelectual e de resistência inspirada por um chefe que, aos 80 anos, quase cego, resolveu traduzir Shakespeare.
 
Cunhal traduzindo o REI LEAR de um lado, Relvas posando nas fotografias ao lado da bandeira do outro. Relvas nem personagem de Lobo Antunes, o (d)escritor da tristeza pós-colonial, chega a ser. É um subproduto de telenovela.


o escritor e poeta Jorge de Sena - 1919-1978


O tempo dos chefes cultos acabou, e se serve de consolação, não acabou apenas em Portugal. A distinção está na capacidade de fazer dinheiro. Acumular capital. O Rei Verde. O dinheiro,as discussões em volta do dinheiro...eis o mundo actual...



um poema de Jorge de Sena

 














 

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

ESTADO DE GUERRA (O QUE ANDO A LER)

Do livro que ando actualmente a ler, "ESTADO DE GUERRA"  da excelente jornalista e escritora Clara Ferreira Alves, que faz neste livro uma síntese perfeita, firme e implacável do estado a que chegámos (não só de Portugal...); transcrevo alguns excertos:





Nada distingue hoje a burguesia do proletariado. Consomem as mesmas revistas do coração, leem a mesma má literatura (que passa por literatura), veem a mesma televisão, comovem-se com as mesmas distrações.

Uns são ricos, outros são pobres.



sábado, 21 de setembro de 2013

FRANK SINATRA E A IMPRENSA


A relação de Frank Sinatra com a imprensa sempre foi muito tumultuosa e dizia nos seus concertos, com muita frequência, ao público:

 “A única utilidade que eu tenho para os jornais é: forrar o fundo da gaiola do meu canário e ensinar ao meu cão o sítio onde deve fazer as necessidades”.
 
 

Extraído do livro “HIS WAY-a biografia não autorizada de Frank Sinatra (que ando a ler)

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

RONALD REAGAN/FRANK SINATRA

Acerca do livro que ando a ler "HIS WAY-A BIOGRAFIA NÃO AUTORIZADA DE FRANK SINATRA", da escritora e jornalista norte americana KITTY KELLEY, já aqui falei no post anterior.



Porque me parece interessante, volto hoje ao mesmo tema e deixo aqui mais algumas situações curiosas acerca desta personagem:

-A antipatia de Sinatra por Ronald Reagan, em 1966, era imensa.-Frank odiava o tipo. Odiava-o mesmo, disse um amigo: Se estávamos numa festa e o casal Reagan chegava, Frank estalava os dedos e dizia: -Vamos-nos embora. Não suporto o palerma do Ronnie. É um chato. De cada vez que alguém se chega ao pé dele, faz um discurso sem perceber nada do que está a dizer. O problema com o Reagan é ninguém lhe dar trabalho-. Isto aconteceu mais duma vez, porque Frank não suportava estar na mesma sala do que Reagan. Sempre que eles entravam saíamos nós, e tínhamos sempre que ouvir os remoques de Frank contra Reagan.

Sinatra recebe,em 1985, de RReagan a medalha Presidencial da Liberdade (dos EUA) 

É verdade que Frank desprezava o Ronnie tanto quanto desprezava o Richard Nixon, disse Peter Lawford. "Frank dizia que Reagan era do mais direitista que há - estúpido e perigoso, e um primário. Jurou que saía da Califórnia, se alguma vez fosse eleito para a admnistração pública. Não suportava ter de ouvir as saloíces dele, dizia Frank. Também não suportava a Nancy Reagan; dizia que não passa duma cretina com pernas gordas, que nunca tinha conseguido ser actriz.

Contudo, certamente fruto de outros interesses, Sinatra veio mais tarde a apoiar (fazendo até campanha) Reagan e Nixon.

sábado, 14 de setembro de 2013

FRANK SINATRA (O LIVRO QUE ANDO A LER)





Não sendo um admirador confesso, A VOZ não deixa de me impressionar. Efectivamente o que mais me impressiona em Frank Sinatra é que consigo ouvir e perceber todas as palavras que ele canta, todas as percebo  ao milímetro.
 
Estou actualmente a ler "HIS WAY-a biografia não autorizada de Frank Sinatra da jornalista e escritora norte americana Kitty Kelley.
 
Do que li até ao momento Frank Sinatra é me dado a conhecer um indivíduo reles, ordinário e um ser humano sem carácter, em suma uma má pessoa.

Do que li até agora retirei alguns excertos que me pareceram muito curiosos e interessantes:
-Frank Sinatra passava a vida a lavar as mãos, sempre a lavar, a lavar, a lavar, como se quisesse lavar a sua própria vida ou algo semelhante. Quando não estava a lavar as mãos, estava a mudar de roupa interior. Tirava as calças, despia as cuecas e atirava-as fora com o pé. Havia sempre um idiota que corria a apanhá-las enquanto Frankie vestia umas cuecas lavadas. Ele devia mudar de cuecas de vinte em vinte minutos.
-Frank Sinatra não gostava de Marlon Brando, a quem chamava “Boca de Favas” e dizia que era o actor mais sobrevalorizado do Mundo. Passou a desprezá-lo depois de Marlon Brando ter ganho o papel de Terry Malloy (no filme "HÁ LODO NO CAIS"), que Frank Sinatra queria.
 
Marlon Brando  -   1924 -2004

-Também odiava Elvis Presley. Odiava os fatos brilhantes do cantor e os seus sapatos de camurça azul. Escreveu um artigo contra Elvis e sobre a sua música: Provoca nos jovens reações terrivelmente negativas e destrutivas. É falso e pretensioso. É uma música cantada e escrita por cretinos, com repetições imbecis e uns versos insidiosos e obscenos, porcos.

 
Elvis Presley   -    1935-1977

Eddie Fischer (cantor de sucesso dos EU - 1928-2010), confessou que num jantar ouviu de Frank Sinatra: preferia ser o chefe da Mafia que Presidente dos Estados Unidos. Efectivamente, segundo reza esta biografia, Frank Sinatra era tu cá tu lá com todos os gangsters de Chicago.

O “Grupo dos Malandros”, de Frank Sinatra, que usavam chapéus de abas moles e fatos de alpaca, comprados na loja masculina de Sy Devore, em Hollywood, era formado por Dean Martin (que tinha pavor dos elevadores), Peter Lawford (o avarento) , Sammy Davis Jr., Joey Bishop e Shirley MacLaine. Frank Sinatra era apelidado de “o papa”, “o general” e “el dago”; Frankie tinha pavor das alturas, tanto assim que nos hotéis ficava sempre nos andares ao nível do solo.



sábado, 7 de setembro de 2013

LIVROS EM FÉRIAS

Como habitualmente, quando vou de férias a primeira coisa que ponho na bagagem são os livros e quase sempre tenho mais olhos que barriga.
Desta vez, dos que levei, li cinco e cada um seu paladar:









 

Com muita pena minha não consegui levar até ao fim um livro dum dos meus autores preferidos, talvez porque este livro "UM DIA DIFERENTE" (numa 1ªedição) revela uma nova faceta de JOHN STEINBECK, a que não estava habituado, e que me apanhou totalmente em contrapé. Não passei da página 60...bem me custou mas, tenho tanta coisa para ler que ainda precisava de, pelo menos, um século de vida...ficou para outra oportunidade, que certamente este livro merecerá pois, repito, este DIA DIFERENTE revela-nos, como já disse, uma nova faceta do escritor de excepção que é John Steinbeck.

Outras Cores


Também não me prendeu OUTRAS CORES do OHRAN PAMUCK que li até ao fim (confesso que com algum custo), e como gosto deste autor...contudo, este OUTRAS CORES que, a partir de uma perspectiva de memória é uma espécie de diário do autor, actualizado a partir de blocos de notas, achei-o contudo demasiado "regional" porque se baseia muito nas memórias de infância do autor que têm tudo a ver com a Turquia e deste país não conheço o mínimo para que possa estar sintonizado com estas memórias.No entanto não posso deixar de realçar a entrevista nele contida, dada à Paris Interview e a conferência do Prémio Nobel, intitulada «A Mala do Meu Pai». O livro  no seu todo não me prendeu mas será um autor a que sempre regressarei.










GONÇALO M. TAVARES sempre desconcertante APRENDER A REZAR NA ERA DA TÉCNICA; mais uma boa história, neste caso um médico, mas que, fundamentalmente, fala do que é o género humano e o quanto ele pode ser maléfico.
Lenz Buchmann é um homem atroz. Como médico, despreza os doentes. Como político, despreza a sociedade. Como marido..., como irmão... como filho, enaltece irracionalmente o pai porque é assim que se comportam os homens desprezíveis.
Gonçalo M. Tavares sempre desconcertante.


 
 
"NO TRIBUNAL DO MEU PAI", um livro que reúne crônicas autobiográficas sobre uma tradição judaica virtualmente perdida - o Bet Din, o tribunal rabínico que julgava sobre assuntos religiosos e mundanos. O tribunal tinha sede em sua própria casa, e era presidido por seu pai, quando no início do século XX, os moradores da rua Krochmalna, no velho bairro judeu de Varsóvia, acorriam à modesta casa de número 10 em busca de soluções para problemas: casais à procura de matrimônio ou separação, credores e devedores à cata de solução para suas pendências, além de mistérios que demandavam explicação, como gansos que mesmo mortos não paravam de grasnar. É um livro que se lê com relativo agrado embora tudo gire à volta da religião judaica (que não será propriamente um tema que me agarre).
Foi o primeiro livro que li de ISAAC BASHEVIS SINGER (Prémio Nobel) e só lendo outras obras deste autor poderei ter uma melhor opinião sobre este escritor, não poderei dizer que não gostei mas não me surpreendeu.


A Filha do Coveiro



Finalmente,simplesmente magistral, surpreendente, uma maravilha que me deliciou A FILHA DO COVEIRO - o primeiro livro que li desta escritora norte-americana, JOYCE CAROL OATES-é destes livros que eu gosto que me apanham logo na primeira página pelos cabelos e só me largam na última frase depois de todos os piolhos estarem catados.
Em 1936, os Schwart, família imigrada, escapam da Alemanha nazi e instalam-se numa pequena cidade do estado de Nova Iorque. O pai, antigo professor de liceu, vê-se obrigado a aceitar o único trabalho disponível: coveiro e guarda de um cemitério. Os prejuízos e a fragilidade emocional da família conduzirão a uma terrível tragédia, e Rebecca, a filha do coveiro, começa então a sua surpreendente peregrinação pela América, uma odisseia arriscada repleta de erotismo e audácia, inventividade e engenho.
Uma obra-prima! O melhor livro que li este ano.

A FILHA DO COVEIRO-recomendo-vos!