segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

O RELÓGIO



O relógio da vida não pára, não podemos atrasar os seus ponteiros, ele é implacável e não conseguimos sabotá-lo de modo a que todos pudéssemos ter o tempo que desejássemos, por isso aí temos um novo ano.

Tudo de bom para 2013, que nos traga o melhor para todos.






sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

POR ONDE ANDEI EM 2011 - XIV

Estamos no fim de mais um ano, é um tempo de balanços, contudo, como é meu costume não costumo fazer o balanço dos livros que li no início de cada ano mas sim ao longo do ano seguinte. Finda hoje a minha viagem sobre os livros lidos em 2011, não tendo, infelizmente, tido tempo de falar sobre todos. Claro que no próximo ano -2013-, continuarei a fazer esta viagem mas sobre os livros que li ao longo do ano que está a findar (2012).



Estamos a meio do ano de 2011 e mais uma vez me cruzo com um autor português que muito aprecio, Gonçalo M. Tavares que me dá a conhecer "O SENHOR BRETON E A ENTREVISTA" -o autor tece aqui uma imaginativa teia com e entre personalidades/personagens literários que moram todos no mesmo bairro. 
Os livros de Gonçalo M. Tavares são sempre uma surpresa muito agradável pela imaginação, que chega a ser desconcertante, da sua escrita.



Seguidamente viajarei com mais um autor português, António Alçada Baptista, excelente e nenhum dos seus livros que já li me desapontou e este, "A PESCA À LINHA", deliciou-me com algumas das suas memórias e fez-me reviver personagens (nacionais e estrangeiras) que marcaram a consciência humana -políticos, escritores, intelectuais, grandes pensadores, gente de aquém e além fronteiras, -  ajudando-me assim a entender melhor o nosso tempo. Mais um bom livro deste simpático escritor, infelizmente já desaparecido. Recordo-me muito bem da sua simpatia pois com ele me criuzei muitas vezes em Lisboa, quando naturalmente ainda era vivo.



E concluo, viajando para os EUA, para abordar o livro que mais gostei em 2011 - "AS PONTES DE MADISON COUNTY" de Robert James Waller, uma história apaixonante, num romance fácil, sem grandes pretensões de estilo numa intriga aparentemente banal: um fotógrafo, uma dona de casa, um calor de Verão de Iowa e uma história de amor breve e apaixonada. Não sendo uma obra prima é uma história onde se dá lugar a uma reflexão sobre o significado da felicidade ou a impossiblidade de a alcançar. Encantou-me!
 

domingo, 23 de dezembro de 2012

O SILÊNCIO



Nunca fui pessoa de silêncios embora as vicissitudes da vida me tenham ensinado que o silêncio até pode ser uma arte.

E como o silêncio é um som maravilhoso quando olho o mar ou fixo o horizonte num vasto campo do Alentejo.

Sobre o silêncio, em:

-França - o silêncio é de ouro
-Alemanha - cala-te ou diz qualquer coisa melhor do que o silêncio
-Israel - saber calar-se é mais difícil do que falar bem
-Itália - aquele que nada sabe, sabe o suficiente se souber manter-se em silêncio
-Roménia - o silêncio também é uma resposta
-Espanha -perceber, ver e calar-se, senão a vida torna-se amarga
-Dinamarca - aquele que quer economizar deve começar pela sua boca

Parábola Sufi - se a palavra que vais dizer não é mais bela que o silêncio, não a digas


 
 

 

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

MELANCOLIA



Quando a melancolia se apodera de nós é como se algo se nos colasse à pele e que não nos deixa avançar, é como se nos sentíssemos perdidos.
Li algures que a melancolia é a porta de entrada ou de saída da tristeza.
É preciso muita luta para a podermos ir deixando para trás. Olhando sempre em frente porque a vida é um dom que nos foi concedido e que deveremos usufruir segundo a segundo porque ela (a vida) é mágica.




Estes dois excelentes quadros (Melancolia e o Grito) do pintor norueguês Edvard Munch (1863-1944) creio retratarem bem este estado de alma.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

GRATIDÃO






Não há no mundo exagero mais belo que a gratidão*

 
 
 
 
 
 
 
*Jean de La Bruyére-escritor francês-1645-1696 
 
 
 

 

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

NA MINHA OUTRA VIDA - II




Pessoas que se cruzam nos transportes,
Que todos os dias entram num campo de combate,
olhares frios e maldosos que se julgam
desconfianças e mau estar
vivem como se não houvesse amanhã

o sol esconde-se,o tempo dele está a acabar,
por mais força que tenha para brilhar,
forças superiores nao o permitem
lágrimas secas da neblina matinal
nuvens cinzentas, carregadas de ódio,raiva e rancor
prestes a desistirem da força que lhes é imposta

Pássaro solto a um alma presa
Que vive na angústia da sobrevivência
Anseia um dia chegar onde nunca antes chegou
Desconhecendo o início do fim

Momentos futuros
Antecipados em mentes
Criados na imaginação
Espelhados num sorriso
E soltos por um olhar
Dorme-se num sonho
Acorda-se num pesadelo

Brilho escondido
numa estrela perdida
algures encontrada
sem querer ser avistada

Viagens ao inesperado
Sem garantia de regresso
Paisagens que se sentem
quando vimos o inverso

escrevo por escrever?
so para quem le por ler

viver por viver
so quem espera por morrer

sábado, 10 de novembro de 2012

POR ONDE ANDEI EM 2011 - XIII


Nesta minha deambulação pelo Mundo, viagem contínua através dos livros que vou lendo, encontro-me, neste mês de Julho (2011), em Moçambique no período inicial de recuperação da guerra, com o grande escritor MIA COUTO na “VARANDA DO FRANGIPANI”, um livro de leitura fácil, e cheio de surpresas literárias, típico de Mia Couto, como estas, por exemplo:

-«Quem é gota sempre pinga, quem é cacimbo se evapora...»
-«...a tristeza tem artes de fazer música.» - o Jazz, por exemplo...
-«quem confunde céu e água acaba por não distinguir Vida e Morte.»
-«A velhice que é senão a morte estagiando em nosso corpo?»
-«Ninguém obedece senão em fingimento.»
«Em quem podes bater sem nunca magoar? - na água!.... se pode bater sem causar ferida.»
Mia Couto é efectivamente um grande escritor, claro que este não será dos seus melhores livros mas lê-se com muito agrado.

 

O escritor alemão, de 59 anos, PATRICK SÜSKIND, ficou-me na memória desde que li, há talvez uma dezena de anos o excelente e inesquecível “O PERFUME”, contudo há casos de escritores assim que escrevem um primeiro livro muito bom e ficam-se por ali.

Creio ser perfeitamente este o caso já que depois do seu excelente primeiro livro nunca mais escreveu nada de jeito e os que se lhe seguiram ficaram muito aquém das expectativas. Este “SOBRE O AMOR E A MORTE”, é um pequeno ensaio de 60 páginas e é mais uma desilusão, li-o porque tinha apenas 60 páginas. E seria um tema que teria tudo para se ter um bom livro “SOBRE O AMOR E A MORTE”,
 

Tal como Süskind também MARCEL PROUST conseguiu a imortalização no mundo das letras apenas através de um único livro (Em busca do tempo perdido-sete calhamaços) pois é deste escritor que, neste quente mês de Julho, inicio mais uma viagem com “O PRAZER DA LEITURA” um pequeno livro que nem é bom nem é mau, deve ser como o que lhe deu fama –uma estopada-, claro que nesta viagem (através dos livros que vou lendo) também vou encontrando muitas pedras no caminho….leio na badana deste livro que O Prazer da Leitura prenuncia já o estilo de Em Busca do Tempo Perdido e contém em germe todo o essencial da sua teoria estética…
 

E chego a meados de Julho (2011) e será com um dos meus escritores portugueses preferidos que viajarei nos próximo dias, e dessa viagem vos darei conta numa próxima oportunidade.  

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

FRANCISCO ASSIS versus JOSÉ MUJICA


No espaço de uma semana li no DIÁRIO DE NOTÍCIAS dois artigos sobre dois políticos que espelham perfeitamente as mentalidades de homens pequeninos e homens com H grande.

Francisco Assis (o tal dirigente do PS que levou duas abençoadas estaladas) mostrava-se muito ofendido com o facto de possivelmente passar a ter outra viatura diferente da que usa actualmente, para se deslocar (à nossa conta) e dizia: se calhar ainda querem que eu ande de Clio...é preciso ter lata, e não só..., ora na semana seguinte e para ilustrar a minha convicção inicial, permito-me reproduzir parte da notícia que li no mesmo jornal:



Lê-se no Courier International, o exemplo impressionante do presidente do Uruguai, José Mujica. Após a eleição, continua a viver na sua pequena casa, numa zona da classe média, nos arredores de Montevideu. Tem um salário de 12500 dólares mensais, mas dá 90%, vivendo com 1250 (que lhe basta, pois muitos concidadãos vivem com menos). Como transporte oficial utiliza um Chevrolet Corsa...
e outras situações (que não cito aqui) perfeitamente exemplares e dignas dum ser humano que sente as dificuldades dos seus concidadãos, que lidera.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

O REI VERDE





Será que a vice-presidência do BCE (Banco Central Europeu) foi, para o Dr. Vítor Constâncio, um prémio pela sua distração enquanto governador do Banco de Portugal, na época em que o BPN roubou os portugueses em milhões de euros?

Esta sua fidelidade ao "rei verde" torna-o agora, por isso mesmo, talvez o mais atento vigilante do cumprimento do memorando de endividamento nacional.

Malhas que as "união" tece!

Poderão as pessoas acreditar nesta "gente?

Será a Democracia credível com esta "gente" ao leme?  

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

JOSÉ RODRIGUES DOS SANTOS -575-


 
 
  
É um best seller.
   
É o 575

Do José Rodrigues dos Santos apenas li “A FILHA DO CAPITÃO” (talvez o seu segundo livro) e até nem desgostei, mas não fiquei um apaixonado, apesar de, naturalmente, lhe conceder méritos no seu dom de comunicação (falada e escrita). 
 
Mas o que por vezes me "chateia" deste escritor é o que me parece ser o seu oportunismo pois o tema dos seus livros  parece encomendado de acordo "com o que está a dar" e parece que a data do seu lançamento está perfeitamente condicionada ao que dizem as sondagens (se o que está a dar é Maomé lança-se um livro sobre religião, se é sobre o ambiente lança-se um sobre a poluição, se é sobre o terrorismo, aí vai bomba, etc etc...).
   

Costumo chamar-lhe o 575, pois até parece que a sua editora lhe encomenda não um livro mas 575 páginas, dado que os seus livros parecem ter sempre, mais uma menos uma, o mesmo nº. de páginas.
Monta a fábrica, contrata seis ou sete operários (a recibo verde), metem-se ao trabalho e ao fim de 6 meses está o produto acabado e pronto a ser depositado no hipermercado para ser consumido.

E não é que, a propósito desta situação deparo no livro que actualmente estou a ler (conta-corrente II da nova série-), com assunto semelhante. Eis o que, sobre o assunto, Vergílio Ferreira escrevia em 1990:


-...Já talvez tenha contado o que se passa hoje na América no que importa ao fabrico de romances. É uma indústria como a do sabão ou do papel higiénico. Há editoras com os seus funcionários escritores que têm o seu horário de trabalho e despacham em prosa romanesca as encomendas do patrão. O funcionário entra no gabinete e cumpre a tarefa encomendada. E há vários funcionários como ele. As sondagens do mercado dizem que o que está a dar é, por exemplo, o romance sobre a homossexualidade, perversão de menores, conflitos rácicos, religiosos, etc. E o patrão distribui o serviço: toma lá tu o tema da panasquice, tu toma o das lolitas, toma tu  o dos códigos. E o funcionário entra às nove e sai às cinco com uma hora para almoço, trabalhando no tema encomendado até ir para casa.

Faz-se o livro, vende-se o livro, lê-se o livro e deita-se fora-.

Que é que a literatura tem a ver com isto?


 

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

POR ONDE ANDEI EM 2011 - XII

Retomo hoje os livros que li em 2011. 



Precisamente em Junho de 2011 é de me dada ouvir uma longa conversa entre Primo Levi e dois universitários italianos que iniciaram em 1982 uma recolha de testemunhos de 220 sobreviventes dos campos de extermínio nazis.
PRIMO LEVI é um sobrevivente de Auschwitz e se ainda não leram "SE ISTO É UM HOMEM" então não podem perder. Também gostei deste "O DEVER DA MEMÓRIA" embora se possa dizer que seja uma literatura mais aconselhada a quem gosta do tema -campos de extermínio nazis-eu gosto!
Numa classificação de um a sete, 3,5.



É no fim do mês de Junho que FERNANDO DACOSTA com "OS MAL AMADOS"  me revela  algumas situações curiosas de uma época não muito longínqua do nosso Portugal.
 
-Costa Gomes evita a guerra civil
-Implacabilidades de Álvaro Cunhal
-A morte silenciada de Marcello Caetano
-O fenómeno dos Retornados
-Premonições de Natália Correia
-Agostinho da Silva revela Confidências de Fernando Pessoa
-E antevê: a sobrevivência de Portugal, quando a CE bloquear, está em África
-Uma nova etapa germinará através da lusofonia.


Fernando Dacosta é muito bom a revelar-nos esta parte muito recente da história de Portugal.
São situações curiosas e que, se calhar, na altura dos acontecimentos nos passaram ao lado. Gostei deste livro: de um a sete mereceu-me 5 pontos.  




Em Julho conheço mais um jovem escritor português (CARLOS MACHADO), e sem dúvida que depois de ter lido este "UM AMOR SEM TEMPO", fiquei com vontade de ler outros que se lhe sigam.
É um livro sobre um amor que se prolonga no tempo e mais do que a história de um amor, é sobretudo um livro sobre gentes, sobre uma época, sobre mentalidades reinantes nalgumas terras e nalgumas gentes do nosso país.
Não tendo sido um livro de leitura compulsiva nunca me arrependi de o ter lido. 4 pontos (de um a sete).



Logo a seguir encontro-me com outro jovem escritor português e talvez aquele que considero de escrita mais surpreendente e absorvente. É um escritor para o qual só encontro um título se o quisesse rotular "DESCONCERTANTE" - Gonçalo M. Tavares é um escritor absolutamente surpreendente e este "MATTEO PERDEU O EMPREGO" absolutamente imperdível. Gostei de todos os livros que li dele mas este é muito bom, na minha opinião.  
Este "Matteo Perdeu o Emprego" não é só um livro, é, como li algures: enquanto objecto que seguramos nas mãos, um objecto de arte: as fotografias de manequins (bonecos articulados que exibem roupa, nas montras) constituem, também, separadores, e pedem uma outra forma de leitura, exigem leituras que se cruzem, se demorem no olhar, na pele, nos dedos. Convocam inesperadas sensibilidades e ressonâncias, misturam formas e artes.
A leitura de qualquer obra de Gonçalo M. Tavares é sempre, em vários aspectos, diferente de uma simples leitura. Oh amigo Bruno já leste? é ao teu nível!

Absorvente - 5 pontos (de um a sete). 


E é ainda neste começo de Julho que irei viajar pelas memórias de guerra em Moçambique, com um excelente escritor moçambicano, MIA COUTO. Disso vos darei conta no próximo número deste balanço.


 

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

O ÚLTIMO


 
"O TEU ROSTO SERÁ O ÚLTIMO"
 
Foi precisamente este o último livro que acabei de ler.
 
Contra o que é meu costume desta vez não "levei à letra" a experiência de Somerset Maugham que, num dos seus livros confessava: 
"Quando um livro causa sensação convém esperar um ano antes de tomar conhecimento dele. É surpreendente a quantidade de livros que, ao cabo desse período, nos dispensamos de ler".  

Eu gostei deste livro e li-o de seguida, em pouco mais de um dia.
 
Um leque de personagens muito interessantes e muito bem retratadas, o Celestino é uma delas, embora pudessem ser mais desenvolvidas, e muitas delas desaparecem repentinamente sem nunca mais aparecerem.
 
Cronologicamente tive algumas dificuldades em situar determinados momentos. 
 
Não costumo atentar nem dar especial ênfase ao final dos livros se poderia ou deveria ter terminado melhor ou pior mas efectivamente neste livro o final pareceu-me muito repentino ficando muitas histórias por acabar e, assim, muitas situações enleadas, e o livro é tão interessante que estamos sempre à espera de algo que permita ligar toda a história.
 
...E de repente FIM.
 
 
 
 
Obviamente que é mais fácil emendar um livro do que escrevê-lo

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

NA MINHA OUTRA VIDA

Há cerca de quatrocentos anos, por volta de 1612, na minha outra vida (chamava-me Rita), a minha pretensão de ser poeta dava os primeiros passos
 
 
 
  
Meses transformados em breves passagens
Dias cinzentos coloridos pela estação desconhecida
Horas frias que se aquecem em minutos
Minutos calorosos preenchidos por sorrisos felizes
 
Olhares trocados entre vidas, nascidas e sofridas e um dia talvez esquecidas
Olhares calorosos e ardentes que jamais alguém tentou compreender
Olhares solitários que tentam consolar sorrisos adormecidos
 
Presenças ausentes
Ausências presentes
Rumos indefinidos
Indefinições aprendidas
 
Almas limpas que por momentos captam pensamentos errados
Almas sujas que procuram uma vida transparente
 
Ruas esquecidas, esmorecidas e perdidas na mente que nelas se escondem da frieza da vida
Vidas destemidas e vividas que um dia serão recordadas
 
Pensamentos aliados a labirintos
Caminhos traçados indevidamente
Destinos por viver
Memórias de alguém que um dia foi outrem
 

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

COERÊNCIA



Maria Teresa Horta, recusou receber das mãos do primeiro ministro Passos Coelho o prémio D. Dinis, com que o seu excelente romance, já abordado neste blogue,  "AS LUZES DE LEONOR" foi distinguido pela Fundação Casa de Mateus.
Os poetas Vasco Graça Moura, Nuno Júdice e Fernando Pinto do Amaral constituem o júri fixo do prémio.

Sobre esta recusa disse a poetisa:

«Não recuso o prémio que me enche de orgulho e satisfação, recuso recebê-lo das mãos do primeiro-ministro, que está determinado a destruir tudo aquilo que conquistámos com o 25 de Abril, e as grandes vítimas têm sido até agora os trabalhadores, os assalariados, a juventude que ele manda emigrar calmamente, como se isso fosse natural. Sempre fui uma mulher coerente. As minhas ideias e aquilo que eu faço têm uma coerência. Na realidade eu não poderia, com coerência, ficar bem comigo mesma, receber um prémio literário que me honra tanto [...] das mãos de uma pessoa que está empenhada em destruir o nosso país
 
 
 

terça-feira, 18 de setembro de 2012

E DEPOIS DE LIDOS...


Os livros fazem parte da minha vida e tudo o que com eles se relacione me interessa e chama a atenção.

Não há muito tempo o meu amigo Almeidinha dizia-me que havia uma colega de trabalho (que não tinha nenhum interesse pela leitura nem lia absolutamente nada) e que o questionava frequentemente (porque a intrigava) sobre o que é que ele fazia aos livros depois de os ler...

Escreve Umberto Eco no seu excelente romance "A MISTERIOSA CHAMA DA RAINHA LOANA", sobre uma situação semelhante:

Tenho cinco mil livros e há sempre o imbecil do costume que entra (em minha casa) e diz quantos livros tem? leu-os todos?
E o que é que eu respondo? nenhum, de modo porque os guardaria aqui? o senhor porventura costuma guardar as latas de conserva depois de as esvaziar? os cinquenta mil que já li ofereci-os a prisões e hospitais. E o imbecil estremece.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

BACH distraído



No tempo de férias, que já lá vão, reli (ou melhor revi) um livro que tinha lido recentemente e que tinha gostado, mas revi-o fundamentalmente porque "A MISTERIOSA CHAMA DA RAINHA LOANA", de Umberto Eco é um livro cheio de belas ilustrações. Curiosamente para além das belíssimas ilustrações ainda tive oportunidade de reter algumas situações que, na primeira leitura, me tinham passado um pouco lado; por exemplo esta relacionada com Bach:  
Diz-se que Johann Sebastian Bach (1685-1750) o célebre compositor alemão, organista, cravista e violinista do período barroco, era muito distraído e que Bach só perdeu o tino no dia em que lhe morreu a mulher e quando os agentes funerários lhe perguntavam como haviam de organizar as exéquias, respondeu que lhe perguntassem a ela.


quinta-feira, 6 de setembro de 2012

OPEN


Com o corpo todo "dorido" da boa via estou de regresso.

É o "lavar" do rosto para enfrentar mais um ano de trabalho.

E tentar manter aqui a memória que preenche o meu imaginário, sobretudo um dos que mais me dá satisfação e que mais preenche a minha vida - os livros.


Confirmei no entanto que, quem tem hábitos de leitura, não é propriamente nesta época que lê mais.

Contudo, neste período de férias, sempre me diverti (será talvez a palavra mais adequada) com mais um volume (da nova série) de "CONTA-CORRENTE", um excelente e delicioso "apanhado" do que foi o dia a dia e, ao mesmo tempo um retrato da vida portuguesa , durante os anos 80/90 do séc. XX, deste grande escritor português (VERGÍLIO FERREIRA - 1916-1926).



"NINGUEM ESCREVE AO CORONEL" do excelente escritor colombiano Gabriel Garcia Marquez (1927 -       ), que nunca me desilude, bem ao seu estilo, este magnífico livro.


"INCIDENTE EM ANTARES" o último livro doutro grande escritor, o brasileiro Erico Veríssimo (1905-1975), um fantástico julgamento dos vivos da localidade de Antares por alguns mortos insepultos e "trazidos à vida" e que, ao mesmo tempo, nos dá um retrato da história política do Brasil no século XX.



E "TEATRO DE SABBATH" de PHILIP ROTH (1933 -      ), que é para mim o melhor escritor americano vivo (dos que conheço). Pois este livro dá-nos um retrato do ser humano mais vil, abjecto, contra-natura, abominável e reles que possa existir. É um personagem absolutamente indescritível. É um livro "pesado" de leitura nada fácil, como são a grande maioria dos livros deste escritor; no entanto ainda não há muito tempo alguém (sabedor) me dizia que a Literatura é a sério, é aquela que nos dá que fazer à cabeça. E concordo, ao contrário dos que dizem que a Literatura terá de ser apenas diversão no sentido próprio do termo.



Sobre estes quatro livros, agora lidos em férias, a seu tempo virão aqui à conversa...

domingo, 5 de agosto de 2012

CLOSED




São tempos de descansar, olhar, passear, ler, meditar e descontrair

Regressaremos em Setembro

terça-feira, 31 de julho de 2012

POR ONDE ANDEI EM 2011 - XI


Quem me acompanha minimamente sabe que não sendo esta coluna (POR ONDE ANDEI) propriamente um balanço será contudo uma oportunidade para relembrar os livros que li no ano anterior, neste caso em 2011, assim como se estivesse ainda em viagem pois é isso (e muito mais) que a leitura dos mesmos me proporciona.

Deste modo, estamos em Junho de 2011 e é com "A BAGAGEM DO VIAJANTE" que acompanho José Saramago numa viagem pela selva da vida contemporânea através destas crónicas, que o escritor publicou primeiramente em jornais e que partem dos mais variados assuntos: das mentiras da política e da publicidade à poesia dos pequenos gestos quotidianos, da vida secreta das cidades aos mistérios que se escondem na criação artística, nada escapa ao olhar arguto do escritor.

"O empregado estende-me o pires com a conta hipocritamente dobrada. Por que será que se dobram as contas? Por que será que falsificamos tudo? Hã? Pago e levanto-me, deixo umas moedas adicionais, também hipócritas, passo ao lado das mulheres, três parcas maléficas, três vezes três vezes três, noves fora, coisa nenhuma. Por que dobram as contas? Por que dobram? Por que se dobram as pessoas? Por que se dobram? Porquê?"


Nota 5 (de 1 a 7) - mais um livro à altura do grande escritor que é José Saramago.


De braço dado com outro dos meus escritores preferidos (Mia Couto) caminho em Junho por terras africanas e é através de "E SE OBAMA FOSSE AFRICANO? E OUTRAS INTERVENÇÕES" que ele me dá a conhecer um conjunto de intervenções públicas feitas pelo escritor em diversos contextos nos último anos. Este escritor nunca me desiludiu -nota 4 (de 1 a 7)-

E chego a finais do mês de Junho com "O DIÁRIO REMENDADO - 1971-1975" do controverso e polémico escritor que foi Luiz Pacheco.
Este Diário foi escrito quando, aos 45 anos, Luiz Pacheco recuperava no Hospital de Santa Marta de problemas relacionados com o excesso de álcool, aliás toda a sua vida foi de excessos, libertinagem, sacanagem. Carinhosamente sacana como alguém, que o conheceu muito bem, escreveu.


Vale a pena descobrir esta curiosa e excessiva personagem - um homem de excessos.


Este diário mostra as angústias de um homem que quis ser escritor de profissão e que por tal se debate diariamente com problemas financeiros, vendendo textos e livros aqui e ali para suportar o seu dia a dia.
Não foi dos que mais gostei (de 1 a 7 dou-lhe nota 2), não deixando de ser por isso, recomendável.    




Foi com "O DEVER DA MEMÓRIA" que, em finais de Junho 2011, lidei com um sobrevivente de Auschwitz, e desse dever vos darei conta no regresso de férias.