segunda-feira, 30 de novembro de 2015

LEITURAS 2015 - XLVIII - "NÃO MATEM A COTOVIA" - HARPER LEE



Este foi o melhor livro que li sobre o racismo nos Estados Unidos da América!

Saiu em 1960, ganhou o Prémio Pulitzer de ficção em 1961 e o "Library Journal" nomeou-o, em 1999, como o melhor romance do século XX.

É um livro brilhante, uma história passada nos anos de 1930, nos Estados Unidos racistas, segregadores, profundamente injustos, em que nos é descrito o dia a dia de uma comunidade conservadora onde o preconceito, o ódio, o racismo caracterizam as relações daquela comunidade. 


cena do filme baseado neste livro
É pelos olhos de uma menina de 7 anos (Scout Finch) que, sob o seu ponto de vista, a história nos é contada. O seu pai (o advogado Atticus Finch), uma personagem admirável e fascinante, é escolhido para defender em tribunal o negro Tom e é a partir desse momento que a vida da família sofre um tremendo abalo e as maiores desconsiderações quando a comunidade em que vivem não tolera que Atticus trabalhe para os pretos. Atticus defende com toda a convicção, arrostando com ameaças e preconceitos, o negro Tom acusado de violentar uma rapariga branca.  




porquê o título do livro? (tomemos o negro Tom, acusado de violação, como uma cotovia) : 
- As cotovias não fazem mais nada senão cantar para nossa satisfação. Não comem coisas nos jardins das pessoas, não fazem ninhos nas searas, não causam danos a ninguém. É por isso que é pecado matar uma cotovia.

nasceu em 1926 em Monroeville, Alabama



quarta-feira, 25 de novembro de 2015

LEITURAS 2015 - XLVII - "TERRA DO PECADO" - JOSÉ SARAMAGO

 

Tinha 24 anos, calado, metido consigo, ganhando a vida como praticante de escritório nos serviços administrativos dos Hospitais Civis de Lisboa, quando no ano de 1947 publicará este romance a que chamou "A Viúva" mas que o editor decidiu, por motivos comerciais, dar o título de "Terra do pecado".

Maria Leonor fica viúva, com dois filhos e uma casa enorme para cuidar. Com os empregados fiéis, amigos da família, ela vai lutar para ultrapassar a dor da perda do seu marido. Vai lutar contra o preconceito numa terra onde as viúvas devem agir como se a sua vida tivesse terminado, como se tivessem parado de viver pois só assim podem honrar o nome da família, se o não fizerem mancharão, perante toda a sociedade, a honra da família.
Esta terra do pecado é que dita as leis porque se há-de reger a sociedade, onde continuar a viver é pecado, sorrir é pecado, sair à rua é pecado, viver é pecado.

Gostei, como tenho gostado de todos os livros de José Saramago, tendo, contudo, em atenção que é o seu primeiro livro ou seja o livro da juventude de José Saramago.
Só cinquenta anos depois o autor concordou em publicar a segunda edição.




sexta-feira, 20 de novembro de 2015

LEITURAS 2015 - XLVI - "DOZE CONTOS PEREGRINOS" - GABRIEL GARCIA MÁRQUEZ


Quando, há muitos anos, li "O AMOR NOS TEMPOS DE CÓLERA" fiquei imediatamente leitor-seguidor deste grande escritor colombiano, com uma escrita que nos prende imediatamente da primeira à última página.

Estes "DOZE CONTOS PEREGRINOS", foram escritos ao longo de muitos anos e seleccionados pelo próprio autor e percorrem uma longa trajectória.

São doze histórias de solidão, amor, poder e morte que Gabriel Garcia Márquez soube criar com mão de mestre. 

São doze os contos deste precioso livro:


  1. Boa Viagem, Senhor Presidente
  2. A santa
  3. O avião da bela adormecida
  4. Alugo-me para sonhar
  5. Só vim fazer um telefonema 
  6. Surpresas de Agosto
  7. Maria dos Prazeres
  8. Dezassete ingleses envenenados
  9. Tramontana
  10. O feliz Verão da Senhora Forbes
  11. A luz é como a água
  12. O rasto do teu sangue na neve
"Só vim fazer um telefonema" foi o conto de que mais gostei. É uma história muito bem montada, direi mesmo assustadora, e que nos mostra a nossa insignificância perante o acaso. 
Belo livro de contos de um grande, enorme escritor que em todos os livros me prende intensamente da primeira à última página. 






domingo, 15 de novembro de 2015

LEITURAS 2015 - XLV - "O AMANTE BILINGUE" - JUAN MARSÉ


Juan Marés vê-se enganado e abandonado pela sua mulher, pertencente à alta burguesia catalã, e pela qual está loucamente apaixonado. Mergulhado no desespero e na indigência, converte-se num solitário e num marginal, um desprezível músico de rua que ganha a vida a tocar acordeão, deambulando pelos bairros antigos de Barcelona, e que concebe um estratagema delirante: fazer-se passar por outro homem, um charnego (na Catalunha emigrante de outra região) típico e impostor chamado Faneca, e reconquistar a sua ex-mulher com essa personalidade usurpada. 

Um bom livro que se lê com satisfação e curiosidade. Foi o primeiro livro que li de Juan Marsé e gostei.

Juan Marsé - Barcelona 1933

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

LEITURAS 2015 - XLIV - "DESTE MUNDO E DO OUTRO" - JOSÉ SARAMAGO

José Saramago: Deste Mundo e do Outro

Gosto de José Saramago! É um grande, um genial escritor.


José Saramago  1922-2010
Neste seu livro, reúne-se um conjunto de crónicas publicadas por Saramago no jornal A Capital (1968/1969); há umas boas, outras nem por isso, mas esta definição do que é um calculista, vale o livro:

"O calculista é um monstro, uma espécie de aborto disfarçado, um intoxicado de egoísmo. Deita contas à (sua) vida, risca o plano no papel invisível do cérebro, e como um jogador de xadrez avança e recua as pedras do seu interesse. Por via de regra, é pessoa sorridente, toda lhaneza e coração aberto. Tem um particular modo de nos segurar pelo braço ou de nos pôr a mão no ombro, como se em nós descobrisse a alma gémea, o irmão. Em pessoas sensíveis, dá resultado. Mais tarde receberemos a factura...." 


sábado, 7 de novembro de 2015

LEITURAS 2015 - XLIII - "MULHERES DA BEIRA" - ABEL BOTELHO


Este livro foi escrito há mais de cem anos, mais precisamente entre 1885-1896.
É o nº. 74 da excelente Colecção Lusitânia, da Lello & Irmão Editores, e foi publicado há, pelo menos cinquenta anos, não consigo no entanto certificar a data exacta da sua publicação. 

Contudo, permito-me realçar que, nas duas últimas páginas, tem um apêndice do Editor datado de 8 de Fevereiro de 1917; está muito bem conservado e tem uma capa (exterior) em papel, muito bonita; tenho pena de não a conseguir aqui reproduzir. Foi-me emprestado por um amigo que em toda a sua casa tem livros por tudo quanto é sítio (casa de banho, cozinha, etc. -não estou a exagerar).   

"MULHERES DA BEIRA" - São sete contos, excelentes, que nos falam das nossas terras e das nossas gentes, do tempo em que a timidez era o diagnóstico certo do amor, como diz o autor, num destes contos.

Naturalmente que está escrito num português com mais de cem anos, por isso tive, por vezes, de utilizar o dicionário para ver o significado de determinadas palavras que já não se usam.

Fiquei, por exemplo, a saber que um frade CRÚZIO era (é?) um membro da congregação religiosa de Santa Cruz de Coimbra.

É uma escrita em que terá de haver efectivamente um completo domínio da língua portuguesa e nota-se isso pela descrição das situações e das gentes. Talvez um senão - para descrever as situações mais simples são necessárias mil e uma palavras.
No entanto gostei das descrições das terras (passa-se no Douro) e das gentes e mostra-nos como era rural o mundo português.

Coronel do Exército Português, escritor e diplomata. Nasceu em 1855 em Tabuaço e faleceu em 1917 na Argentina.
A ele se ficou a dever o projecto gráfico da bandeira da Republica Portuguesa, em que o verde representa a esperança
e o vermelho o sangue derramado pelo povo nas muitas guerras travadas.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

LEITURAS 2015 - XLII - RECORDANDO A GUERRA ESPANHOLA - GEORGE ORWELL



Este livro recorda-nos a experiência vivida durante seis meses por George Orwell na Guerra Civil Espanhola, na qual participou ao lado dos republicanos na frente de batalha, beneficiando do facto de ali poder aplicar a sua experiência de oficial britânico, que, entre 1922 e 1927, exercera durante cinco longos anos na Polícia Imperial, na Birmânia (actualmente República da União de Myanmar, e cuja capital foi transferida em 2006 de Rangum para Naypydaw).

Orwell foi para Espanha para participar em combates, ao contrário de outros voluntários e revelou-se um combatente não apenas corajoso mas temerário.

Devo no entanto confessar que esperava um livro mais esclarecedor sobre a Guerra Civil Espanhola já que, nesse aspecto, ficou muito aquém das minhas expectativas.

George Orwell é pseudónimo. Eric Arthur Blair era o seu verdadeiro nome
nasceu na Índia em 1903 e faleceu em Londres em 1950