sexta-feira, 24 de maio de 2013

BACK-GROUND, BLACK-OUT, COFFE BREAK


Desde que se passou a designar uma camiseta por T-shirt e  uma cueca por slip, tem sido um ver se te avias, porque o que tem fundamento passou dizer-se back-ground, um apagão passou a designar-se por black-out, em vez de um aperitivo passou a pedir-se um drink, fazer jogo limpo, na linguagem do inimitável e grande dinamizador da língua portuguesa, JJ (já o ouviram certamente a falar na 2ª. pessoa...se tu jogas assim, se tu fazes assim...) pois para JJ jogar limpo é ter fair play, em vez de passatempo hobby, feed back em vez de retorno/resposta, ele não corre a pé faz jogging, a rádio deixou de passar música de propaganda para passar jingles, um conjunto é palavra absolutamente ultrapassada na língua portuguesa já que fino é dizer-se um KIT,  não há mais pequenas camionetas há sim PICK UP's, não existem mais lemas existem sim slogans, já não há intervalos para beber café há sim coffee break's, e por aí fora NON STOP...



Efectivamente não há cão nem gato, com grandes laivos de presunção e de superioridade anglófona, tentando revelar um elevado grau sofisticação intelectual, que, quando bota discurso, não vomite um timing, um trade-off, um off-record, um feeling, um outsourcing

Não aprecio nada este linguajar que é apenas revelador dum tremendo provincianismo e identificador de um elevado grau de incultura e, sobretudo, uma submissão a tudo o que é estrangeiro.revelador dum profundo desconhecimento do português. 



 
Quantas vezes eu não ouvi já na televisão e na rádio a jornalistas, comentadores vociferarem éfe-bi-ai em vez de FBI, de ci-ai-ei em vez de CIA e nei-tou para se referirem à NATO, a quem, registe-se, nunca os Espanhóis deixaram de chamar OTAN (e assim o deveríamos nós ter continuado a fazer).



Quando vou a Espanha ninguém me entende se não falar em espanholês, mas quando os espanhóis, ingleses, franceses, vêem a Portugal aí estamos nós a falar espanhol, inglês e francês. Obviamente que, neste caso, até poderá ser um sinal positivo de hospitalidade que só nos fica bem mas creio que é sobretudo a submissão que está plenamente inclulcada no espírito português; parece que ainda continuamos com aquela marca de água que tudo o que vem de lá de fora é que é bom e é superior.

Qual globalização qual carapuça, qual aldeia global, não desleixemos a nossa língua, não tornemos o português uma língua sem nexo, absolutamente desfigurada, falemos Português, falemos a língua que sempre falaram os nossos pais e os nossos avós e que muito nos deve orgulhar!

 

sexta-feira, 17 de maio de 2013

POR ONDE ANDEI EM 2012 - IV

Vergílio Ferreira
Este não será propriamente um balanço dos livros que li em 2012, que normalmente se fazem no início de cada novo ano, será apenas mais uma oportunidade para falar de livros e de deixar registada a minha opinião sobre eles, neste caso, sobre os que li em 2012, tentando fazê-lo como que quem viaja através deles e com os respectivos autores. Hoje posso dizer que viajei com um dos meus escritores favoritos (VERGÍLIO FERREIRA) através do seu excelente diário CONTA CORRENTE, o 4, neste caso. Estes diários referem-se a pessoas e factos conhecidos e reais, localizáveis historicamente através da data que é a medida exacta do tempo e atributo do documento histórico.



Deste excelente CONTA CORRENTE 4, retive algumas frases:

-A morte é o silêncio e a vida é o ruído
-Ser neto é ser sempre pequeno
-Vou prestar atenção ao que tenho visto sem ver
-Não se têm filhos depois de velho quando já os têm os filhos que tivemos

Mais um excelente livro. Todos os volumes destes diários (são nove 9) são excelentes

 

Encontrei-me depois com um personagem com um permanente mal-estar cuja fonte é a inadequação do seu espírito à sociedade, à massa, à média e à vulgarização burguesa da vida e dos valores. É por isso que se define como "O LOBO DAS ESTEPES". É deste autor um dos livros que mais gostei até hoje (Siddharta), contudo, "O LOBO DAS ESTEPES" nunca me conseguiu "prender", não é um romance nada fácil e, só não o larguei a meio porque este autor não me oferece qualquer dúvida da excelência da sua escrita, mas, sinceramente, cheguei ao fim das 224 páginas sem conseguir "agarrá-lo", talvez o tente numa próxima oportunidade


Viajei depois para Itália e regressei aos anos 30 e 40 do século XX, e fui ao encontro da "MISTERIOSA CHAMA DA RAINHA LOANA" do grande escritor italiano UMBERTO ECO.
Um livro muito bom que vos recomendo, com imagens belíssimas.
É um livro de mais de 400 páginas mas que se lê com uma satisfação imensa, estive sempre apaixonado por este livro enquanto o lia, fala-nos da experiência de um homem, calmo bibliófilo de Milão, que após sofrer um AVC perde todas as memórias de si próprio.Não sabe quem é nem conhece quem o rodeia, vale a pena!

Gonçalo M. Tavares

E a próxima viagem iniciar-se-à com o jovem e desconcertante escritor Gonçalo M. Tavares, até lá






 

sexta-feira, 10 de maio de 2013

LISBOA ANTIGA/LISBOA ACTUAL


A Brazileira do Chiado em 1911, antes da renovação da fachada e quando Pessoa ainda não bronzificava na esplanada
(Fonte: Arquivo Fotográfico Municipal ; Autor: Joshua Benoliel)
 
 
 
 
 
ACTUAL
 
A BRASILEIRA DO CHIADO é um café emblemático da cidade de Lisboa,
localizado no Chiado (Rua Garrett), fundado por Adriano Telles, um
português que viveu no Brasil e que, antes da remodelação que criou
a cafetaria (em 1908), era uma loja que vendia o genuíno café do Brasil,
curiosamente um produto muito pouco apreciado na altura, e que ele com
facilidade importava do Brasil.
 

 
 


estátua a Fernando Pessoa, à porta da Brasileira, inaugurada em 1988



sexta-feira, 3 de maio de 2013

POR ONDE ANDEI em 2012 - III




Na minha última abordagem aos livros que li em 2012, mencionei o facto de ir ao encontro de um dos meus escritores favoritos (vivos), Philip Roth que me apresentou o actor de teatro Simon Axler que, com 66 anos, perdeu a capacidade de representar.

Este foi o 10º. romance de PHILIP ROTH que li e não há dúvida que é um grande escritor, gostei muita deste "A HUMILHAÇÃO", que quase podia ser um conto, embora tenha a estrutura de um romance, tem apenas 127 páginas e centra-se praticamente num único personagem. É uma pequena novela sobre a velhice e a decadência do corpo e a morte, na sequência doutros que vem publicando, como "O Fantasma sai de cena", "Todo o Mundo", "Indignação".


Recomendo vivamente, apesar de, na minha perspectiva, Philip Roth ter uma escrita "pesada" a tal que nos obriga a pensar, e daí o grande mérito dos bons livros e dos grandes escrotores.

De um a nove 6 estrelas para "A HUMILHAÇÃO".



Parti seguidamente à procura de um escritor chileno muito em voga em 2011 e 2012, ROBERTO BOLAÑO, e foi com "O TERCEIRO REICH" que me encontrei com ele, mas, sinceramente, nunca me consegui encontrar com esta escrita.

 

Se fosse publicado enquanto o autor estivesse vivo, provavelmente alguns personagens poderiam ganhar mais destaque e alguns capítulos seriam certamente mais e melhor trabalhados, contudo, nunca me consegui encontrar com este clima claustrofóbico, e dificilmente voltarei a Bolaño. Há livros que em determinadas alturas não nos agradam minimamente, poderá ter a ver, certamente, com certos ciclos da nossa vida.
Não gostei deste primeiro contacto que tive com este escritor chileno.
N
 
«Escrever é a única maneira de me defender das recordações que tantas vezes e tão inesperadamente me avassalam. Ficassem elas presas na minha memória e o tempo torná-las-ia cada vez mais pesadas, acabariam por me esmagar», confessa o escritor austríaco W.G.Sebald (1944-2001) num dos seu romances. Pois foi depois de ter lido esta frase algures que parti à descoberta deste escritor W.G.SEBALD  através do livro "O CAMINHANTE SOLITÁRIO".

Pois este livro dá-nos seis retratos ricamente ilustrados de seis ilustres e interessantes personagens, dos quais nos relata aspectos bem curiosos:
-JOHANN PETER HEBEL (1760-1826)  poeta, teólogo evangélico e pedagogo alemão;
-JEAN JACQUES ROUSSEAU - Célebre escritor e filósofo humanista de expressão francesa, nasceu em Genebra em 1712 vindo a falecer em 1778. É dele esta frase: "O homem é bom por natureza. É a sociedade que o corrompe."
-GOTTFRIED KELLER - Poeta e romancista suíço, de expressão alemã, nascido em 1819, em Zurique, e falecido em 1890, na mesma cidade.
 
-ROBERT WALSER - Belíssimo escritor suiço (1878-1956), que tem alguns bons livros  publicados em Portugal ("O AJUDANTE" é um deles) , apesar de praticamente desconhecido entre nós. E ainda de um amigo de infância, o pintor JAN PETER TRIPP.
 
É um livro agradável embora esta seja, na minha perspectiva, uma escrita preguiçosa e lenta (frases demasiado longas) que, contudo, não deixa, em certas circunstâncias, de ser agradável, mas, como diria o meu amigo Almeidinha -temos tanta coisa para ler...
3 na minha escala de um a nove.
 
 
E na próxima viagem falarei dum dos meus livros favoritos (uma série de sete), com um excelente escritor português, VERGÍLIO FERREIRA e dos seus excelentes diários "CONTA CORRENTE"-excelentes.