terça-feira, 1 de setembro de 2015

LEITURAS 2015 - XXVII - PATERNIDADE - DOMINGOS MONTEIRO




Curiosamente será nas férias que os leitores que lêem muito, aqueles que normalmente lêem em média um livro por semana, é nesta altura que efectivamente menos costumam ler; não sei qual será o fenómeno mas comigo sempre assim aconteceu.

Ora cá estamos então em Setembro e a todos desejo bom regresso e boas leituras.  

Voltamos e voltamos para falar do tema que aqui será certamente o mais abordado: livros.

Muito velhinho e muito amarelado do sol que parece ter apanhado, este "PATERNIDADE" de Domingos Monteiro (1903-1980), é o nº. 14 da excelente colecção de livros (miniatura) ANTOLOGIA DOS AMIGOS DO LIVRO, da Editorial Inquérito; comprei-o há uns anos (€ 1) num Alfarrabista em Lisboa, e foi escrito por volta de 1950.

Quando (no livro de leituras que possuo para ir anotando e tomando notas sobre os livros que vou lendo) quis pontuar este livro fiquei algo indeciso pois é um livro de uma outra época, com uma história algo ingénua e que parece absolutamente desfasada dos tempos que correm, não deixando no entanto, na minha perspectiva, de estar bem escrito.

Começa assim: "Eu conhecia há muito tempo o Dr. Silveira. Pequenino, magro, comunicativo, rira-me muitas vezes com as anedotas que ele contava ao seu numeroso grupo de amigos, na mesa ao lado do café que ambos frequentávamos..."

Contado na primeira pessoa (pelo seu amigo Antunes) narra a história de um filho nascido de um romance que o Dr. Silveira manteve com uma inglesa (Kitty), quando estudava em Coimbra, e que o Dr. Silveira não quis perfilhar. Assim, Kitty, magoada e desiludida, parte para Inglaterra levando consigo o filho de ambos -John-.

Entretanto, em Lisboa o Dr. Silveira dá um rumo à sua vida e casa com Lucília. E quando passam dez anos resolve ir à procura do filho rumando a Inglaterra para tentar localizá-lo. E aqui começa um grande imbróglio...

Não deixa de ser um livro interessante; apreciei o modo simples e directo do narrador, descrevendo muito bem a emoção de gente simples mas, ao mesmo tempo, a emoção dum ser de excepção como é o personagem principal deste livro (o Dr. Silveira).

Contudo, nota-se perfeitamente que será já uma literatura doutra época, não só porque após a sua primeira publicação já passaram mais de 60 anos, mas também pelo ambiente em que a acção decorre. Mas não deixa de ser, repito, um livro bem escrito de um escritor que desconhecia.

DOMINGOS MONTEIRO   advogado e escritor; Trás-os-Montes 1903-1980

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