quinta-feira, 12 de abril de 2012

A BAIXA DE LISBOA

Era talvez das melhores horas do dia (lembras-te Kim? lembras-te Fernando?) quando, ao fim da tarde, após a saída do trabalho, subia a rua do Carmo até ao Chiado e dava depois a volta para baixo para voltar para casa, apanhando o comboio na estação do Rossio, era uma maravilha para os sentidos e para a vista.
Há umas semanas atrás repeti o trajecto que palmilhei durante muitos e muitos anos da minha juventude, pois trabalhei na Baixa de Lisboa durante alguns anos, e fiquei absolutamente desolado com a degradação a que assisti, loja - só dos "chineses" (elas mesmo, fnac's, zara's, calcedonias, etc. etc., tudo chineses), é realmente uma tristeza onde chegou uma das partes mais belas desta linda cidade.
A ruína, o abandono, as gatafunhos pelas paredes, a porcaria pelo chão, a fauna andrajosa são uma constante. O Chiado acabou, a Baixa acabou.
Ver para crer.
A Baixa de Lisboa, também designada como Baixa Pombalina, terá sido edificada por ordem do Marquês de Pombal após o terramoto de 1755 que destruiu parte da cidade, a Baixa situa-se entre o Terreiro do Paço junto ao Rio Tejo e o Rossio e longitudinalmente desde o Cais do Sodré até Alfama ao qual abrange uma área de 235,000 km2.
É formada por várias ruas rectas e perpendiculares. Muitas destas ruas são formadas por edifícios de arquitectura semelhante (os primeiros exemplos de construções resistentes a terramotos) e com uma grande importância comercial. Os modelos arquitectónicos foram testados para várias simulações de tremores de terra.
As várias particularidades importantes a anotar: gaiola pombalina: uma estrutura em madeira e em simetria no interior do edificio para distribuir a força do eventual terramoto e paredes mais altas que o telhado para prevenir a progressão das chamas em caso de incêndio.
Mas entretanto, a degradação continua.
E os abutres aguardam...

2 comentários:

  1. Eu chamo-lhe "o périplo das capelinhas". De tempos a tempos faço essa peregrinação. Preciso dela. É como recuar no tempo.
    Sim, lembro-me muito bem da Lisboa que já não existe. Até o vaivem da polulação flutuante não é o mesmo.
    Antigamente, Lisboa cheirava-se, hoje vomita-se. Que tristeza!

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  2. Vocês, alfacinhas, têm tido sempre acesso a tudo. Tá na hora em contactar com a "merdelhice".

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