sábado, 5 de fevereiro de 2011

POR ONDE ANDEI EM 2010 - IV

Retomando os caminhos percorridos em 2010, através dos livros que li, e depois de ter aprendido com Robin Sharma que é impossível progredir na vida se nos agarrarmos ao que já ficou para trás, não quis deixar de conhecer O PAÍS DO MEDO com o espanhol ISAAC ROSA (de óculos, na 2ª. foto) -um país que é um lugar imaginário onde se tornaria realidade tudo o que tememos; os medos actuais e conheci a delinquência, a droga, a falta de princípios nas cidades, etc. etc....

O italiano DINO BUZZATI (na 1ª. foto) mostrou-me O GRANDE RETRATO – e contou-me que o mandaram (a ele engenheiro) para um centro secreto sem lhe dizerem concretamente para fazer o quê, apenas que era uma missão secreta....

Voltei à fala com JOSÉ JORGE LETRIA para ouvir A ÚLTIMA VALSA DE CHOPIN - e deste modo fiquei a conhecer melhor Fréderic Chopin – um Polaco que fez toda a sua carreira fora do seu país, nomeadamente em França (Paris) aonde morreu vítima de tuberculose.

ISABELA FIGUEIREDO recordou-me no CADERNO DE MEMÓRIAS COLONIAIS uma história do colonialismo muito bem retratada, por alguém que nasceu em Moçambique e sentiu o que era ser "retornado" nos tempos revolucionários do PREC-pós 25 de Abril; relembrando que "Manuel deixou o seu coração em África. Também conheço quem lá tenha deixado dois automóveis ligeiros, um veículo todo-o-terreno, uma carrinha de carga, mais uma camioneta, duas vivendas, três maschambas, bem como a conta no Banco Nacional Ultramarino, já convertida em meticais. Quem é que não foi deixando os seus múltiplos corações algures? Eu há muitos anos que o substituí pela aorta." Moçambique e as feridas abertas pelo passado, pela recordação, pela confissão, pelo medo de enfrentar tudo isso de novo. "Ele sentia prazer em viver e gostava de comer, beber e foder, Lourenço Marques, na década de 60 e 70 do século passado, era um largo campo de concentração com odor a caril. Em Lourenço Marques, sentávamo-nos numa bela esplanada, de um requintado ou descontraído restaurante, a qualquer hora do dia, a saborear o melhor uísque com soda e gelo, e a debicar camarões, tal como aqui nos sentamos, à saída do emprego, num snack do Cais do Sodré, forrado a azulejos de segunda, engolindo uma imperial e enjoando tremoços. Os criados eram pretos e nós deixávamos-lhes gorjeta se tivessem mostrado os dentes, sido rápidos no serviço e chamado patrão. Digo nós, porque eu estava lá. Nenhum branco gostava de ser servido por outro branco, até porque ambos antecipavam maior gorjeta. O meu pai, a quem coube a missão de electrificar a Lourenço Marques dos anos 60, nunca quis empregados brancos, porque teria de lhes pagar os olhos da cara."

Vamos a meio do ano e eu a calcorrear o mundo, a conhecer novas terras, novas gentes, feitios, amores, desamores ..... que, para a semana, aqui continuarei a dar-vos a conhecer....

3 comentários:

  1. Simplesmente, Recordar, Meu Amigo, faz bem ao ego, e dou-te os meus parabéns.
    África…, é Maravilhosa…, e por lá passei, Angola ( 1968-1970 ), em missão obrigatória-militar.
    Existiu de tudo, ao gosto de cada um, além de militar, mas deixa imensas saudades, a parte civil, apesar das mazelas que se trouxe de lá, que agora, ao fim destes anos todos, as marcas, estão a aparecer.
    Alimentação, maravilhosa…, é bom recordar, mas aquele espaço, agora já não é fácil se lá ir, dado que não é ao virar da esquina…
    Mulher Africana-Angola…, coisa espectacular…., embora as Cabo-verdianas…, para quem as conheceu…, Outro Mundo…
    Mais…, não apimento…
    Um abraço
    W

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  2. Hoje tenho pena de não ter vivido o clima da guerra colonial, que na altura consegui evitar. Isso aumentaria o meu já longo álbum de recordações.
    Tu estiveste na Guiné e esse é um sítio por onde eu não gostaria de ter passado. Angola, Cabo Verde e Moçambique, sim. Já para não falar de Timor.
    A gente só está bem onde não está!
    Quem se revê no relato dum qualquer livro que isso aflore, sente a nostalgia da palavra saudade.

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  3. E da Guiné não tenho, sinceramente, saudades, não foram tempos bons, mas devo reconhecer que os tempos maus também nos ajudam a percorrer o difícil caminho da vida.

    Tinha 20 anos e era um menino inexperiente que partiu para um sítio cheio de medos....pelo que recordações tenho-as apenas dos amigos e dos inesquecíveis momentos de grande solidariedade que ali vivi.

    Mas se calhar até será tema para uma próxima conversa aqui.

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