segunda-feira, 16 de maio de 2011

FEBO

Quando aqui falei sobre “os cães na literatura” não vos falei de Febo mas, porque se trata de uma história abominável e ao mesmo tempo sedutora, não quero nem posso deixá-la para trás.

Febo, o cão de que nos fala o grande e controverso escritor italiano Curzio Malaparte (1898-1957), no seu livro “A PELE”.

Refira-se que Curzio Malaparte era secretário da secção local da juventude do Partido Republicano; aos dezasseis anos rebenta a guerra de 14 (a 1ª. Grande Guerra Mundial), sai de casa, atravessa a fronteira e alista-se numa legião de voluntários para combater os Alemães. É deportado para a ilha Lipari e é a partir daqui que nos conta a história do seu cão Febo.

Durante os dois últimos anos de detenção, Febo está com ele e acompanha-o a caminho de Roma no primeiro dia da libertação.

Um dia, em Roma, Febo desaparece.

Após uma busca árdua, Malaparte fica a saber que, capturado por um marginal, foi vendido a um hospital para satisfazer experimentações médicas. Encontra-o vivo“estendido de costas, ventre aberto, uma sonda espetada no fígado”. Nenhum gemido sai da sua boca, pois, antes de os operarem, os médicos cortavam as cordas vocais a todos os cães. Por simpatia por Malaparte, o médico administra a Febo uma injecção mortal.

“Nunca gostei de uma mulher, um irmão, um amigo como gostei de Febo”

5 comentários:

  1. Amigo Seve,

    Tenho esse livro "A pele" comprado há muitos anos na livraria do Godinho, lembras-te? Com esta tua referência ao mesmo já me deixas-te "de apetites".

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  2. Livraria do Godinho, onde íamos beber um café depois de "almoçarmos" na Nobreza. Livraria do Godinho, onde o Lima de Freitas expunha alguns dos seus quadros, Lima de Freitas que fez capas fantásticas para a coleção Vampiro e Argonauta, dos Livros do Brasil. Se bem me lembro, já lá vão certamente mais de 20 anos, e quase todos os dias compravámos um livro (tu mais do que eu)....que saudades.... e não esquecer os belos momentos que nessa altura passámos.

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  3. Febo terá então lamentado ter sido amigo dos homens.
    Que ternura de olhar!

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  4. Efectivamente que doçura de olhar...se calhar abandonado por um ser humano (como certamente ele se designará a si próprio)

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  5. Estes Seres Vivos, como tantos outros, mas Muito em Especial, O Cão, merecem toda a Aceitação, Respeito e tudo o de mais, do Animal Racional….
    W

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