terça-feira, 11 de janeiro de 2011

O COMBOIO DAS 8H22

Morávamos na mesma rua (Pedro Franco), da mesma cidade (Amadora), trabalhávamos todos na baixa de Lisboa, estudávamos (à noite) na mesma escola (do Cacém), tinhamos a mesma idade -16 anos-!

Logo pela manhã apanhávamos o mesmo comboio (das 8h22) para irmos trabalhar, era o comboio da juventude, quase toda a carruagem (a segunda da frente) era lotada por rapazes e raparigas tão jovens como nós, na plenitude da vida.
A alegria de viver morava em todos nós, apesar das dificuldades que a todos era comum, os tostões eram contados até ao último mas o mundo abria-se aos nossos sonhos, pelo que a nossa alegria era uma constante, uma alegria sã, inocente e do tamanho do mundo que era nosso.

Veio o serviço militar e fomos às nossas vidas, os anos passaram e nunca mais nos vimos e só agora, passados talvez mais de trinta anos o voltámos (eu-Severino e o Kim) a encontrar, o nosso amigo Carlos Domingues, a quem sempre carinhosamente chamámos Grila. Naquele tempo o Carlos tinha alguma dificuldade em soletrar a palavra que usava muitas vezes para tratar o Kim-puto reguila, e em vez de reguila dizia grila, e daí o epíteto de Grila.

Foi no nosso encontro anual, que todos os anos realizamos no segundo sábado de cada ano. Este encontro reúne muitos dos amigos que viveram a mesma infância/juventude, e finalmente o Grila esteve presente.

Foi um reviver de emoções, um recordar de momentos inesquecíveis da nossa juventude, partidas que fizemos uns aos outros, cenas que nunca mais esqueceremos e que sabe tão bem recordar, uma juventude que vivemos tão sadiamente e tão feliz apesar de todos os contratempos que, na altura, existiam, mas todos os dias a felicidade viajava na segunda carruagem do comboio das oito e vinte dois.......

8 comentários:

  1. E como eu recordo esse tempo!
    Depois do comboio da 8:22 h era só esperar pelo da 1:15 h para, numa correria louca, ir a casa almoçar e regressar a Lisboa no das 14:20 h, para finalmente ao findar do dia apanhar o da 18:18 h, a tempo de chegar à Escola Industrial e Comercial do Cacém.
    Em termos práticos, tínhamos um quarto de hora para almoçar.
    Outros tempos, outras "estórias" para contar.
    Aquele comboio já conhecia os nossos lugares e até as traves da linha férrea conheciam os nossos passos, pois era por aí que seguíamos para chegar a tempo à estação.
    E nunca ninguém morreu atropelado pelo comboio!
    Foi emocionante reencontrar o Grila, quarenta e dois anos depois.

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  2. Amigo Seve
    Importante "rever-te", na foto, na companhia dos Teus Camaradas, defronte ao Restaurante Dona Isilda, algures na Capital. Recordar, é importante na vida de colegas. Também foi nessa Terra, Amadora, que formei o Batalhão de Militares, último Quartel em Portugal, e depois seguimos, para Angola...Recordar, no aspecto de Local -Amadora-, também me deixa saudades, mas a vida, tem de tudo.
    Um abraço.
    W

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  3. Caro Seve;

    Estes reencontros servem para viver a saudade e não matá-la. Sabe bem por momentos recuar no tempo e embora eu não seja um apologista de "ó tempo, volta pra trás", pelo menos peço para que ele, o tempo, pare por uns instantes os ponteiros do relógio.
    O teu comboio das 08,22 fez-me voar até Volgograd, só que o comboio das 08,22 de lá, embora tenha muitos jovens,... não tem essa alegria.
    Porque será?...

    Grande abraço, amigo Seve.
    Osvaldo

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  4. Sem dúvida a palavra exacta será reviver (tornar a viver) e não matar. E acredita, caro amigo Osvaldo, que aqueles tempos foram uma delícia, ainda por cima com amigos verdadeiros, absolutamente indescritível....

    Volgograd? fala-me de Volgograd

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  5. "Recordar a juventude é sinal de que já estamos na,segunda juventude"E como recordar é viver;recordemos com emoção o comboio das 8:22. Alegria nos momentos vividos,que fizeram parte da vida de todos nós.E que tu tão bem aqui descreves.
    Abraço.
    Anali

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  6. Anali, dizes bem "recordar a juventude é sinal de que já estamos na segunda juventude". Obrigado pelos teus oportunos comentários.

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  7. Meu querido amigo W e que belos tempos nós passámos nessa bela cidade Invicta, com o nosso grande amigo Costa e até com o Celestino, que maravilha, tempos inolvidáveis, aonde vocês me trataram sempre como um príncipe, nunca na minha vida fui tão bem recebido e tão bem tratado durante os anos que aí passei nessa cidade tão gigantemente hospitaleira e de gente boa. Adorei

    Um abraço para ti meu querido amigo VV

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  8. Um pouco mais tarde já o comboio das 8:22 h tinha passado, lá estava o amigo Severino na linda Cidade do Porto aonde teve grandes momentos, alguns para recordar, por exemplo, a tasquinha do Eusébio na cave da churrasqueira,
    as tasquinhas da ribeira, a noite que ficamos a guardar a companhia e a sangria deixou-nos a todos bem alegres.

    Momentos menos alegres.
    Quando roubaram a tua carteira, a tua maior preocupação foi o cartão de sócio do Sporting.

    Um abraço do teu amigo Costa, e biba o PORTO

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