Enrique Vila-Matas tem uma escrita diferente; neste livro que agora acabei de ler lá estão, como quase sempre nos seus livros, os fantasmas da velhice, da loucura, do abandono, da solidão, do medo de estar só.
Federico Mayol, um catalão com setenta e sete anos de idade, vê-se, um dia depois de celebrar as suas bodas de ouro, confrontado pela sua mulher, com estas palavras: Queria dizer-te o muito que me gostaria que te fosses embora, que te fosses embora desta casa para sempre e me deixasses só. Ele pensou que ela brincava, mas a sua mulher, que tanto medo tinha dele, não estava a brincar.
E assim inicia este catalão uma viagem sem regresso, uma odisseia que vai transformar um indivíduo que já não regressa a casa. Esta situação, seria, na vida real, certamente algo que transtornaria qualquer indivíduo que eventualmente pudesse sequer pensar que poderia vir a estar nas suas circunstâncias.
Federico Mayol inicia esta viagem vertical na cidade do Porto, passa por Lisboa e termina no Funchal...
Devo salientar que, embora não seja propriamente o caso deste livro, uma das capacidades que mais gosto nos livros de Enrique Vila-Matas, (daqueles que tenho lido) é a sua capacidade de elaborar tramas em que os personagens são os personagens autores dos seus livros preferidos; por exemplo no livro "Dr. Pasavento", um dos personagens principais é o escritor austríaco Roberto Walser que viveu mais de um quarto de século em clínicas psiquiátricas e que, no Natal de 1956, quando, numa das suas solitárias caminhadas pela cidade de Herisau (Suiça) sofreu um violento ataque cardíaco tendo o seu corpo vindo a ser descoberto quando algumas crianças que caminhavam pela neve tropeçaram num corpo congelado.
ENRIQUE VILA-MATAS será, na actualidade, um dos melhores autores espanhóis, a par de Javier Marias e de Javier Cercas.
"A VIAGEM VERTICAL" é um bom livro de um bom (e diferente) escritor (e jornalista) catalão.
Enrique Vila-Matas, nasceu em Barcelona em 1948 |
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