terça-feira, 26 de abril de 2011

MÃE

Foste uma Mãe!

Uma vida intensa de trabalho, de sacrifício, como foram sempre as vidas das nossas mães.

Em Abril nasceste, Abril viveste, em Abril morreste.

Sempre tudo deste e nunca nada para ti quiseste.

Uma vida de intensa solidariedade!

Uma saudade imensa me invade quando relembro o teu olhar melancólico, o teu olhar triste o teu olhar de Mãe.












Obrigado Mãe.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

FMI












"... os portugueses comuns (os que têm trabalho) ganham cerca de metade (55%) do que se ganha na zona euro, mas os nossos gestores recebem, em média:

- mais 32% do que os americanos;
- mais 22,5% do que os franceses;
- mais 55 % do que os finlandeses;
- mais 56,5% do que os suecos" (dados de Manuel António Pina, Jornal de Notícias, 24/10/09).

No entanto, parece que para a vampiragem, onde naturalmente se inclui o famigerado FMI, a única e principal preocupação é a de manter os salários de quem trabalha o mais baixo possíveis, é reduzir em 12 meses o apoio ao desemprego, é "congelar" o salário mínimo nacional; em suma é tornar mais difícil a vida de quem trabalha ou seja daqueles que já a têem tão difícil.

sábado, 16 de abril de 2011

O CÃO

O único ser que nunca a abandonou e decidiu morrer ao seu lado, foi o seu cão; este foi um facto que aqui já citado, quando abordei a SOLIDÃO. E é a propósito dos cães, mais precisamente sobre os cães na literatura, que hoje me proponho salientar algumas passagens de livros que falam sobre o fiel amigo (que bela e correcta designação). Na "ODISSEIA" de Homero (séc. IX-VIII a.c. ; "Odisseia" conta as aventuras do herói Ulisses, no seu regresso à ilha de Ítaca, depois de ter corrido o mundo) Ulisses, depois do longo exílio, volta a Ítaca disfarçado de mendigo, e é reconhecido apenas por Argos, o seu cão, já bem velho, sem forças para fazer mais do que abanar o rabo ao reencontrar o dono. Ulisses então chora, e as lágrimas provocadas pela saudação de Argos dão a medida da cumplicidade que parece possível apenas entre cães e homens. Nem mesmo Posêidon, com a sua fúria e poder, havia conseguido fazê-lo chorar. O belga Maeterlink (1862-1949), dramaturgo, poeta e ensaísta de língua francesa, e principal expoente do teatro simbolista: “Ele é o único ser vivo que encontrou e reconhece um deus incontestável, tangível, irrecusável e definitivo. Ele sabe a quem dedicar o melhor de si, sabe a quem se dar acima de si mesmo. Ele não precisa buscar uma força perfeita, superior e infinita nas trevas, as mentiras sucessivas, as hipóteses e os sonhos”. Napoleão (1769-1821), no "Memorial de Santa Helena", conta que percorreu um campo de batalha em Itália do qual os mortos ainda não haviam sido retirados. Um cachorro está ao lado do cadáver de seu dono, geme, lambe-lhe o rosto. "Nunca nada, em nenhum dos meus campos de batalha, me impressionou tanto", declara Napoleão, que afirmou, aliás, que a morte de um milhão de homens não era nada para ele. "Eu havia, sem emoção, ordenado batalhas, que deveriam decidir o futuro do exército; havia visto, com o olho seco, serem executados movimentos que levariam à perda de muitos entre nós; e aqui eu ficava emocionado, ficava perturbado pelos gritos e pela dor de um cão!...". O cão é uma personagem frequente nos romances de José Saramago (1922-2010). É o caso do cão que lambia as lágrimas no "Ensaio sobre a Cegueira" ou das aparições do vira-lata na "História do Cerco de Lisboa" como no trecho a seguir: "O cão não se movera, apenas deixara descair a cabeça, o beiço rente ao chão. As costelas salientes, como de cristo crucificado, tremem-lhe nos encaixes da espinha, este animal é um rematado idiota, com a teima de viver nas Escadinhas de S. Crispim onde tem passado fomes de rabo, desprezando as abundâncias de Lisboa, Europa e Mundo (...)". Não esquecendo o Nero dos "BICHOS" de Miguel Torga que entrava pela cozinha e se ia deitar, junto ao lume, entre os braços balofos da sua Dona Sância.......

segunda-feira, 11 de abril de 2011

UMA ACTRIZ DE CINEMA - I

A par de Bette Davis, Vivien Leigh e Meryl Streep, a italiana Giulietta Masina (1921-1994), será provavelmente uma das quatro maiores actrizes do cinema, de sempre. Foi a musa inspiradora dum dos maiores realizadores de cinema, Frederico Fellini, que foi seu marido e a cuja morte não resistiu, pois morreu poucos meses depois dele. Giuleta Masinna foi uma actriz verdadeiramente arrebatora e filmes como a ESTRADA, NOITES DE CABÍRIA, entre outros, são absolutamente inesquecíveis. Mesmo quem não goste muito de cinema e veja uma interpretação desta actriz, num qualquer dos seus filmes, fica de imediato agarrado ao seu desempenho; em todas as áreas da cultura há pessoas que nasceram com um determinado dom, seja na música (Mozart), seja no futebol (Maradona), seja no teatro (Laurence Olivier), seja na declamação (Vilarett), seja na comédia (o nosso António Silva) seja no Fado (Amália). No Cinema Giuleta Masinna nasceu para ele.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

POR ONDE ANDEI EM 2010 - IX

Estamos em Outubro (2010). conheço o Dr. Adolfo Coelho da Rocha, que se consagrou na literatura portuguesa com o pseudónimo de MIGUEL TORGA (na foto, de guarda chuva), e é com ele que vivi, por volta de 1940, as aventuras de um Indiana Jones português na China. Efectivamente é com o SENHOR VENTURA, um português de Penedono, uma aldeia do abrasador Alentejo, que na aventura da sua existência deixa para trás os seus pais, a sua casa, que percorro meio mundo. Retomo à I Guerra Mundial e assisto, com REBECCA WEST, a O REGRESSO DO SOLDADO, vindo da linha da frente, com um trauma que lhe varreu a memória dos últimos quinze anos, e encontra as mulheres do seu passado.Uma delas é Kitty, a sua mulher, fria, elegante e bela. Outra, a sua dedicada prima, Jenny, que nunca chega a admitir que está apaixonada por ele. A terceira é Margaret, o seu primeiro amor e que é agora uma mulher maltratada pela vida, de modos quase rudes e corpo pesado. Lembra-se da prima como amiga de infância, não tem qualquer memória da esposa e está ligado à sua juvenil paixão por Margaret WALTER HUGO MÃE (em duplicado, na 2ª. foto), o escritor português (de Caxinas) que escreve só em minúsculas e me mostra A MÁQUINA DE FAZER ESPANHÓIS, e a primeira máquina com que me deparo é um lar de idosos, com o habitual nome eufemístico – Lar da Feliz Idade – e uma espécie de funcionamento para a morte. O número de residentes é fixo (93), as camas só vagam quando alguém morre, e por isso impera uma rotatividade que começa com a entrada para um dos melhores quartos (em frente ao jardim onde passam crianças) e termina na ala esquerda (com vista para o cemitério, em mórbida antecipação do fim).É a este mundo opressivo que chega, ainda atropelado de dor pela morte da mulher (Laura), o protagonista principal: António Silva, 84 anos, antigo barbeiro com problemas de consciência que nem o tempo foi capaz de sarar. Ele de início recusa a vida colectiva da casa, mas depois integra-se num grupo de homens palradores, quase todos partilhando o seu apelido, portugueses de gema que passam os dias a discutir justamente o que é isto de ser português, sobretudo quando todos levaram com quase meio século de fascismo em cima. Sigo depois para a República Dominicana para me encontrar com um dos seus mais jovens escritores, EDUARDO HALFON que, com O ANJO LITERÁRIO, faço uma pesquisa apaixonante sobre a literatura e o processo criativo dos autores. e o próprio processo da sua escrita. Através d O ESPELHO QUE FOGE pertença de GIOVANNI PAPINI fico a saber que:

-o segredo da vida está na morte -o segredo da luz está nas trevas -o segredo do bem está no mal -o segredo do sim está no não Deixo Itália e percorro novos caminhos que me levarão a procurar uma agulha num palheiro nas longínquas paragens dos EUA mais precisamente para Cornish, uma localidade com cerca de 1 700 habitantes, situada nas margens do rio Connecticut, tem duas mercearias, um posto de correio, uma igreja e vários quilómetros de pinheiros, carvalhos, terra arável e colinas suaves.

Há muito que é um reduto de férias para artistas e escritores, um refúgio solitário no meio da floresta mas isso fica para a próxima, de modo a continuarmos a procurar uma agulha num palheiro com esse solitário J.D. Salinger, recentemente falecido.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

O SABER NÃO OCUPA LUGAR


O meu amigo VV enviou-me esta deliciosa prosa, sobre a língua "perteguesa" e sei que não se importará que eu a dê a conhecer a todos (se calhar até a maioria até já conhece).... e no dia de hoje, nada melhor

PRONTUS - Usar o mais possível. É só dar vontade e podemos sempre soltar um 'prontus'! Fica sempre bem
NÚMARO - Também com a vertente 'númbaro'. Já está na Assembleia da República uma proposta de lei para se deixar de utilizar a palavra NÚMERO, a qual está em claro desuso. Por mim, acho um bom númaro e se for acompanhado do Amaricano, tanto melhor
PITAXIO - Aperitivo da classe do 'mindoím'.
ALEVANTAR - O acto de levantar com convicção, com o ar de 'a mim ninguém me come por parvo!... alevantei-me e fui-me embora!'
AMANDAR - O acto de atirar com força: 'O guarda-redes amandou a bola para bem longe'
ASSENTAR-O acto de sentar, só que com muita força, como fosse um tijolo a cair no cimento.
CAPOM - Tampa de motor de carros que quando se fecha faz POM!
DESTROCAR - Trocar várias vezes a mesma nota até ficarmos com a mesma.
DISVORICADA - Mulher que se diz por aí que se vai divorciar.
É ASSIM... - Talvez a maior evolução da língua portuguesa. Termo que não quer dizer nada e não serve para nada. Deve ser colocado no início de qualquer frase. Muito utilizado por jornalistas e intelectuais.
ENTROPEÇAR - Tropeçar duas vezes seguidas.
ÊROS - Moeda alternativa ao Euro, adoptada por alguns portugueses.
HÁ-DES - Verbo 'haver' na 2ª pessoa do singular: 'Eu hei-de cá vir um dia; tu há-des cá vir um dia...'
INCLUSIVER - Forma de expressar que percebemos de um assunto. E digo mais: eu inclusiver acho esta palavra muita gira. Também existe a variante 'Inclusivel'.
MÔ - A forma mais prática de articular a palavra MEU e dar um ar afro à língua portuguesa, como 'bué' ou 'maning'. Ex.: Atão mô, tudo bem?NhaAssim como Mô, é a forma mais prática de articular a palavra MINHA. Para quê perder tempo, não é? Fica sempre bem dizer 'Nha Mãe' e é uma poupança extraordinária. Lol também está na moda.
PARTELEIRA - Local ideal para guardar os livros de Protuguês do tempo da escola.
PERSSUNAL - O contrário de amador. Muito utilizado por jogadores de futebol, nomeadamente pelo tal do forno interno do clube.. Ex.: 'Sou perssunal de futebol'. Dica: deve ser articulada de forma rápida.
QUÉSSE DEZER - linguagem futebolesa que, por vezes, acompanha o alevantar da cabeça (no balneário diz-se alevantar a cachola)
STANDER - Local de venda. A forma mais famosa é, sem dúvida, o 'stander' de automóveis. O 'stander' é um dos grandes clássicos do 'português da cromagem'...
TIPO - Juntamente com o 'É assim', faz parte das grandes evoluções da língua portuguesa. Também sem querer dizer nada, e não servindo para nada, pode ser usado quando se quiser, porque nunca está errado, nem certo. É assim... tipo, tás a ver?
TREUZE - Palavras para quê? Todos nós conhecemos o númaro treuze.