domingo, 26 de junho de 2011

OS PORTUGUESES E A INTERNET

Aqui há uns tempos li, creio que no jornal O PÚBLICO, um curioso artigo de uma prestigiada escritora e jornalista Portuguesa (de que não sei agora precisar o nome), sobre a relação dos portugueses com a Internet, e que dizia mais ou menos o seguinte:

"A Internet chegou a Portugal numa má encruzilhada da nossa História.

Os portugueses devem ser o único povo europeu a ter evoluído directamente do analfabetismo para o computador. Ao contrário do que sucedeu, noutros países europeus, nomeadamente em França, na Suécia ou em Inglaterra, nunca atravessámos um período em que a maioria da população possuísse livros em casa.

Não admira que, durante os últimos anos, os portugueses se tivessem posto de cócoras, como um bando de pacóvios, diante do computador."


Permito-me ainda referenciar e transcrever (dum belíssimo blogue que há pouco tempo consultei) um artigo em que a sua autora, sobre o assunto, relatava mais ou menos o seguinte: "A Internet foi uma espantosa invenção e tornou-nos mais próximos de tudo ao alcance de uns meros cliques. Mas li algures que quem tira mais proveito dela é quem já fez pesquisa em livros antes ou depois de ela aparecer e tem maior discernimento ou cultura para desconfiar de algumas coisas e separar o trigo do joio. Numa empresa (editora) onde trabalhei, havia vários licenciados em jornalismo que nunca tinham entrado numa biblioteca e se haviam acostumado a pesquisar exclusivamente na Internet desde o primeiro ano do curso, usando a Wikipédia como fonte primária e tomando tudo o que lá estava escrito como certo. Uma vez, um dos meus patrões pediu a uma dessas jornalistas que redigisse um verbete de quinze linhas sobre João de Deus. A investigação fez-se rapidamente -talvez demasiado- e, quando ele foi ver, o texto referia-se ao apóstolo S. João..................."

terça-feira, 21 de junho de 2011

10 DE JUNHO - DIA DE PORTUGAL
















As condecorações do 10 de Junho provocam-me sempre muito desconforto, pois são sempre os "mesmos" -sempre gente bem- tudo amigos-família, tudo gente da mesma escola (gente do povo, pese as circunstâncias, mas gente do povo, só me lembro da ver lá antes da implantação da "demo cracia").


Ainda relembro aquele triste e tragico-cómico 10 de Junho em que o grande cérebro-cenoura, Jorge Sampaio, condecorou com a grã-cruz de não sei quem, o "célebre" piloto de fórmula um, Pedro Lamy (que desistiu sempre ou quando isso, por acaso, não aconteceu ficou em último), ou será que a condecoração terá ficado a dever-se tão somente ao aristocrático e chiquérrimo nome do "grande" piloto........


Ainda sobre o último dia de Portugal, não pude deixar de colocar os óculos nas orelhas quando ouvi do actual presidente da república, Cavaco Silva, palavras de incentivo e de quase uma imposição/obrigação nacional sobre a necessidade dum regresso à terra, um regresso à agricultura........


E fiquei de óculos bem abertos, porque foi a mesma pessoa que há uns quinze/vinte anos atrás, quando era primeiro ministro, disse precisamente o contrário, tendo sido ele o principal carrasco da agricultura portuguesa, pois foi ele o responsável máximo pela célebre PAC (Política de Agricultura Comum); foi ele que incentivou e pagou aos agricultores para não produzirem e abandonarem as terras.


Que Memória tão Curta!

quinta-feira, 16 de junho de 2011

POR ONDE ANDEI EM 2010 - XI

Depois de, sempre através dos livros que li em 2010, deixar Marrocos e viajar através dos tempos, de 1578 para os nossos dias, estamos agora no fim do mês de Novembro2010.

Retornando à nossa época, vou ao encontro de Nelson Mandela quando conquistou a presidência nas primeiras eleições livres e quando já pressupunha, no seu sexto sentido, que esta mudança formal não era suficiente para extinguir os ódios alimentados durante décadas. Claro que com aquele seu carisma que tanto sobressai pela inteligência e humanidade, como por um magnetismo fortemente sedutor, o seu esforço orientou-se no sentido de unir negros e brancos através de algo que pudesse encarnar a alma nacional.

Num golpe de génio, viu na final da Taça Mundial de Râguebi de 1995 a oportunidade única para pôr em prática o seu plano. Este romance “INVICTUS” escrito por JOHN CARLIN é um documento histórico que brilha pela clareza e complexidade dos factores em jogo, constituindo ao mesmo tempo um sentido testemunho ao homem que o inspirou. Nelson Mandela será verdadeiramente um dos homens do século!

Em pleno Inverno de 2010, e ainda viajando na África do Sul vou de encontro a um escritor daquele país que foi Prémio Nobel, J.M.COETZEE (na 1ª. foto), e por isso surge-me repentinamente “VERÃO” um romance que, sinceramente, talvez por ser na época em que estamos, traguei, devo confessar, com alguma dificuldade, e por isso mesmo não me alongo sobre ele. Contudo já li bons livros deste autor e aconselho, por exemplo, entre outros "A Vida e o tempo de Michael K" que nos conta a história de Michael K., um sul-africano que nasceu com lábio leporino......

Estamos quase a chegar ao final de 2010 e é com muita chuva e já com algum frio que me resguardo uns dias no “HOTEL SAVOY”, tomando contacto com a variada freguesia deste hotel ouvindo à época (1924) histórias às mais variadas personagens, de acordo com a riqueza e o status de cada personagem, através do seu autor JOSEPH ROTH.

Viajando sempre e mais uma vez no tempo, desloco-me para Nova Iorque e é na Primavera de 1967, ano da crescente oposição à guerra do Vietname, de rescaldo do assassínio de Kennedy e do melhor rock psicadélico, que me cruzo com o grande escritor norte-americano, PAUL AUSTER, para me contar através do seu 15º. romance “INVISÍVEL”, mais uma das suas histórias fascinantes em que cada história tem sempre uma história que se abre para outra história. Paul Auster é efectivamente um grande contador de histórias que, na minha opinião, vale a pena "escutar".

O fim do Ano aproxima-se a passos larguíssimos, o tempo voa e depois de Paul Auster estou já ansioso para, na próxima crónica, aqui transcrever o relato da minha próxima viagem com Bruce Chatwin (1940-1989) um dos mais aclamados escritores de literatura de viagens de sempre. Vou a caminho......

sábado, 11 de junho de 2011

A GREVE DOS MAQUINISTAS DA CP














A greve dos maquinistas da CP é uma situação que parece arrastar-se ad aeternum, e nem mesmo o facto de a que estava prevista para todo este mês de Junho ter sido desconvocada à última da hora, deixa de ser uma situação que merece uma reflexão.



No entanto não será, honestamente, uma situação fácil de ajuizar (nem é esse o meu propósito), sobretudo para quem está de fora e não conhece os meandros de todo este imbróglio; contudo o que aqui me proponho trazer é o que julgo ser também o pensamento da maioria das pessoas e sobretudo daqueles que são mais penalizados com este eterno impasse, nomeadamente os utilizadores do "cavalo de ferro".



É efectivamente um caso, esta misteriosa/enigmática/secular/impopular greve dos maquinistas da CP.

É algo que me põe a pensar, e que tenho cada vez mais dificuldade em compreender, já que é uma situação inoperante que se arrasta há quase ou mais de 40 anos anos; é verdade quarenta anos, pois recordo-me perfeitamente (porque o senti e muito na pele) que no princípio dos anos 70 do século passado (que lonjura, meu Deus...), quando trabalhava na baixa lisboeta (e estudava à noite) já sentia os tremendos efeitos negativos desta "dinossaura" greve e que naturalmente tinha (e certamente continuará a ter) repercussões muito negativas sobre a vida das pessoas que diariamente, se deslocavam para trabalhar; lembro-me que muitas vezes viajei pendurado nas carruagens, pondo até em perigo a própria vida e isto sem exageros (não era ó Kim?...)

Parece ter qualquer coisa de secreto esta greve dos maquinistas da CP que acontece com uma regularidade impressionante.

Ou esta é mesmo uma luta muito difícil ou então é um agradável braço de ferro (servindo afinal os interesses não se se sabe de quem), que parece passar de pais para filhos e em que sobretudo parece imperar o egoísmo.



É uma situação que parece reflectir uma absoluta incapacidade, inoperância, incompetência dos intervenientes.



Esta empresa pública de transportes ferroviários, que tem um prejuízo de 195 milhões de euros, e em que ainda recentemente veio a público que cinco gestores têm uma frota de automóveis Mercedes cuja renda anual ascende a cerca de 55 mil euros, parece ingovernável.

domingo, 5 de junho de 2011

LIVRARIA ESPERANÇA

























Sempre que vou ao Funchal só se me for de todo impossível é que não visito este "santuário" magnífico.

Efectivamente a Livraria Esperança (na Rua dos Ferreiros) é um lugar absolutamente majestoso, histórico, fascinante, diria mesmo esmagador para quem gosta de livros.

Foi o primeiro estabelecimento no Funchal a vender livros, existindo desde 1886.


É a maior livraria de Portugal a segunda maior do Mundo -o tamanho de um estádio de futebol-.

Uma existência de mais de 189.000 livros, estando mais de 100.000 virados de capa para a frente, perfeitamente disponíveis um por um, capa por capa, sendo possível visioná-los, folheá-los porque estão -todos- ali mesmo à nossa frente a pedir que lhes toquemos, é uma sensação indescritível.


Tem um exemplar de praticamente todas as obras publicadas em português.

Quando vou ao Funchal deambulo por aqueles corredores silenciosamente cheios de livros, perco-me por aqueles milhares de páginas escritas, livros em tudo quanto é sítio e totalmente à vista e é possível folheá-los todos, um por um, porque estão absoluta e inteiramente à mão de folhear.

Sempre que lá vou encontro o livro que procuro (esgotado no continente); ainda agora encontrei um que há tanto tempo procurava (o relato de uma paixão ardente de alguém que, no seu tempo, teve a ousadia de se dedicar à escultura e que por via dessa originalidade visionária "passou as passas do Algarve" e por isso morreu num asilo após um internamento de quase trinta anos; mas isso será uma conversa a seu tempo e em "su-sítio").

Impressionante esta LIVRARIA ESPERANÇA, para quem gosta de livros (e não só).


Um monumento ao livro!