terça-feira, 29 de maio de 2012

A FLEXIBILIZAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO



Um dos maiores factores publicitados para a flexibilização da legislação do trabalho seria que iria  aumentar o emprego (em Portugal), contudo:

-O número de desempregados inscritos nos centros de emprego do país em Março aumentou 19,8 por cento face ao mesmo mês do ano passado, penalizando sobretudo os jovens, de acordo com um boletim mensal hoje divulgado.

Segundo o boletim 'Informação Mensal do Mercado de Emprego', do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), no final de março deste ano, estavam inscritos nos centros de emprego 661.403 desempregados (dados de 'stock'), mais 19,8 por cento do que em Março de 2011 e mais 2,1 por cento do que em Fevereiro de 2012.

Ao longo do mês (dados de fluxo), inscreveram-se nos centros de emprego do país 65.429 desempregados, mais 19,9 por cento do que em Março de 2011 e mais 8,6 por cento do que em Fevereiro....

quinta-feira, 24 de maio de 2012

POR ONDE ANDEI EM 2011 - VIII



É na segunda semana de Abril (2011) que, nas minhas andanças pelo mundo, através dos livros que vou lendo, que me cruzo com Arthur (Conan Doyle) e George (Edalji).
Cresceram em mundos completamente diferentes e a vários quilómetros de distância um do outro, na Grã-Bretanha do final do sécúlo XIX.
O primeiro é médico e tornou-se mundialmente conhecido por ser o criador do célebre Sherlock Holmes. Arthur torna-se escritor e um dos mais famosos homens do seu tempo, enquanto George, solicitador em Birmingham, permanece na obscuridade. Mas com o despontar do novo século, as suas vidas cruzam-se devido a uma sequência de acontecimentos reais que ficaram conhecidos como "Os Ultrajes de Great Wyrley".
O segundo, George Edalji quer apenas ser muito inglês e acredita na lei; contudo, a sua ascendência pársi é um entrave às suas aspirações e colocá-lo-á a braços com a justiça. Por seu lado, Arthur é um homem moderno para a sua época, mas os seus ideais de cavalheirismo e dever empurram-no para um insolúvel dilema moral: ama profundamente Jean, mas existe Touie, a sua mulher, a quem encara com afecto e respeito. É então, após dez anos a viver esta mentira, que Arthur descobre a história de George. O óbvio erro judiciário galvaniza-o. Uma vez que o público o identifica com Sherlock Holmes, ele vai actuar como a sua criação, limpar o nome do inocente e desmascarar o culpado. A uni-los está o facto de ambos serem vítimas dos sistemas que mais admiram: a lei e o cavalheirismo, e juntos serão capazes de redimir as suas vidas destroçadas pela falta de esperança e frustração.



Julian Barnes (Inglaterra 1946, na foto anterior) é efectivamente um excelente escritor e gostei deste seu livro (Arthur & George) que se lê com muito agrado mas que é preciso ler com alguma concentração para não perdermos o fio à meada.


Chego a meados de Abril e recebo um precioso convite do escritor francês Villiers de l'Isle-Adam (1838-1889), para o seu livro O Convidado das Últimas Festas.

Este escritor acreditava que a imaginação continha mais beleza do que a realidade e disse mesmo, num conto, que "uma coisa é tanto mais real para nós quanto mais nos interessa, já que uma coisa que não nos interesse de todo não existirá para nós."


Escreveu contos profundamente marcados pelo sonho, pela ironia e pelo sentido do grotesco. O Convidado das Últimas Festas, conto que dá nome à colectânea, tem como personagem central um homem estranho, com um segredo assustador. E seguem-se outras 7 histórias na mesma veia.


Este livro faz parte de uma excelente colecção (A BIBLIOTECA DE BABEL) publicada pela Editorial Presença, tendo sido publicados até agora dezasseis excelentes livros, todos eles escolhas do grande escritor argentino Jorge Luís Borges.


E já em fins de Abril entrando no mês de Maio que chego aos EUA aonde me encontrarei com o professor e reitor da Universidade de Athena, um homem que foge às suas raízes procurando ludribiar o seu passado, mas disso falarei na próxima oportunidade quando aqui nos encontramos para vos descrever mais esta viagem pelos livros que fui lendo e consequentemente pelas vidas que fui descobrindo, neste caso com o grande escritor Philpp Roth, felizmente ainda vivo.  

 

segunda-feira, 21 de maio de 2012

O CONVIDADO DE FERNANDO ALVIM




No programa PROVA ORAL, da Antena 3, do dia 25 de Abril de 2012, o convidado do excelente Fernando Alvim, um pretenso humorista (diz-se de humor negro), Rui Sinel de Cordes, terminou o seu "discurso", com a seguinte anedota:
"A minha namorada está com um cancro na mama. Acabei tudo com ela, porque não gosto de fruta com caroço"!





Ora aqui está uma anedota digna de um autêntico e formidável labrego, uma ofensa desmedida a qualquer comum dos mortais.
Como é possível Fernando Alvim permitir que, como responsável do programa, passe uma alarvidade destas (o programa tinha sido gravado dois dias antes, logo tal labregice, cruel e absolutamente imprópria, não poderia de forma nenhuma ser admitida).
Está em causa a própria liberdade de expressão (ao não a eliminar, mas sim permiti-la) porque é uma alarvice absolutamente inenarrável que fere e magoa todas as pessoas deste país, homens ou mulheres.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

O QUE ANDO A LER - UMBERTO ECO


Sempre tive algum “medo” dos livros do Umberto Eco, devido à sua conotação tremendamente intelectual que o “mascarou” de um escritor difícil.
Contudo já não penso do mesmo modo.

É que as obras que dele tenho lido têm sido agradáveis surpresas, “A OBSESSÃO DO FOGO” um livro de ensaios que gostei imenso e através do qual aprendi muita coisa, o consagrado “O NOME DA ROSA” e o que estou actualmente a ler (A MISTERIOSA CHAMA DA RAINHA LOANA), é um belo livro, em todos os sentidos, pois é uma obra cheia de fotografias espectaculares de objectos, livros, jornais, revistas, anúncios, de há mais de 50 anos. “A MISTERIOSA CHAMA DA RAINHA LOANA” é um mergulho nas memórias do escritor.


Este livro de Umberto Eco, que se lê e que se vê muito bem, é a história de Bodoni, um erudito livreiro milanês que após um AVC perde totalmente a memória pessoal e tenta reconstruir a sua história através de objectos, cadernos escolares, jornais, revistas, publicações antigas, anúncios publicitários e a ajuda de familiares e amigos.Tem de voltar a aprender a ver e a fazer todas aquelas coisas que, na vida, damos como garantidas. Apesar de ter perdido a sua memória sensorial, não perdeu a sua memória semântica. Contudo, os rostos dos familiares, da mulher e dos filhos não lhe dizem nada.
É um livro muito curioso em que Bodoni vai recordando as suas experiências pessoais, e nos sótãos e gabinetes da casa dos seus avós, onde passou os anos da sua juventude, relê os livros, ouve os discos, e outras memórias que marcaram a sua juventude, e com isto nós próprios, vamos relembrando igualmente as nossas memórias de infância, gerando assim uma deliciosa cumplicidade entre a principal personagem e o leitor.

Porque certamente já aconteceu a muitos de nós, nomeadamente àqueles que têm muitos livros em casa, dele extraí este pequeno e saboroso comentário, quando Bodini recebe uma visita de alguém em sua casa:
-O senhor tem muitos livros

-Aqui estão cinco mil

-E já os leu todos?

-Nenhum, de outro modo, por que os guardaria aqui? O senhor porventura costuma guardar as latas de conserva depois de as esvaziar?
Os cinquenta mil que já li ofereci-os a prisões e hospitais.
E o meu interlocutor estremece…

quarta-feira, 9 de maio de 2012

CRÓNICA FEMININA vs MARIA


Ó Seve é preciso é ler, nem que seja a Crónica Feminina...
Esta da Crónica Feminina foi-me dita por um Senhor da Fundação Gulbenkian, na altura Director da revista "Colóquio-Letras" (tornámo-nos amigos, a partir daquele dia) estava eu, na estação de S.Sebastião da Pedreira, sentado num banco do METRO à espera do comboio e a ler "O NOVENTA E TRÊS" do grande romancista francês Victor Hugo, em dois volumes de bolso, da Editora MINERVA; teria para aí uns 14/15 anos (era paquete, também chamado groom, de uma empresa import/export, com sede no Rossio, por cima da TENDINHA). Sabem o que era um Paquete? Só não digo que seria o moço dos recados porque ainda havia o porteiro, o motorista do admnistrador e eram esses que normalmente faziam os recados, não era propriamente o moço dos recados mas andava lá perto, corria Lisboa de lés a lés (muitas vezes a pé para poupar o bilhete do autocarro e para descobrir Lisboa e não só...)
Para quem não conheceu a revista CRÓNICA FEMININA será assim como a actual MARIA; permito-me salientar algumas características duma e doutra:
-Enquanto que as cartas recebidas das leitoras da CRÓNICA FEMININA, perguntavam, por exemplo, como se fazia o COZIDO À PORTUGUESA,
-a MARIA pergunta -será que posso engravidar banhando-me na mesma água do banho do meu cunhado?
-a CRÓNICA FEMININA salientava -na minha aldeia há uma árvore que tem 500 anos,
-na MARIA uma leitora mostrava-se estupefacta com o tamanho (ou não) do pénis do namorado;
-na CRÓNICA FEMININA salientava que a dor de costas se curava com banhos frios,
-na MARIA a leitora salientava que ficava muito excitada com o tamanho dos pés do namorado e de seguida tinha logo três orgasmos. São mais ou menos estas as características de uma e doutra- tudo uma QUESTÃO DE ESTAR, UMA QUESTÃO DE CULTURA...
A publicação duma e doutra revista estão separados no tempo cerca de 50 anos (1950-2000).

sexta-feira, 4 de maio de 2012

PINGO DOCE/1º. de MAIO


Um país onde até os sinos das igrejas são roubados é um país adiado. 

Digo apenas adiado, porque o progresso não pára.

Mas parecem estar a faltar-nos valores éticos que enrijecem a têmpera de um Povo e o fazem progredir e esta falta de valores contribuirão e inibir-nos-ão certamente de andar para a frente. Será que os valores deste Povo estarão retratados no que aconteceu no domingo passado no Pingo Doce (por acaso dia 1 de Maio)?...ninguém tem dinheiro, tudo se queixa, tudo choraminga, é lamúria a toda a hora mas quase um milhão de pessoas gastaram dinheiro (se calhar a maioria) no que precisam e no que não precisam... e que, porventura, lhes faltará para o resto do mês, então onde está a falta de dinheiro? Que moral vir depois para a televisão reivindicar qualquer coisa, ou para se revoltar contra as injustiças, quando lhe oferecem um osso com um bocadinho de carne e se matam uns aos outros, quais abutres, para a ele chegarem, comprando o que apanham à mão precisem ou não, é preciso é levar (vi carrinhos de mão carregados de cerveja e garrafas de whiskie, se fosse injecção marchava na mesma). Certamente que fez jeito a algumas pessoas que lá estiveram, e até poderemos pensar que afinal foi um bodo aos pobres, mas...



E o Pingo Doce? estarei a condená-lo? não, não estou, é a estratégia (plenamente dentro do sistema), e que, segundo o Director Geral do Pingo Doce, “limitaram-se”, qual filantropia, a dar ao Povo um osso com carne... e por metade do preço...e, segundo ainda o referido Director Geral, afinal todos lucraram.
Não poderei ainda, de modo nenhum, deixar de salientar que até foi uma genial jogada, em que se viram livres de monos e material quase a exceder o prazo, contabilizaram num dia o que certamente não fariam num mês, quiçá num ano, tiveram publicidade à borla que lhes custaria milhões (até aberturas de telejornal), foi sem dúvida alguma uma jogada genial de Marketing.

Mas será que todos lucraram?



É que dar um osso a um cão não é caridade. A caridade é partilhar o osso com o cão quando estás tão faminto como ele.
(Jack London - escritor - EUA - 1876-1916)

terça-feira, 1 de maio de 2012

call center



É com muita frequência que somos assediados no nosso telemóvel por pessoas a tentarem vender-nos qualquer coisa, chamadas de promoção de produtos e serviços (TV's cabos, Seguradoras, Bancos, Créditos, etc. etc.) e com alguma assiduidade por bancos que nos querem vender ou cartões de crédito ou outro qualquer serviço. Sei que, por vezes, não temos nem tempo nem paciência para ouvir alguém que nos tenta impingir algo e, regra geral, com uma persistência que chega a ser desconfortante.

Devo confessar, mea culpa, é com alguma arrogância e mau feitio que, por vezes, atendo a pessoa que está do outro lado, esquecendo-me que ela é também uma pessoa, quem sabe o quanto lhe custará estar ali a fazer o que não gosta, ganhando quatrocentos e poucos euros que mal chegam para os transportes, trabalhando ininterruptamente, pelo menos seis horas por dia, ouvindo sabe-se lá os maiores depaupérios, as maiores asneiras, as maiores faltas de educação, os maiores insultos à sua dignidade (sei-o de fonte segura).
Não nos deveremos esquecer que do outro lado estão pessoas como nós que apenas estão a tentar ganhar a sua vida, o seu dia a dia, sabe-se lá com que sacrifício, por isso é de toda a justiça que de tal não nos esqueçamos e que, pelo menos, façamos um esforço para evitar tratar estas outras pessoas com arrogância, má educação, pois do outro lado poderia estar alguém da nossa família, até nós poderíamos lá estar.

Aprendi que só temos o direito a olhar o outro de cima para baixo, quando estamos a ajudá-lo a levantar-se.