segunda-feira, 24 de outubro de 2016

"FRANKIE E O CASAMENTO" - CARSON McCULLERS - LEITURAS 2016 - XXXVII

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Aconteceu naquele Verão verde e absurdo quando Frankie tinha doze anos. Este foi o Verão em que, há muito, ela não era sócia de nada. Não pertencia a nenhum clube, não era sócia de nada no mundo. Frankie tornara-se uma pessoa desvinculada que rondava pelas portas, e tinha medo.............

Quando um livro começa assim sinto logo aquela satisfação que nos envolve quando se aproxima algo de bom e que de imediato nos amarra ao livro com um prazer enorme, uma grande satisfação e alegria, diria mesmo felicidade.


"FRANKIE E O CASAMENTO" é mais um belo livro deste excelente escritora norte americana que continuo a descobrir a cada livro que leio e dos três que já li, para além deste, ("O CORAÇÃO É UM CAÇADOR SOLITÁRIO", "A BALADA DO CAFÉ TRISTE", "REFLEXOS NUM OLHO DOURADO") não sei sinceramente qual deles mais gostei.

O Universo que CARSON MCCULLERS constrói faz-me muito lembrar os desenhados por Flannery O'Connor, Joyce Carol Oates ou Truman Capote, universos estranhos mas cheios de imaginação e que nos surpreendem a cada página.

Carson McCullers constrói neste livro três personagens sublimes, Frankie, a personagem principal que a meio do livro muda de identidade (auto-intitulando-se F.Jasmine) já que é seu desejo dar outro rumo à sua vida, quer ir à procura de outro mundo já que sente que aquele onde vive é para ela tão pequeno. É uma criança de 12 anos mas com pensamentos profundos.
Outra interessante personagem é John Henry, um rapaz de 6 anos que segue Frankie (sua prima) para todo o lado.
A terceira personagem é a cozinheira da família, Berenice, uma mulher negra, que tem um olho de vidro azul brilhante e que constantemente confronta Frankie nas sua ideias e planos.

Tudo começa quando Frankie é convidada para o casamento do irmão lá bem longe (Alasca) do pequeno lugar onde vive. É a oportunidade que esperava para ir conhecer outro mundo.

Realmente o universo que Carson McCullers constrói com a sua escrita é fascinante; apenas alguns lampejos:

-o rádio esteve ligado dia e noite, de tal modo que já ninguém o ouvia...

-na vizinhança, ouviu o som das vozes do entardecer...

-não se pode fazer uma bolsa de seda com a orelha de uma porca...


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Carson McCullers   -   Columbus 1917  -  Nova Iorque  1967

nota 4 - bom

0-li, mas foi zero
1-desisti
2-li, mas não me cativou
3-razoável
3,5-interessante
4-bom
5-muito bom
6-excelente
7-obra-prima



terça-feira, 18 de outubro de 2016

A RELIGIÃO É O ÓPIO DO POVO

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Heinriche Heine


Até ler "O silêncio dos livros" de George Steiner, estava convencido que a célebre frase "A RELIGIÃO É O ÓPIO DO POVO" seria uma expressão de Karl Marx, mas afinal foi Heinriche Heine quem efectivamente primeiramente a proferiu.

Heinriche Heine foi um poeta romântico alemão, conhecido como o "último dos românticos", nascido em Dusseldorf em 1797 e que morreu em Paris em 1855.



quinta-feira, 13 de outubro de 2016

"OBLOMOV - O MAGNÍFICO PREGUIÇOSO" - IVAN GONTCHAROV - LEITURAS 2016 XXXVI

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A história do bom e preguiçoso Oblomov, um tipo apático e adormecido, um preguiçoso e desinteressado que não se preocupa com o mundo à sua volta, que encolhe os ombros a tudo, não se perturba, não se aborrece, não faz ondas de espécie nenhuma, numa Rússia esclavagista onde imperam a injustiça e as leis duma sociedade medieval que só poderia ser radicalmente alterada, como o viria de facto a ser mais tarde.

São quase seiscentas páginas (e letra miudinha), é um livro para ir lendo e digerindo, uma das obras primas da literatura russa de meados do século XIX.

Um grande romance que demorei a ler, não só porque são muitas, muitas páginas, mas também porque quis ir lendo, lendo e saboreando (preguiçando, até) a deslizante e leve escrita deste excelente escritor russo do séc. XIX, IVAN GONTCHAROV, que, no entanto, parece ter sido depreciado por várias gerações de escritores russos, nomeadamente por Dostoiévski que, conforme li no jornal "O Público", o descreveu como "um funcionariozeco com olhos de peixe cozido a quem Deus (...) concedeu um talento brilhante."

Gostei, mas atenção, repito, é para se ir lendo com calma e saboreando as diversas cenas, por vezes até bastante irritantes de tanta indolência, tanta preguiça, ir calmamente observando personagens que, afinal, continuam por aí a pulular.

Mas não há bela sem senão — esta é uma edição miserável do Círculo de Leitores (Junho de 1973), com erros página sim página sim, letras e frases trocadas, uma vergonha absolutamente inenarrável, só vendo/lendo porque contado ninguém acredita...



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IVAN GONTCHAROV  -  Rússia - 1812 - 1891

nota 4 - bom

0-li, mas foi zero
1-desisti
2-li, mas não me cativou
3-razoável
3,5-interessante
4-bom
5-muito bom
6-excelente
7-obra-prima


sábado, 8 de outubro de 2016

"UM POSTAL DE DETROIT" - JOÃO RICARDO PEDRO - LEITURAS 2016 - XXXV


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Já lá vão mais de trinta anos quando, em Setembro de 1985, aconteceu este choque frontal de comboios em Alcafache. E quando, como eu tinha na altura, se tem pouco mais de vinte anos queremos abraçar o mundo e por isso, por vezes, passamos pelas coisas como cão por vinha vindimada, mesmo as maiores tragédias que acontecem ali ao nosso lado. A esta distância lembro-me que terá sido isso que, na altura, poderá ter acontecido comigo, pois conservo apenas uma ténue lembrança deste trágico acontecimento.

Neste choque de comboios algumas das vítimas mortais (cerca de duas centenas), presas nas carruagens a arder, nunca chegam a ser identificadas, daí não haver registos concludentes. É a partir daqui que o autor compõe um (muito) bom livro. Entusiasmante até! Contudo, tal como me aconteceu com o seu primeiro livro ("O teu rosto será o último"), quando deverão faltar para aí umas cinquenta ou sessenta páginas para o fim o entusiasmo foi diminuindo, diminuindo até chegar à última página (já) um pouco arrastado, acabando assim o livro com um final não sei se direi desinteressante se direi "desencontrado" de tudo o que imaginaria e de tudo o que seriam as minhas expectativas, tão bem alimentadas até quase ao fim. E assim, à semelhança do livro anterior (e primeiro do autor, o já referido "O teu rosto será o último"), deste não retirei qualquer conclusão. Às vezes acontece.

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João Ricardo Pedro - 18 Agosto 1973 - Reboleira - Amadora

nota 3,5-interessante

0-li, mas foi zero
1-desisti
2-li, mas não me cativou
3-razoável
3,5-interessante
4-bom
5-muito bom
6-excelente
7-obra-prima

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

"DISCURSO SOBRE O FILHO DA PUTA" - ALBERTO PIMENTA - LEITURAS 2016 - XXXIV

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Não conheço pessoalmente ALBERTO PIMENTA mas desperta-me sempre imensa curiosidade o modo como parece estar na vida e a maneira aberta e livre como fala dela, o modo como aborda as mais diversas situações com que todos nós nos defrontamos diariamente; é daquelas personagens que há muitos anos me seduz pois parece conseguir estar sempre do outro lado deste mundo cão.

"DISCURSO SOBRE O FILHO DA PUTA" é um livro que impressiona pelo facto em que nele vemos retratada tanta gente que conhecemos, pessoas que passaram pela nossa própria vida e apenas nos deixaram a marca de filho da puta. Tantos personagens da vida política e social da actual sociedade portuguesa estão ali (tão bem) retratados; estamos a ler e a "ver" os personagens.   

"O filho da puta não diz que precisa diz que aceita o trabalho de alguém: "aceita-se trabalhador" dizem então todos os filhos da puta, e com isso estão rebaixando o trabalho que precisam e que dizem aceitar."

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Alberto Pimenta, professor universitário, escritor, poeta e ensaísta português - Porto  1937 

nota 3,5 - interessante

0 - li, mas foi zero
1 - desisti
2 - li, mas não me cativou
3 . razoável
3,5 - interessante
4 - bom
5 - muito bom
6 - excelente
7 - obra-prima