quarta-feira, 30 de abril de 2014

KAFKA

 
O princípio de um livro quase sempre me diz se me apresto para ler uma pastelada, se tenho em mãos um bom, um excelente, um extraordinário livro e o início do que acabo de ler "A METAMORFOSE" diz-me que estou perante um livro importante: "Uma manhã ao despertar de sonhos inquietantes, Gregor Samsa deu por si na cama transformado num gigantesco insecto" .
 

"A METAMORFOSE" convida o leitor a acompanhar os sentimentos de Gregor Samsa, caixeiro viajante, surpreendido ao acordar com o corpo na forma de um insecto e se vê confrontado com tudo o que esta mudança lhe vai mostrar relativamente ao ser humano e fundamentalmente ao seu seio familiar.
Gregor, já insecto, pensava e sentia como humano e a sua família demonstrava sentimentos de repulsa e desconforto com esta transformação pois os conflitos que gera no seio familiar possibilitam inúmeras reflexões do que são as relações humanas perante determinadas situações. Aqui são muito bem mostradas as transformações ocorridas em função de mudanças provocadas pela origem do dinheiro que promovia a manutenção da família, pela imposição moral e alienação intelectual, ausência de liberdade, sentimento de culpa, além de outros temas relacionados à humanidade.
Isolado no seu quarto, excluído pela empresa onde trabalhava e ignorado pela família, Gregor, sentiu, no corpo de um insecto, os reflexo das atitudes humanas e percebeu o incômodo da submissão social.
 

Vem a talhe de foice salientar que, também de Franz Kafka, "O Processo", que li há muitos anos, foi dos livros mais perturbantes que li e que melhor me mostraram o que, em determinadas situações, pode ser e fazer ao seu semelhante o ser humano. 

Franz Kafka (Praga-República Checa, 1883-1924), deve ter sido um homem duma sensibilidade extrema (e dum sofrimento extremo) pois essa sensibilidade e esse sofrimento reflectem-se nos livros que dele já li e este "A METAMORFOSE" (escrito em 1912) é um bom exemplo disso.
 
É uma novela que não chega a ter cem páginas e que se lê num ápice.



 

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