Não teria mais de três/quatro anos e parece que estou a ver o meu pai a entrar em casa e a dizer-nos (à minha mãe e a mim): acreditam que vos trago uma "caixa" que "fala"..... Era o primeiro rádio que entrava em nossa casa, estaria no final dos anos cinquenta, do século passado. Era um GELOSO (marca italiana), que ainda conservo.
Os campeões mundiais de Hóqueis em Patins em Montreux, o Alves Barbosa e o Pedro Polainas, da Volta a Portugal em Bicicleta, os leões Vasques e o Travassos dos Cinco Violinos, Marino Marini, Alberto Ribeiro, Joselito, Maurice Chevalier, Amália Rodrigues, o inesquecível João Villaret, os discos pedidos no programa do Artur Agostinho "O que deseja Ouvir" as paródias do Zequinha e Lelé, o problemático casal de namorados interpretado por Vasco Santana e Irene Velez no programa de Igrejas Caeiro, "Os Companheiros da Alegria", "A Parada da Paródia" dos Irmãos Ruy e José Andrade, que mais tarde se transformará nos Parodiantes de Lisboa, etc. etc., são sons que ainda conservo no sub-consciente.
Eu e a minha mãe ouvíamos diariamente (num melodioso e divino silêncio) os sons que ainda agora nos acompanham, como se lêssemos um livro, como se viajássemos num zepelin, como se se navegássemos num mar azul e calmo.....tempos puros, tempos com luz, tempos com sons e com cheiros....enfim, tempos diferentes, tempos com tempo!
A rádio sempre foi uma paixão, muito mais do que a televisão.
Vem isto a propósito dum programa que passa na Antena 1, todos os sábados, entre as 8h00 e as 9h00 da manhã. É A ILHA DOS TESOUROS, do Júlio Isidro. Uma verdadeira pérola, tanto pela música que passa como pelos textos que o Júlio Isidro vai lendo, uma autêntica maravilha.
Apesar da hora tão matinal (para um sábado) tento não perder um, porque é como se o ouvisse naquele rádio da minha infância.
Já aqui falei neste blogue sobre a admiração que tenho pelo profissional que é Júlio Isidro, um autêntico homem da rádio, uma pequena maravilha num país que julgo não o merecer. Como é possível programar-se este TESOURO para as oito horas da manhã dum sábado, em que àquela hora a maioria das pessoas ainda estará a descansar; o “rei verde” deu cabo disto tudo…. os tempos são mesmo diferentes.... (para o melhor e para o pior, claro).
Se puderem não percam e oiçam este belo programa que é A ILHA DOS TESOUROS, vale bem a pena.
Jovem Amigo, pura verdade, no teu Tema, que tratas, Rádio/A Ilha dos Tesouros. Sou mais velho, não muito, a caminho dos 66, e recordo com Saudade, toda a variedade de programas que se ouvia naquela época, em casa dos meus Pais, em menino e moço. Primeiro, meu Pai, foi a uma loja da especialidade, e foi trazendo para casa, rádios à experiência ( outrora era assim ), não como hoje, e após experimentar alguns, acabou por comprar um SCHAUB LORENZ, lindo, o qual durou, até cair no lixo. A sua caixa e os componentes, no seu interior, foram lançados para dentro de um contentor de lixo, à pouco mais de 10 anos, embora, já não trabalhava, à cerca de 15 anos. Tenho pena, pois se fosse hoje, ainda existem Técnicos que reparam esses belíssimos aparelhos, mas já foi, e nada a fazer. Apenas, tenho a sua ficha, hoje, aplicada num candeeiro de pé, que está na minha sala, em minha casa. Recordo com saudade, menino e moço, durante vários anos, se ouvia ( uma imagem de marca ), todos aqueles que já mencionastes, e ainda mais um programa, ( hoje, não sei, se ainda existe…) que “prendia” todos dentro de casa, à hora do almoço, perto das 13,30 horas, aos Domingos, a “ Voz dos Ridículos “ no Porto, programa de grande amplitude, que apesar de se estar em pleno fascismo, os seus trocadilhos emitidos, 90%, eram de uma forma “diplomática”, a darem porrada, em tudo que prejudicava os Portugueses, com relatos de acontecimentos imaginados, como tudo fosse verdade, ou seja, comparados, fantástico. A seguir, eram os relatos de futebol, hóquem em patins Internacionais, dos quais, Portugal, saía quase sempre vencedor, constituído por diversos jogadores da Metrópole e das antigas “Colónias”, enfim, um mundo maravilhoso, recordando alguns, Moreira, Vaz Guedes, Adrião, Velasques e Bouçós, uma das equipas mais famosas e deu muitas alegrias, entre muitas…
ResponderEliminarVale a pena recordar, a rádio, o único meio da altura, que deu muitas alegrias, e hoje, provoca saudade, mas a evolução dos tempos, é assim…
Um abraço.
W
Uma feliz visita ao passado,com gratas recordações.Evocas bons momentos.É gratificante, o sentimento que ainda guardamos.
ResponderEliminarA rádio faz-me mais companhia que a televisão.
Abraço
Anali
Video killed the radio star?
ResponderEliminarSalvo erro era este o tema dos Buggles nos já saudosos também anos 80. Caro amigo Severino tudo aquilo que escreveste eu concordo e não conseguiria dizê-lo melhor, também eu apesar de um bocadinho mais novo que tu (56)recordo-me perfeitamente dos programas que referes e comovidamente me lembro ao Sábado quando ia a casa dos meus avós maternos ver o meu avô a petiscar um bacalhauzito desfiado (era o lanche dele) e o rádio se não me falha a memória, um Siera. Lembram-se? Pois eu até ainda me lembro da publicidade a esta marca: Silêncio, está um Siera a tocar. Os tempos são outros é certo mas o rádio continua e oxalá continue sempre a ser uma companhia. Estamos todos a ficar mais nostálgicos? Ainda bem é porque temos, passado, registos, memórias. E para terminar aqui vai esta: Um, dois, três, um, dois, três, quatro, cinco minutos jazz.
Um abração.
Almeidinha
Tal como o cinema não matou o teatro, o vídeo não matou o cinema, também a rádio continua bem viva.
ResponderEliminarSIERA, claro que me lembro perfeitamente e até da campanha de publicidade que referes.
Tal como os outros amigos que já tinham comentado estas memórias, elas fazem parte das nossas vidas e são fundamentais porque um povo, uma família, uma empresa que não tem memória não tem futuro.
Dizia ontem Rui Zink, na Antena Um; "Da Rádio não tenho memórias, já que só a partir dos meus 15 anos de idade a passei a ouvir; é que até ao 15 anos ouvia telefonia e dessa sim tenho muits e boas memórias...."
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