Andava eu na busca do "gato-pingado" ligado aos enterros na cidade de Lisboa no século passado, quando deparei com os corvos de Lisboa que vejo constantemente pelas esquinas e candeeiros da cidade e na bandeira do município e perguntei-me, porquê dois corvos?
Os dois corvos que aparecem no brasão de Lisboa estão ligados a São Vicente, mártir cristão do século IV e padroeiro dessa cidade. Por não querer abjurar (renunciar) da sua fé, os romanos o torturaram e atiraram o seu cadáver às aves de rapina. Segundo a lenda, um corvo defendeu os despojos. Os cristãos de Valência (Espanha) onde esta história se passa, receando que os árabes invasores da Península Ibérica, em meados do século VIII, profanassem o corpo do santo, resolveram trasladá-lo para o promontório Sacro, no Algarve. Ali construíram uma igreja e um convento, e o local passou a chamar-se Cabo de São Vicente. Dizia-se que os corvos que voavam sobre a igreja eram descendentes daquele primeiro corvo.
Em 1173, o primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques, mandou trazer o corpo para Lisboa; dois corvos acompanharam as sagradas relíquias desde o Algarve, postando-se um à popa e outro à proa da embarcação que as transportava.
Da tradição dos corvos de São Vicente, ficou a chamar-se vicente ao corvo e, por extensão, a outros animais negros.
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