" A LÃ E A NEVE" romance de Ferreira de Castro publicado em 1947, que relata a proletarização nas fábricas têxteis da Covilhã, mostrando a dura realidade da vida do povo, através do relato de Horácio, um pastor da Serra da Estrela que pretendeu melhorar a vida, após ter tomado contacto com outras realidades durante o serviço militar.
A Lã e a Neve, tem como grande figura moral e personagem central o velho anarquista Marreta.
A LÃ E A NEVE é, depois da SELVA, o mais traduzido romance do autor. E foi a SELVA que lhe granjeou grande fama internacional, sendo traduzido em várias línguas.
As obras de Ferreira de Castro encontram-se traduzidos em vários idiomas.
Ferreira de Castro nasceu no seio de uma família pobre.
Os estudos de Ferreira de Castro foram apenas os primários. A ida para a escola e as primeira impressões colhidas do mundo exterior, são confessadas nas suas MEMÓRIAS, e, pela memória que nos poderá a nós trazer, não resisto a transcrever: - Era de Inverno. Ia de chancas, friorento, enroupadito. Creio que foi minha mãe quem me acompanhou até meio do caminho. Não me recordo bem. Mas lembro-me, nitidamente, da minha entrada na escola. Lá estava, ao fundo, a secretária, instalada sobre um estrado, o Sr. professor Portela. Era gordo e de carne muito branca e fofa. No primeiro plano, as carteiras com os alunos chilreantes. Alguns conhecia-os cá de fora. mas tomavam, ali, para a minha timidez, o papel de inimigos........
Da LÃ E A NEVE, um romance absolutamente arrebatador, aqui vai um pequeno excerto: Os homens passavam os dias e as noites dentro das fábricas só saindo aos domingos, para esquecer o cárcere. Já não viam as ovelhas, nem ouviam os melancólicos tanger dos seus chocalhos nos pendores da serra, ao crepúsculo; viam apenas a sua lã, lã que eles desensugavam, cardavam, penteavam, fiavam e teciam, lã por toda a parte......
Ferreira de Castro é um enorme, imenso escritor português, nascido em Salgueiros da freguesia de Ossela, Oliveira de Azeméis. Faleceu no Porto, aos 76 anos de idade, em 29 de Junho de 1974. É hoje um escritor injustamente esquecido e muito menos lido. Mas acreditem que vale a pena ler Ferreira de Castro!
Entre os dois romances a que fazes referência não sei de qual mais gostei, lembro-me de ter gostado muito da Selva mas adorei A lã e a neve. Todos os romances de Ferreira de Castro são uma maravilha: Os Imigrantes, A curva da estrada, A tempestade, Eternidade, Terra fria.
ResponderEliminarFerreira de Castro foi um dos maiores vultos de sempre da literatura portuguesa e um trabalhador incansável, homens como Ferreira de Castro fazem muita falta nos dias de hoje.
Almeidinha