"O SONHO DO CELTA" baseia-se na vida do irlandês Roger Casement, cônsul britânico, defensor dos direitos humanos, nacionalista irlandês que muito lutou para conseguir a independência do seu país, resultando na sua prisão e condenação à morte e executado, por traição (à Coroa Britânica).
Mas é sobretudo a denúncia das atrocidades do regime colonial no Congo belga e na Amazónia peruana, em inícios do séc. XX, a parte que achei mais interessante deste livro de mais de quatrocentas páginas.
Efectivamente, durante duas décadas denunciou a crueldade que se abateu sobre as populações locais -os indígenas- que são tratadas como selvagens e escravos, cuja extracção da borracha é por eles feita em condições inumanas e de absoluta escravidão a quem são infligidos os mais cruéis castigos apenas com o intuito de enriquecer os mercenários e bárbaros capatazes ao serviço das empresas de borracha coloniais.
Roger Casement é mais do que um personagem de romance, a sua vida extraordinária cheia de aventuras, ousadias, sonhos e perseguições é também um fragmento da história da humanidade que não desiste de ser humana e justa apesar das muitas desilusões que a cercam.
Deste autor peruano, Prémio Nobel da Literatura 2010, já tinha lido três livros e de todos tinha gostado:
-"A guerra do fim do mundo" - um bom romance,
-"Civilização do espectáculo" - excelente ensaio
- e de um muito bom "O Herói discreto" - este foi o do que mais gostei e aconselho.
Não gostei deste indolente calhamaço de 438 páginas, e embora não pretendendo ser injusto (para ambos os autores) muito menos sendo minha intenção fazer qualquer julgamento, o Mário Vargas Llosa deste "O Sonho do Celta" fez-me lembrar um certo autor português (dono duma oficina de escrita com muitos artífices em horário laboral) a quem fazem encomendas de 575 páginas por semestre.
Mário Vargas Llosa - Perú 1938 |
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1 - desisti
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4 - bom
5 - muito bom
6 - excelente
7 - obra prima
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