Dizia-me há dias o tradutor deste livro que ando a ler:
Francisco Agarez-"CANADÁ" foi um dos maiores desafios que enfrentei nos últimos anos.
Seve-Um dos maiores desafio em que sentido? perguntei eu
FA-No sentido em que se trata de um livro com uma complexidade na caracterização das personagens e dos ambientes (também eles, aqui, personagens) e com uma quase ferocidade estilística que obrigam o tradutor a trabalhar no fio da navalha, correndo o risco de desagradar aos dois amos de que é servidor: o autor e o leitor.
Realmente a complexidade destas personagens e dos ambientes é absolutamente fascinante, entranhando-se-nos até aos ossos.
Quando eu leio um livro e consigo ver as personagens, e eu vi a mãe dos gémeos Parsons - que mulher, que vida mais infeliz, e eu vi o pai dos gémeos, que homem mais "distraído da vida", tão diferente da mulher com quem casou e em quem parece nunca ter reparado, nem nos filhos, - então, dizia eu, quando eu vejo, ouço e cheiro, o livro entranhou-se-me, invadiu-me e ficou-me para sempre.
E aquele diabólico "homem" Arthur Remlinger - que facínora, desta gente há cada vez mais...enfim, personagens e ambientes fascinantes, que estou a adorar.
Richard Ford - EU - Jackson - Mississippi - 1944 |
"CANADÁ" de Richard Ford - Grande Livro! Estou mesmo mesmo à beirinha do fim. São 431 páginas intensas.
Dell Parsons e sua irmã gémea Berner (de catorze anos) estavam longe de imaginar o quanto a sua vida se alteraria no dia em que os seus pais, desesperados, decidem assaltar um banco.
Foi talvez o melhor livro que li até agora neste ano de 2014, um pouco acima dos outros três que mais tinha gostado (O Herói Discreto de Mário Vargas Llosa, "Para onde vão os guarda chuvas" do Afonso Cruz e de "Clarabóia" de José Saramago.
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