Continuo, não continuo, paro aqui, desisto agora...foi esta a minha hesitação durante a leitura das primeiras trinta páginas, só que, de repente, o livro começa a transformar-se e eis que estou completamente apanhado pela descrição das personagens que foram os pais do principal protagonista da história (Paulo Vaz). O pai, major do exército, autoritário de tal modo que envenena as relações com os que com ele vivem, e que, antes de morrer, perdeu no Casino todas as suas economias. A sua mãe que se refugia na pintura e acaba num lar com Alzheimer: no verão ao fim da tarde eu levava-a até à varanda, na cadeira de rodas em que se encontrava, pois entretanto tinha sofrido um AVC. Mas ela não via a relva, as flores, os guarda-sóis abertos, as estátuas, na esplanada do Museu do Chiado, o pedaço de rio ao fundo. Por vezes sorria vagamente, apontando um pardal ou um pombo. Ou uma gaivota, mas as gaivotas voavam menos por ali. Quase nunca falava, não me reconhecia. Se lhe mostrava fotografias, revistas ou postais, olhava-os com um olhar cego, com se não visse. Quando me ia embora dizia-me adeus com a mão, uma vez ou outra, Mas quase sempre ignorava-me, como se eu fosse um pedaço de tecto ou de parede.
Gostei deste livro e aprendi!
-Portugal foi o primeiro país europeu a fazer o comércio de escravos e o último a deixar de ter colónias, no século XX. Embora fosse o primeiro a abolir a escravatura, e também foi pioneiro na abolição da pena de morte, em 1867.
-Já em 1557 Garcia de Resende apontava a falta de bons governos.
-E muito mais...
"A CIDADE DE ULISSES" foi o segundo livro de TEOLINDA GERSÃO que li, depois do excelente "PASSAGENS", e gostei deveras deste livro que, repito, nas primeiras páginas, não me prendeu mas que, daí para a frente, não mais me largou e me agarrou até à última página.
Grande livro sem dúvida. O 1º. livro que li desta escritora, mas não o último pois fiquei com vontade de ler mais obras.
ResponderEliminarAlmeida