Continuando a leitura do “ESTADO DE GUERRA” – Clara Ferreira Alves,
dele retirei mais alguns excertos de algo que continua, creio eu, a ter com todos nós:
“Dantes não tínhamos liberdade mas
tínhamos segurança e um certo amor à dignidade que se perdeu.
Havia talvez mais medo do que há hoje
mas havia menos solidão, muito menos solidão.
Hoje há outro medo, medo das
incertezas. No meu bairro toda a gente se conhecia, o merceeiro que vendia
fiado, a capelista, o sapateiro, a padeira, não eram as lojas, eram as pessoas
e toda a gente sabia o nome de toda a gente e as pessoas ficavam no seu lugar
até morrerem, ia-se ao enterro e um filho tomava conta. Havia uma continuação.
Não me estou a queixar, não era de esperar que tudo continuasse assim e as
pessoas gostam muito de novidades, o que não é o meu caso, eu detesto
novidades, imprevistos, porque na minha idade todos os imprevistos me tiram a
rotina e me fazem medo.”
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