sábado, 21 de setembro de 2019

"O RELATÓRIO BRODECK" - PHILIPPE CLAUDEL - LEITURAS 2019 - XVI


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Misteriosamente Philippe Claudel continua a ser (julgo eu) um escritor quase desconhecido. E que grande escritor que ele é!

Mais um excelente livro deste melancólico (que chega a ser quase triste) escritor francês.

Este é efectivamente mais um livro, brilhante e perturbador, em que tão bem é relatada a desumanidade do homem perante o homem, da estupidez vulgar e brutal, do medo e da rendição ao mal.

Brodeck está de regresso à sua aldeia, mesmo depois  de o seu nome já constar numa placa aos mortos do campo de concentração para onde tinha sido deportado. Retoma o seu trabalho de escrivão.

Um dia, um estrangeiro vai viver para a povoação, mas os seus modos e hábitos estranhos levantam suspeitas; o seu discurso é normal, faz longas e solitárias caminhadas e apesar de ser extremamente cordial e educado, nada revela de si próprio, Quando o estrangeiro começa a retratar a aldeia e os seus habitantes em quadros pouco lisonjeiros mas perspicazes, os aldeões matam-no.
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As autoridades que assistiram impávidas ao linchamento, ordenam a Brodeck que escreva um relatório que branqueie o incidente.

À medida que escreve o relatório oficial, Brodeck passa também para o papel a sua própria versão da verdade numa narrativa paralela.

Passado num tempo e lugar não definidos, embora tudo nos "cheire" a uma típica aldeia bem francesa, daquelas onde nas ruas as galinhas e os patos se nos metem debaixo dos pés, "O Relatório de Brodeck" mistura o familiar com o desconhecido, mito e história, num romance poderoso e inesquecível.

Philippe Claudel é realmente um belíssimo escritor, e depois do magnífico envolvente e inquietante "Almas Cinzentas" me ter feito procurar todos os seus livros e me ter "agarrado" como seu leitor, também já li, "A neta do Senhor Linh" (uma fábula carregada de tristeza e silêncio) e o soberbo e impressionante "O barulho das chaves", livro que surgiu depois do escritor se ter deslocado todas as semanas, durante onze anos a uma prisão para dar aulas de Francês, e ainda "Desisto" um pequeno livrinho que é uma descida ao inferno da perda e do desespero. 

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Philippe Claudel - Nancy - França - 1952

Retive e anotei:

pág. 12 -desde que estive no campo de concentração. sei que há mais lobos que cordeiros

pág. 252 - há um tempo para dizer e um tempo para ouvir


0 - li, mas foi zero
1 - desisti
2 - li, mas não me cativou 
3 - razoável
3,5 - interessante
4 - bom
5 - muito bom
6 - excelente
7 - obra prima

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