Clara Ferreira Alves |
A exemplo do post anterior transcrevo aqui mais um excerto do excelente livro de crónicas (ESTADO DE GUERRA) que ando a ler, da firme e implacável jornalista e escritora CLARA FERREIRA ALVES:
"A elite portuguesa nunca foi estelar (estrela), e entre a expulsão dos judeus e a perseguição dos jesuítas,dispersámos a inteligência e adoptámos uma apatia interrompida por acasos históricos que geraram alguns estrangeirados ou exilados cultos permanentemente amargos e desesperados com a pátria (Eça de Queiroz,Jorge de Sena).
Eça de Queiroz -1845-1900 |
Em MEMORIAL DO CONVENTO, Saramago dá-nos um retrato da estupidez dos reis,mas exalta romanticamente o povo. Todos os artistas comunistas o fizeram, num tempo em que o partido comunista tinha uma elite intelectual e de resistência inspirada por um chefe que, aos 80 anos, quase cego, resolveu traduzir Shakespeare.
Cunhal traduzindo o REI LEAR de um lado, Relvas posando nas fotografias ao lado da bandeira do outro. Relvas nem personagem de Lobo Antunes, o (d)escritor da tristeza pós-colonial, chega a ser. É um subproduto de telenovela.
o escritor e poeta Jorge de Sena - 1919-1978 |
O tempo dos chefes cultos acabou, e se serve de consolação, não acabou apenas em Portugal. A distinção está na capacidade de fazer dinheiro. Acumular capital. O Rei Verde. O dinheiro,as discussões em volta do dinheiro...eis o mundo actual...
um poema de Jorge de Sena |
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