quinta-feira, 25 de julho de 2013
O QUE ANDO A LER
Será a Irlanda um país tão verde e ao mesmo tempo tão cinzento? Um povo que, ao longo dos séculos, parece ter sido castigado pelas fomes e povoado por muita gente de coração empedernido em que as vinganças parecem passar, ao longo dos anos, de pais para filhos, gente de uma incompreensão absoluta que obrigam um homem a fugir ao longo da sua vida, abandonando a sua terra, os seus pais, os seus irmãos tornando-se um homem acossado e em constante fuga.
Pois é com esta sensação que fico quando estou mesmo a acabar "A HISTÓRIA DE ENEAS" do romancista Sebastian Barry que já me tinha proporcionado umas belas horas de leitura através de um seu outro excelente romance, que aconselho vivamente (ESCRITOS SECRETOS).
Curiosamente estive para "largar este livro à página 50 já que até aí não me tinha conseguido prender. Contudo, a pouco e pouco fui entrando na trama e acabei por me envolver totalmente numa época em que começam a despontar e a organizar-se os movimentos de luta pela independência da Irlanda, quando Eneas faz a escolha inocente, mas inoportuna de ingressar na marinha mercante Britânica. No seu regresso a Sligo (a sua terra natal) apercebe-se das alterações vividas na cidade e nos que o rodeiam e começa aí uma vida de fuga, proscrição e de solidão, tornando-se um apátrida, sempre em fuga da incompreensão e da vingança negra dos da sua terra.
É uma bela escrita de uma melancolia excepcional.
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