sexta-feira, 16 de novembro de 2012

NA MINHA OUTRA VIDA - II




Pessoas que se cruzam nos transportes,
Que todos os dias entram num campo de combate,
olhares frios e maldosos que se julgam
desconfianças e mau estar
vivem como se não houvesse amanhã

o sol esconde-se,o tempo dele está a acabar,
por mais força que tenha para brilhar,
forças superiores nao o permitem
lágrimas secas da neblina matinal
nuvens cinzentas, carregadas de ódio,raiva e rancor
prestes a desistirem da força que lhes é imposta

Pássaro solto a um alma presa
Que vive na angústia da sobrevivência
Anseia um dia chegar onde nunca antes chegou
Desconhecendo o início do fim

Momentos futuros
Antecipados em mentes
Criados na imaginação
Espelhados num sorriso
E soltos por um olhar
Dorme-se num sonho
Acorda-se num pesadelo

Brilho escondido
numa estrela perdida
algures encontrada
sem querer ser avistada

Viagens ao inesperado
Sem garantia de regresso
Paisagens que se sentem
quando vimos o inverso

escrevo por escrever?
so para quem le por ler

viver por viver
so quem espera por morrer

sábado, 10 de novembro de 2012

POR ONDE ANDEI EM 2011 - XIII


Nesta minha deambulação pelo Mundo, viagem contínua através dos livros que vou lendo, encontro-me, neste mês de Julho (2011), em Moçambique no período inicial de recuperação da guerra, com o grande escritor MIA COUTO na “VARANDA DO FRANGIPANI”, um livro de leitura fácil, e cheio de surpresas literárias, típico de Mia Couto, como estas, por exemplo:

-«Quem é gota sempre pinga, quem é cacimbo se evapora...»
-«...a tristeza tem artes de fazer música.» - o Jazz, por exemplo...
-«quem confunde céu e água acaba por não distinguir Vida e Morte.»
-«A velhice que é senão a morte estagiando em nosso corpo?»
-«Ninguém obedece senão em fingimento.»
«Em quem podes bater sem nunca magoar? - na água!.... se pode bater sem causar ferida.»
Mia Couto é efectivamente um grande escritor, claro que este não será dos seus melhores livros mas lê-se com muito agrado.

 

O escritor alemão, de 59 anos, PATRICK SÜSKIND, ficou-me na memória desde que li, há talvez uma dezena de anos o excelente e inesquecível “O PERFUME”, contudo há casos de escritores assim que escrevem um primeiro livro muito bom e ficam-se por ali.

Creio ser perfeitamente este o caso já que depois do seu excelente primeiro livro nunca mais escreveu nada de jeito e os que se lhe seguiram ficaram muito aquém das expectativas. Este “SOBRE O AMOR E A MORTE”, é um pequeno ensaio de 60 páginas e é mais uma desilusão, li-o porque tinha apenas 60 páginas. E seria um tema que teria tudo para se ter um bom livro “SOBRE O AMOR E A MORTE”,
 

Tal como Süskind também MARCEL PROUST conseguiu a imortalização no mundo das letras apenas através de um único livro (Em busca do tempo perdido-sete calhamaços) pois é deste escritor que, neste quente mês de Julho, inicio mais uma viagem com “O PRAZER DA LEITURA” um pequeno livro que nem é bom nem é mau, deve ser como o que lhe deu fama –uma estopada-, claro que nesta viagem (através dos livros que vou lendo) também vou encontrando muitas pedras no caminho….leio na badana deste livro que O Prazer da Leitura prenuncia já o estilo de Em Busca do Tempo Perdido e contém em germe todo o essencial da sua teoria estética…
 

E chego a meados de Julho (2011) e será com um dos meus escritores portugueses preferidos que viajarei nos próximo dias, e dessa viagem vos darei conta numa próxima oportunidade.  

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

FRANCISCO ASSIS versus JOSÉ MUJICA


No espaço de uma semana li no DIÁRIO DE NOTÍCIAS dois artigos sobre dois políticos que espelham perfeitamente as mentalidades de homens pequeninos e homens com H grande.

Francisco Assis (o tal dirigente do PS que levou duas abençoadas estaladas) mostrava-se muito ofendido com o facto de possivelmente passar a ter outra viatura diferente da que usa actualmente, para se deslocar (à nossa conta) e dizia: se calhar ainda querem que eu ande de Clio...é preciso ter lata, e não só..., ora na semana seguinte e para ilustrar a minha convicção inicial, permito-me reproduzir parte da notícia que li no mesmo jornal:



Lê-se no Courier International, o exemplo impressionante do presidente do Uruguai, José Mujica. Após a eleição, continua a viver na sua pequena casa, numa zona da classe média, nos arredores de Montevideu. Tem um salário de 12500 dólares mensais, mas dá 90%, vivendo com 1250 (que lhe basta, pois muitos concidadãos vivem com menos). Como transporte oficial utiliza um Chevrolet Corsa...
e outras situações (que não cito aqui) perfeitamente exemplares e dignas dum ser humano que sente as dificuldades dos seus concidadãos, que lidera.