É um best seller.
É o 575
Do José Rodrigues dos Santos apenas li “A FILHA DO CAPITÃO”
(talvez o seu segundo livro) e até nem desgostei, mas não fiquei um apaixonado, apesar de, naturalmente, lhe conceder méritos no seu dom de comunicação (falada e escrita).
Mas o que por vezes me "chateia" deste escritor é o que me parece ser o seu oportunismo pois o tema dos seus livros parece encomendado de acordo "com o que está a dar" e parece que a data do seu lançamento está perfeitamente condicionada ao que dizem as sondagens (se o que está a dar é Maomé lança-se um livro sobre religião, se é sobre o ambiente lança-se um sobre a poluição, se é sobre o terrorismo, aí vai bomba, etc etc...).
Costumo chamar-lhe o 575, pois até parece que a sua editora
lhe encomenda não um livro mas 575 páginas, dado que os seus livros parecem ter
sempre, mais uma menos uma, o mesmo nº. de páginas.
Monta a fábrica,
contrata seis ou sete operários (a recibo verde), metem-se ao trabalho e ao
fim de 6 meses está o produto acabado e pronto a ser depositado no hipermercado para ser consumido.
E não é que, a propósito desta situação deparo no livro que
actualmente estou a ler (conta-corrente II da nova série-), com assunto semelhante. Eis o que, sobre
o assunto, Vergílio Ferreira escrevia em 1990:
-...Já talvez tenha contado o que se passa hoje na América no
que importa ao fabrico de romances. É uma indústria como a do sabão ou do papel
higiénico. Há editoras com os seus funcionários escritores que têm o seu horário
de trabalho e despacham em prosa romanesca as encomendas do patrão. O funcionário
entra no gabinete e cumpre a tarefa encomendada. E há vários funcionários como
ele. As sondagens do mercado dizem que o que está a dar é, por exemplo, o
romance sobre a homossexualidade, perversão de menores, conflitos rácicos, religiosos,
etc. E o patrão distribui o serviço: toma lá tu o tema da panasquice, tu toma o
das lolitas, toma tu o dos códigos. E o
funcionário entra às nove e sai às cinco com uma hora para almoço, trabalhando
no tema encomendado até ir para casa.
Faz-se o livro, vende-se o livro, lê-se o livro e deita-se
fora-.
Que é que a literatura tem a ver com isto?
Discordo.
ResponderEliminarAmigo Severino,
ResponderEliminarCONCORDO em absoluto com o que escreveste, este "orelhudo" só sabe escrever TIJOLOS com 342 pág., 542 pág, 423 pág.????? O que é isto? Não seria normal, como qualquer escritor, escrever um livro com 210 pág., outro com 348 e outro até só com 120 pág.? Mas não ele gosta é de TIJOLOS!!!! É por encomenda como dizes, ou seja ESTE GAJO NÃO É UM ESCRITOR!
É um ESCRIVÃO, no sentido de escrever muito é claro. Se fosse salsicheiro enchia chouriços e farinheiras. Ó Zé Rodrigues enche aí 437 farinheiras para a feira gastronómica de Santarém e o nosso amigo ia para junto da máquina e cá vai: Entra carne sai chouriço.
Não me considero nenhum intelectual, longe disso, mas felizmente selecciono aquilo que quero ler não embarco na chamada "literatura de escaparate".
A verdadeira literatura é aquela que nos concentra e não a que nos distrai. Ou como dizia Thomas Mann: Os bons livros deveriam ser proibidos pois há os excepcionais.
Um abraço.
PS - E não se esqueçam os livros é na livraria, o azeite, o açucar, o bacalhau etc. é que é no Continente!
Almeidinha
Meu querido amigo!
ResponderEliminarRespeito a tua opinião, que não é a minha!
Por acaso eu já li este livro e gostei bastante. A título de curiosidade digo-te que não me lembro de ler em lado algum, uma dissertação/desabafo/dúvida, (que tanto me tivesse agradado) sobre quem é ou pode ser Deus, à qual dedicou cerca duma quarentena de páginas, nesse livro. O resto é uma "estória" como todas as outras que te deliciam
Quanto ao resto, quem é que não romanceia aquilo que escreve?
Digo-te apenas que é uma pessoa extremamente culta (professor universitário) do qual apenas li dois livros FÚRIA DIVINA e A FÓRMULA DE DEUS.
No entanto, parece-me que abusa um pouco do mesma tema em todos os seus romances.
Claro que (quem sou eu para o pretender fazer) não ponho em causa a sua aptidão para a comunicação (escrita e falada), o que kontestu é o seu oportunismo, é a sua "consulta de mercado" para o que vai escrever a seguir, ou melhor, em aceitar "as encomendas" que lhe fazem, sempre de acordo com o que está a dar. E, penso eu, um escritor não é isto, um escritor é um "inventor", um criador, enfim um sonhador.
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