Não sei quantas vezes me cruzei no Rossio com o José Mestre, e quantas vezes o vi no cruzamento entre Queluz e Amadora a regular o transito, mas sempre que o via algo de escuro me invadia, pensava como seria o sofrimento deste ser humano e como é que ninguém tomava providências para a resolução deste caso tão chocante; seguia o meu caminho mas com uma escuridão terrível dentro de mim que me acompanhava não só naquele dia mas também nos seguintes.
Entretanto, no passado sábado tive oportunidade de ver na SIC uma reportagem sobre a operação que, finalmente, ao fim de tantos anos, permitiu remover o tumor que lhe cobria o rosto e que já o cegava dum olho.
Entretanto, no passado sábado tive oportunidade de ver na SIC uma reportagem sobre a operação que, finalmente, ao fim de tantos anos, permitiu remover o tumor que lhe cobria o rosto e que já o cegava dum olho.
Parece que o Estado Português despendeu nesta operação à volta de € 60.000. Ora até que enfim um dinheiro bem empregue e com o qual, tenho a certeza, a totalidade do Povo Português concordará em absoluto, é para isto mesmo que os nossos impostos deveriam servir!
Apesar da operação já ter decorrido (creio que em Outubro de 2010) não quero perder a oportunidade de falar sobre ela mas fundamentalmente sobre a irmã do José Mestre.
Vi todo o filme com muita emoção e efectivamente não posso deixar de prestar aqui a minha homenagem à Guida (irmã do José Mestre), uma GRANDE MULHER, um GRANDE SER HUMANO, que deveria, esta sim, ser condecorada com uma grande Portuguesa um SER HUMANO absolutamente magistral e duma dedicação impressionante.
Permito-me relembrar (transcrevendo) alguma da história deste belo ser humano que poderá até ser feio por fora mas que é lindo por dentro como dizia a sua (bonita) irmã na reportagem a que assisti.
José Mestre nasceu com uma mancha escura mas aparentemente inofensiva na cara: "A mancha era lisa, mas começou a criar borbulhas e estas foram evoluindo até me consumir a face quase por completo e hoje só me resta um olho, do qual vejo mal", explicou José Mestre, à agência Lusa, descrevendo que tinha menos de 2 anos quando a mãe começou a peregrinação pelos médicos.
No entanto, a recusa de uma transfusão de sangue por ir contra as suas crenças religiosas, enquanto testemunhas de Jeová, adiou a cirurgia para remover o tumor. Uma malformação vascular e um angioma que foram progredindo, apesar de ter sido operado ao lábio inferior aos 14 e aos 18 anos.O angioma foi progredindo até que lhe chegou abaixo do pescoço, continuou a crescer, comprometendo-lhe a fala e a coluna e impossibilitando-o de trabalhar.
"Aos 14 anos eu ajudava numa drogaria e a partir dos 16 controlava o trânsito numa via de Queluz, onde então morava, tendo mantido essa ocupação até aos 46 anos, em acumulação com o Rossio, onde estou há mais de duas décadas", recordou José Mestre, numa entrevista que concedeu há três anos, à Agência Lusa.
Todavia, as reacções de quem passava nem sempre eram as melhores:"Há uma ou outra pessoa que se interessa pelo meu problema e vem falar comigo mas a maioria apenas quer tirar fotos e essa falta de respeito magoa-me", confessou José Mestre, acrescentando que também há quem lhe peça para "tirar a máscara". Outras pessoas fogem "agarradas à carteira como se tivessem medo que as fosse atacar e roubar", acrescentou então José com uma ponta de ira e de mágoa.
Pois finalmente José Mestre foi operado em Chicago, tendo-lhe sido removido um tumor de 40 centímetros e 5,5 quilos.
O tumor, que cobria a maior parte do rosto e punha em risco a vida de José Mestre, foi retirado depois de três meses de preparação em Chicago, nos Estados Unidos, tendo sido necessárias quatro cirurgias.
"Finalmente tem uma hipótese de levar uma vida mais ou menos normal porque, antes disto, (José Mestre) sentia que, apesar de nunca o ter pedido, era o centro das atenções em todo o lado".
A história começou no ano passado quando, em julho, José Mestre, então com 53 anos, foi convidado pelo canal de televisão Discovery para filmar em Londres um documentário sobre o seu problema.
O programa, intitulado "O homem sem cara", foi apresentado mostrando o rosto deformado do homem que costumava andar pela zona do Rossio, tendo o canal contactado dois médicos famosos nos hospitais de St. Bartholomew e de Broomfield para pedir opinião.
Ian Hutchison, o médico do St. Bartholomew consultado, ofereceu-se de imediato para fazer-lhe uma cirurgia inovadora, e de graça, para devolver a José Mestre o rosto que desde criança se vinha a deformar prometendo uma melhoria da qualidade de vida já que lhe possibilitaria respirar melhor, falar, comer e ver.
A maior dificuldade foi conseguir o acordo do próprio José Mestre que, como testemunha de Jeová, mostrou reservas em fazer a cirurgia.
No entanto, o facto de, nos últimos meses, o tumor lhe ter provocado cegueira de um dos olhos, além de ter coberto por completo a boca e a língua, levou a sua irmã a insistir na operação.
"Nenhum médico o queria operar, por isso, para ele, desde a primeira cirurgia que esta história tem um final feliz, porque ele nunca acreditou que chegasse aqui vivo", disse o tradutor à estação televisiva.
"Este foi provavelmente o maior tumor jamais retirado e, por isso, foi muito difícil fazê-lo sem deformar o rosto", explicou Ramsen Azizi, um dos cirurgiões que está a tratar do caso.
José Mestre já regressou a Portugal e, ao que parece, a família continuou a ser apoiada médica e financeiramente pelo hospital.
José Mestre nasceu com uma mancha escura mas aparentemente inofensiva na cara: "A mancha era lisa, mas começou a criar borbulhas e estas foram evoluindo até me consumir a face quase por completo e hoje só me resta um olho, do qual vejo mal", explicou José Mestre, à agência Lusa, descrevendo que tinha menos de 2 anos quando a mãe começou a peregrinação pelos médicos.
No entanto, a recusa de uma transfusão de sangue por ir contra as suas crenças religiosas, enquanto testemunhas de Jeová, adiou a cirurgia para remover o tumor. Uma malformação vascular e um angioma que foram progredindo, apesar de ter sido operado ao lábio inferior aos 14 e aos 18 anos.O angioma foi progredindo até que lhe chegou abaixo do pescoço, continuou a crescer, comprometendo-lhe a fala e a coluna e impossibilitando-o de trabalhar.
"Aos 14 anos eu ajudava numa drogaria e a partir dos 16 controlava o trânsito numa via de Queluz, onde então morava, tendo mantido essa ocupação até aos 46 anos, em acumulação com o Rossio, onde estou há mais de duas décadas", recordou José Mestre, numa entrevista que concedeu há três anos, à Agência Lusa.
Todavia, as reacções de quem passava nem sempre eram as melhores:"Há uma ou outra pessoa que se interessa pelo meu problema e vem falar comigo mas a maioria apenas quer tirar fotos e essa falta de respeito magoa-me", confessou José Mestre, acrescentando que também há quem lhe peça para "tirar a máscara". Outras pessoas fogem "agarradas à carteira como se tivessem medo que as fosse atacar e roubar", acrescentou então José com uma ponta de ira e de mágoa.
Pois finalmente José Mestre foi operado em Chicago, tendo-lhe sido removido um tumor de 40 centímetros e 5,5 quilos.
O tumor, que cobria a maior parte do rosto e punha em risco a vida de José Mestre, foi retirado depois de três meses de preparação em Chicago, nos Estados Unidos, tendo sido necessárias quatro cirurgias.
"Finalmente tem uma hipótese de levar uma vida mais ou menos normal porque, antes disto, (José Mestre) sentia que, apesar de nunca o ter pedido, era o centro das atenções em todo o lado".
A história começou no ano passado quando, em julho, José Mestre, então com 53 anos, foi convidado pelo canal de televisão Discovery para filmar em Londres um documentário sobre o seu problema.
O programa, intitulado "O homem sem cara", foi apresentado mostrando o rosto deformado do homem que costumava andar pela zona do Rossio, tendo o canal contactado dois médicos famosos nos hospitais de St. Bartholomew e de Broomfield para pedir opinião.
Ian Hutchison, o médico do St. Bartholomew consultado, ofereceu-se de imediato para fazer-lhe uma cirurgia inovadora, e de graça, para devolver a José Mestre o rosto que desde criança se vinha a deformar prometendo uma melhoria da qualidade de vida já que lhe possibilitaria respirar melhor, falar, comer e ver.
A maior dificuldade foi conseguir o acordo do próprio José Mestre que, como testemunha de Jeová, mostrou reservas em fazer a cirurgia.
No entanto, o facto de, nos últimos meses, o tumor lhe ter provocado cegueira de um dos olhos, além de ter coberto por completo a boca e a língua, levou a sua irmã a insistir na operação.
"Nenhum médico o queria operar, por isso, para ele, desde a primeira cirurgia que esta história tem um final feliz, porque ele nunca acreditou que chegasse aqui vivo", disse o tradutor à estação televisiva.
"Este foi provavelmente o maior tumor jamais retirado e, por isso, foi muito difícil fazê-lo sem deformar o rosto", explicou Ramsen Azizi, um dos cirurgiões que está a tratar do caso.
José Mestre já regressou a Portugal e, ao que parece, a família continuou a ser apoiada médica e financeiramente pelo hospital.
SIM, AINDA HÁ GENTE BOA NESTE PLANETA, FELIZMENTE.
ResponderEliminarDevemos todos os Humanos, agradecer todo o Bem que foi projectado Neste Ser Humano, José Mestre, procurando-se que ainda consiga viver muitos anos, com aquela alegria, que sempre desejou e meritório, com o seu rosto, igual a todos os Humanos. Parabéns também para ti, SEVE, por dares esta boa notícia, praticamente pouco divulgado.
Se fosse bola, eram as imagens sempre a abrir os flash informativos..., nas televisões...
W
Muito bem lembrado Seve. Ás vezes (muitas) penso porque é que teve de ser o Discovery a filmar o doc.? e depois vejo os canais portugueses a promoverem aquelas coisas tipo globos de ouro (golden globes), e tal... copiadas aos americanos? Porque é que os port. não filmaram o documentário de um português ao invés de clonarem programas americanos e importarem tradições estrangeiras (carnavais em fevereiro), etc...
ResponderEliminarPerdem-se as raízes e sei lá que mais.
Não sei se fiz algum sentido, mas acho que me entendes...
Acho q era do Lenine algo do género ou parecido
"não é a arte q tem de descer ao povo, é o povo q tem de subir à arte"
(infelizmente no n/país tudo o que se faz é o contrário!)
Abraço
Bruno
(um dia destes um qq canal português vai pagar uma fortuna ao Discovery para passar o doc. do Sr Mestre em vez de patrocinarem os seus próprios e exportarem as suas criações)
Demais! Estou vendo agora, no Brasil, o documentário... espero que a qualidade de vida do Jose tenha melhorado...abraço a todos voces!
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