Um livro escrito com os olhos.
No dia 8 de Dezembro de 1995, um acidente vascular mergulhou Jean-Dominique Bauby num estado de coma profundo. Quando dele emergiu, todas as suas funções motoras se haviam deteriorado, pois fora atingido por aquilo a que a Medicina chama "locked-in syndrom" (literalmente: fechado no interior de si próprio), ficando por isso totalmente paralisado, e só o seu cérebro e a sua pálpebra esquerda eram excepção ficando assim condenado a viver como um vegetal.
Sabia-se que o seu cérebro estava intacto, mas os médicos não acreditavam que um dia fosse possível que ele estabelecesse qualquer tipo de comunicação minimamente elaborada com o exterior.
E inicialmente, apenas o ensinaram a dizer sim e não com a pálpebra —uma piscadela queria dizer "sim", duas "não"—
Um dia, uma ortofonista (especialista em métodos de reeducação verbal e da voz) olhou bem para ele e para os seus movimentos com a pálpebra esquerda. E percebeu que seria possível estabelecer, com relativa facilidade. um contacto inteligente.
E com a ajuda de um alfabeto especial (conhecido em França com o nome de ERSATUIL) e através de 200 mil piscadelas de olho escreveram um livro que é uma reflexão sobre a vida.
Um livro que nos descreve o que só ele via o que só ele ouvia, as pessoas que dele tratavam, o enfermeiro que lhe apagava a televisão a meio de um jogo de futebol do seu clube que seguia com todo o fervor, os comentários do enfermeiro que entrava no quarto como se ninguém lá tivesse, o que lhe dizia bom dia sempre com o mesmo tom e sempre sem o ver...
Quatro dias depois do início da distribuição do livro, o jornalista Jean-Dominique Bauby, faleceu aos 45 anos de idade.
Na altura da morte do autor desta obra, o jornalista Daniel Ribeiro correspondente do jornal Expresso em Paris, escreveu:
Até ao dia em que sofreu o derrame que o paralisou, Jean-Dominique Bauby era um homem de acção. Andava de moto, frequentava os circuitos da Formula 1, conduzia a alta velocidade e, mundano, bebia e gostava de conversar e de frequentar bares na moda. Adorava Paris e Nova Iorque e florestas tropicais. Era chefe de redacção da revista "Elle" desde 1994. Antes, tinha sido jornalista no "Combat" e no "Quotidien de Paris", chefe de redacção do "Matin de Paris" e editor da secção cultural do "Paris Match".
Jean-Dominique Bauby com os filhos |
-sublinhei:
- (da pág. 137) - As portas do BMW fecham-se suavemente. Disseram-me um dia que os bons carros se reconhecem pela qualidade desse som.
3,5 - interessante
0 - li, mas foi zero
1 - desisti
2 - li, mas não me cativou
3 - razoável
3,5 - interessante
4 - bom
5 - muito bom
6 - excelente
7 - obra prima