sábado, 27 de setembro de 2014

LER MAIS DE UM LIVRO AO MESMO TEMPO





Não gosto de ler mais de um livro ao mesmo tempo, mas desta vez estou a fazê-lo (o outro é "O INQUILINO" do excelente escritor espanhol Javier Cercas); é que "CARTAS A LUCÍLIO" é um calhamaço de mais de 700 páginas e é para se ir desfrutando (ainda só vou na página setenta). Com este "CARTAS A LUCÍLIO" constato, com algum espanto (ou nem tanto), que as situações de vida, o carácter dos homens e as suas atitudes não mudaram assim tanto em mais de 2.000 anos.

Os pensamentos de Séneca que, ao longo dos anos, ia lendo aqui e ali, dispersos em vários jornais e revistas sempre me chamaram a atenção e sempre me despertaram o máximo interesse e curiosidade. 

Com a leitura deste "CARTAS A LUCÍLIO", talvez a sua obra mais importante, que reflectirá, porventura, a forma mais amadurecida do seu pensamento, tomo finalmente contacto com este grande filósofo espanhol. Curiosamente sempre me convenci que Séneca era um filósofo grego do princípio da nossa era mas fiquei agora a saber que afinal era Espanhol, tendo nascido em Córdoba  em 4 a.c. (suicidou-se em Roma 65 d.c.).

Estas cartas, escritas ao seu amigo Lucílio, contêm uma série de reflexões sobre uma enorme variedade de problemas, na sua totalidade de carácter ético, reflexões que constituem uma análise de situações concretas e de apreciações de grande agudeza sobre a natureza e o comportamento humanos.
Este seu amigo Lucílio, cuja data de nascimento não estará longe da de Séneca (embora um pouco mais novo do que Séneca), tornou-se uma personagem de destaque na sociedade romana devido essencialmente à sua actividade literária.



Entretanto, vou tomando notas de pequenos pensamentos deste grande filósofo:

-Quem despreza a própria vida é absoluto senhor da tua
-Nada nos pertence, só o tempo é novo
-Quem passa a vida em viagem acontece ter muitos conhecimentos fortuitos, mas nenhum amigo verdadeiro
-Não deveremos confiar em todos nem não confiar em ninguém
-Há coisas que são tanto menos de temer quanto maior é o temor que inspiram
-Aquele que sabe viver em pequena pobreza esse, é verdadeiramente rico
-Evita tudo quanto se torna notado quer na tua pessoa quer no teu estilo de vida
-Um espírito superior é capaz de usar utensílios de barro como se fossem de prata, mas não é inferior aquele que usa os de prata como se fossem de barro  

   



terça-feira, 23 de setembro de 2014

BONECOS DA BOLA

FERNANDO CABRITA, faleceu ontem (22.09.2014) aos 91 anos de idade.
Um grande vulto do futebol, e um dos nomes do futebol português que ouço desde menino.

no Olhanense, o seu 1º. grande clube 
Ficou célebre a frase que parece ter proferido com o intuito de incitar e motivar os jogadores portugueses, aquando dum importante jogo de Portugal na fase final do Europeu de Futebol de 1984, em França - VAMOS A ELES QUE NEM TARZÕES -, foi este, talvez, o mais importante momento da sua carreira, pois como seleccionador nacional, no comando de um grupo notável, atingiu as meias-finais, durante o qual contou com a colaboração de José Augusto, Toni e António Morais (este último também já desaparecido).
no S.C.Covilhã 
FERNANDO CABRITA, um nome do futebol português que marcou gerações. Foi jogador (representou 3 clubes - Olhanense, Angers (França) e Sporting da Covilhã), treinador e Seleccionador Nacional. Prestou serviço em diversos clubes, mas o Benfica parece ter sido a sua maior paixão. 



Fernando Cabrita em 1967/68 como treinador principal no Benfica 

Segundo os seus jogadores era um psicólogo puro/genuíno. Por exemplo António Sousa, um dos grande jogadores portugueses que foi treinado por ele, não o esqueceu e recorda-o assim:

"Fernando Cabrita foi uma pessoa de enormes qualidades que deixou muitas marcas positivas no futebol português. Foi, curiosamente, um dos homens que impulsionou a minha carreira no Beira-Mar, quando tinha apenas 18 anos.
Era um homem puro, de aço, de coragem, amigo do amigo, com uma identidade muito própria. Tive a felicidade de conviver com ele no Beira-Mar e, mais tarde, na Selecção Nacional. Explorou muito as minhas capacidades, sobretudo a nível psicológico, em termos de liderança dentro do campo. Era dos melhores...», elogiou o técnico, que aproveitou para contar a A BOLA um episódio que não mais esqueceu:

«Quando nasceu o meu filho Ricardo, em Aveiro, Fernando Cabrita foi dos primeiros a chegar à maternidade, com a sua prendinha... São momentos como esse que nunca se esquecem. Infelizmente tinha perdido o seu rasto nos últimos anos, mas é com enorme saudade que o irei recordar para sempre.» 

na Selecção Nacional

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

LIVROS EM AGOSTO - II

Dos livros que li em Agosto já aqui falei em dois ("Os Primos da América" e "Caríssimas 40 canções). Hoje vou falar-vos doutro também lido em Agosto, um livro que me encantou, "PARA ONDE VÃO OS GUARDA-CHUVAS" do jovem e excelente escritor português AFONSO CRUZ, duma imaginação infinita.



Já li três ou quatro livros deste jovem escritor (nasceu na Figueira da Foz em Julho de 1971) e este foi dos livros dele que mais gostei, o primeiro que li de Afonso Cruz (escritor, ilustrador, cineasta e músico da banda The Soaked Lamb) foi "Os livros que devoraram o meu pai" e foi logo uma agradável surpresa. Este "PARA ONDE VÃO OS GUARDA-CHUVAS" também gostei imenso, prende-nos até ao fim, mantendo-nos sempre interessados, e depois ainda nos proporciona mil e uma citações, das quais me atrevo a reproduzir algumas:  

-Quanto maior é a alma de um homem mais espaço ela ocupa. Não há espaço para ninguém ao seu lado.

-Só existimos quando fazemos

-A ignorância é a mais teimosa das qualidades dos humanos

-A educação faz-se através da negação, a educação é uma limitação da nossa liberdade 

-A educação é dizer não

-Sabes qual é a diferença entre um sábio e um devoto? o devoto, num naufrágio, salva o seu tapete de orações. O sábio salva o homem que se afoga.

-A liberdade está morta. Até lhe construíram uma estátua      

-Para castigarmos os homens maus e os mentirosos, torná-los-emos ricos 

 Afonso Cruz - uma imaginação infinita



sexta-feira, 12 de setembro de 2014

LIVROS EM AGOSTO

Dos livros que li em Agosto já aqui falei nos "Primos da América", que relata a aventura  de gerações de homens e mulheres (desde há 200 anos) que atravessaram o mar em busca de uma esperança que lhes faltava num Portugal demasiado pobre, demasiado pequeno, demasiado atrasado; muito trabalhou (por vezes quase escravidão) e muito sofreu aquela gente para vencer em terras distantes, mas o livro também fala dos que falharam.


Falo hoje doutro livro que também li em Agosto e através do qual, entre muitas outras curiosidades, fiquei a saber que Ray Charles viu até aos 7 anos, altura em que cegou.

É um pequeno livro de 150 páginas, de SÉRGIO GODINHO "CARÍSSIMAS 40 CANÇÕES" numa homenagem a 40 canções que marcaram Sérgio Godinho, quando passam 40 anos da sua carreira.  

Sérgio Godinho fala destas 40 canções, suas predilectas, abordando factos intrigantes, curiosos, por vezes até inesperados. Fala, por exemplo, duma das minhas canções preferidas (cantada espectacularmente por ele) "O RAPAZ DA CAMISOLA VERDE" de Frei Hermano da Câmara, abordando os mais distintos e variados cantores desde Jacques Brel ao Conjunto António Mafra.

Quase me apeteceria dizer que é mais um bom disco do que um bom livro, que gostei de ouvir.



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segunda-feira, 8 de setembro de 2014

O APURAMENTO PARA O EUROPEU DE FUTEBOL 2016



Com a derrota de Portugal, ontem em Aveiro, frente à modesta Albânia (0-1) toda a gente começou já a fazer contas para a possibilidade de apuramento; e isto logo na 1ª. jornada. 

Por esta circunstância logo me vieram à ideia as palavras do sábio filósofo Professor Agostinho da Silva, quando se referia, não propriamente a esta situação, evidentemente, mas ao nosso grande problema que temos que é o cumprirmo-nos:

Nós fomos feitos para o impossível. Deixe o possível para os Alemães. O possível, com grande magnanimidade, eu deixei para os Alemães. Nós o que temos de cumprir é o impossível!


Professor Agostinho da Silva - 1906-1994